Enquanto muitas avenidas e ruas de Vargem Grande do Sul não possuem nenhuma árvore para dar sombra e abrigar pássaros, a avenida Manoel Gomes Casaca, entre os viadutos Miguel Maaz e Nicolau Zarif, é um verdadeiro refúgio.
São mais de 150 árvores, somando os mais de 60 oitis, além de muitas árvores frutíferas, palmeiras e exemplares trazidos diretamente do Vale do Pajeú, de Pernambuco, transformando a árida avenida em um alento. Um contraste muito grande com a avenida Joaquim Antônio da Silva, do outro lado da rodovia, onde quase não há nem um arbusto para amenizar o sol e o calor deste final de inverno, que mais parece o pico do verão em Vargem Grande do Sul.
Tudo obra do empresário Aldemir de Souza que decidiu transformar em algo vivo, as margens da SP-267, em frente ao seu estabelecimento, o Restaurante Braseiro. Ele também contou com a ajuda do irmão Paulo e a colaboração dos comerciantes vizinhos, que contribuíram com a aquisição de algumas mudas.
Na próxima quinta-feira, dia 21, é celebrado o Dia da Árvore, ocasião mais que especial para destacar a dedicação de Aldemir aos espécimes que cuida com tanto carinho. Em entrevista à Gazeta de Vargem Grande, ele contou que este gosto vem desde menino, quando vivia com sua família em Triunfo (PE). “Sou criado na roça e desde criança gostava de plantar árvores frutíferas no sítio”, disse.
Há 7 anos, quando começou a construir o imóvel que hoje abriga o restaurante, na avenida Manoel Gomes Casaca, viu que a concessionária que fez a reformulação da rodovia, cortou muitas das árvores que ali estavam. Sem pensar duas vezes procurou a prefeitura na época em busca de mudas. O então diretor de Meio Ambiente, Plínio Telles, que o orientou a plantar os oitis na área da calçada.
Assim, mais de 60 pés dessa árvore permeiam os quase mil metros da calçada da altura de um viaduto até o outro. Além disso, foram plantadas mangueiras, abacateiro, jaqueira, pinha, ameixa, palmeiras ravenala, entre outras.
Ele destacou ainda as árvores nativas do nordeste, como o umbuzeiro, mulungu, pau ferro e juazeiro. Aliás, a semente deste juazeiro veio diretamente da árvore centenária do sítio da família, em Triunfo. “Foi plantado lá pelo meu avô. Ele costumava sentar por volta do meio-dia, hora quente, embaixo da sombra desse juazeiro. A gente também se acostumou”, disse.
Jardim
Em frente ao seu restaurante, Aldemir mantém um jardim que chama atenção pelas trepadeiras, especialmente a congéia, natural da ásia, e também a sapatinho de judia. Há ainda uma palmeira Catolé. “Ela dá uma amêndoa muito boa, que mata a fome do nordestino”, contou. É possível ainda encontrar palmeiras carpentárias em frente ao restaurante e ao hotel que está construindo.
Aldemir ainda mantém uma espécie de viveiro, onde cuida de mudas de algumas das espécies plantadas, pois sabe que precisa lutar contra pragas naturais e também contra o vandalismo e até motoristas imprudentes. “Tem uma árvore que já bateram nela três vezes. Quebraram, eu vou lá e planto outra”, disse o empresário, que conta com a ajuda de um funcionário para tomar conta de suas árvores. E elas são cuidadas com muita atenção. “Dou assistência, se tiver seco, a gente molha. Se precisar adubar, a gente faz. Se passa a molecada quebrando, eu brigo”, garante.
Conscientização
Sobre a arborização da cidade, ele avalia que é preciso conscientizar mais, especialmente as crianças. “Precisa falar com elas da importância de uma árvore, incentivar mais”, disse. Ele também aconselhou os vargengrandenses a plantarem mais mudas. “Onde você tem um espaço, plante uma árvore, cuide. Incentivar seu vizinho a plantar. Vale a pena. A cidade fica mais bonita, mais alegre”, disse.
Mais alegre como a paisagem em frente ao seu restaurante, onde além das árvores, das flores e das sombras, Aldemir tem o privilégio de ouvir os pássaros. “Antes não tinha nada. Agora, dá para ouvir canarinho. Tem sabiá fazendo ninho. Uma beleza”, contou.
Paineira
Ao lado do restaurante, trabalha Luís Roberto Ramos, o Luís Bicicleteiro. Do outro lado da rua, em frente à oficina, existe uma paineira. Além da beleza no mês em que floresce, a paineira é uma bela recordação. Segundo Luís, seu irmão Orivaldo Donizeti Ramos, o conhecido Cuca, plantou esta árvore há cerca de 25 anos. Pouco tempo depois, faleceu. “Ela fica muito bonita na época da florada. A gente senta aqui em frente e se lembra dele”, comentou.