Próximos à barbárie

A sociedade brasileira está perigosamente experimentando um limite que não deve ser ultrapassado nunca. As diferenças de ideologia política estão levando muita gente a encarar qualquer divergência de opinião às ultimas consequências.
O assassinato da vereadora Marielle Franco, no Rio de Janeiro, chegou a ser enaltecido por cidadãos sedentos de sangue pela posição combativa da ativista em causas sociais e defesa dos direitos humanos. Os disparos de arma de fogo contra a caravana do ex-presidente Lula foram comemorados por uma parcela da sociedade. Uma obra de ficção, a minissérie O Mecanismo, levou um monte de gente a cancelar os serviços da Netflix por discordar de sua abordagem.
A sensação é que todos estão com os nervos à flor da pele, vivendo tão intensamente os conflitos criados e recriados pelo cotidiano e explorados até a última gota pela mídia, que qualquer diferença de opinião, se torna o pretexto para uma explosão desmedida.
O campo de batalha está bem definido: a Internet e suas redes sociais, onde todo mundo acha que pode transmitir sua visão de mundo, sob a enganosa sensação de anonimato e o apoio de muitos grupos que se atraem pelas ideias das quais simpatizam e se defendem com unhas, dentes, textões e baixarias, em uma simbiose perversa.
Nesse cenário, uma simples queixa de barulho causado por rojões disparados em horários inapropriados se torna uma batalha. Um lembra que o outro apoiou fulano em tal eleição, por isso não tem direito a reclamar do barulho que impede seu filho de dormir. A lógica foi pras cucuias. O que importa é ter razão, é ganhar o embate no Facebook, é se gabar que “acabou com aquele lá”. No final, isso vale de que mesmo? Serve para qual propósito? Nenhum, a não ser o de destilar ódio, injetar rancor e semear o mal.
A discussão sobre os limites da liberdade de expressão, do mal causado pelas palavras, do sentimento de vingança que tem eclipsado os corações da humanidade é muito significativa nesta semana, a da comemoração da Páscoa. Na tradição cristã, o momento máximo de amor, quando Jesus Cristo morreu na cruz para redimir os pecados do homem. Nos dias de hoje, todo mundo ama Deus, ama seu filho Jesus, mas pouquíssimos entenderam o significado do amor pleno que nos foi oferecido. É muito mais fácil destilar o ódio do que viver no amor. Pois isso requer renúncia da vaidade, humildade para viver em comunhão e compreensão para alcançar a paz.

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