Gazeta apurou que grupo fugiu levando cerca de R$ 100 mil após explodir equipamentos
O feriado da Sexta-feira Santa, no último dia 30 de março, em Vargem Grande do Sul começou com um grande susto na cidade. Um grupo armado explodiu dois caixas eletrônicos do banco Santander, na Praça Capitão João Pinto Fontão, intimidou moradores que passavam pelo local, tentaram explodir o caixa eletrônico do Bradesco e do Itaú, fizeram disparos de arma de fogo e fugiram levando cerca de R$ 100 mil. O caso é investigado pela Polícia Civil de Vargem.
O crime foi registrado como furto qualificado, de acordo com o Boletim de Ocorrência registrado na Delegacia da Polícia Civil da cidade. Conforme consta no documento, foram localizados pelos locais dos crimes uma ferramenta conhecida como chibanca na agência do Itaú e um cartucho deflagrado de uma espingarda calibre 12. Posteriormente, foi localizado parte de uma câmera de segurança instalada próximo ao Itaú, com a suspeita de que tenha sido alvejada por tiros.
Segundo o relatado no BO, era por volta das 3h25 da madrugada, quando moradores ouviram som de tiros e o barulho de forte explosão. Inclusive o Plantão da Delegacia ouviu a explosão. Após contato com a Polícia Militar, foi confirmado que estavam ocorrendo furtos nas agências bancárias do Centro.
A Polícia Militar rapidamente foi até o local, assim como a equipe de plantão da Polícia Civil.
Ação
Segundo o informado pelo delegado Antônio Carlos Pereira Júnior, a Polícia Científica foi acionada para periciar o local. Na segunda-feira, dia 2, foi instaurado o inquérito policial sobre o caso e foram requisitadas as imagens. Numa análise preliminar, o delegado observou que a ação teve início pelo Santander, onde houve a explosão de dois caixas eletrônicos, enquanto parte do grupo se dirigiu ao Bradesco, onde tentaram com a ferramenta abrir a saída de cédulas para colocar o explosivo.
De acordo com o delegado, pelas imagens foi possível verificar que os criminosos fizeram inúmeras tentativas, mas não conseguiram inserir a dinamite. Em seguida, foram ao Itaú e com a chibanca passaram a tentar danificar o caixa eletrônico para inserir o explosivo. Porém, o delegado informou que a agência possui um sistema de monitoramento que ao perceber atitudes suspeitas nos caixas eletrônicos depois das 22h, aciona um sistema de alarmes e fumaça, que impediu que os bandidos continuassem a tentativa.
Logo após, foi verificado que os três indivíduos que estavam furtando o Santander desceram a pé até o Itaú, onde se encontraram com os outros três criminosos. Em seguida, os seis participantes, todos encapuzados, um deles armado com uma espingarda calibre 12 e outro com o que parecia ser um fuzil, entraram em um Ford Ka sedan branco. Em dado momento, foi efetuado pelo menos um disparo com a espingarda. Antes de fugirem, eles jogaram uma dinamite com o pavio acesso na rua, próximo ao Magazine Luiza, causando a segunda explosão.
Segundo o delegado, foi possível verificar a participação de ao menos seis pessoas. No entanto, não descarta a hipótese de haver mais envolvidos. A Polícia Civil continua em busca de mais imagens de sistemas de segurança que possam auxiliar nas investigações.
Além do cartucho e da ferramenta apreendidos, na agência do Santander, também foi encontrado manchas de sangue. A suspeita é que algum dos criminosos tenha se ferido durante a ação. Segundo a Polícia Civil, esta prova pode ajudar durante a apuração dos fatos
Carro
Na quarta-feira, dia 4, a Polícia Civil de Vargem tomou conhecimento que a Guarda Civil Municipal de Aguaí encontrou um veículo abandonado na zona rural daquele município. Em contato com a Delegacia de Aguaí, foi constatado se tratar de um Ford Ka Branco, sem placas. Foi apurado então, que o veículo foi produto de roubo em Campinas no dia 13 de dezembro de 2017. De acordo com o delegado, foi requisitada perícia no carro para buscar indícios que possam auxiliar nas investigações.
Susto
De acordo com o comandante da PM de Vargem, sargento Marcos Lasmar, grupos de criminosos que visam caixas eletrônicos buscam as agências no início de feriados prolongados como este, da Semana Santa, uma vez que os bancos costumam abastecer seus equipamentos com dinheiro no dia anterior ao feriado. Ele informou que logo após o crime em Vargem, foram acionadas equipes de apoio de outras cidades, que diligenciaram em busca de suspeitos.
Uma moradora de um prédio próximo ao Santander e que pediu para não se identificar contou à reportagem que a explosão foi muito forte. Ela comentou que acordou assustada e que ao perceber que se tratava de uma ação criminosa, esperou um pouco até sair para a sacada do prédio onde vive. Ela relatou ainda que chegou a ver o momento que ao menos cinco homens encapuzados, com armas grandes, jogaram um explosivo na calçada do Itaú e depois fugiram.
Um homem contou à reportagem que mora perto da Praça da Bíblia e que também escutou as duas explosões. A poucos metros dos bancos, um grupo de fiéis que participava da Vigília Pascal foi intimidado pelos criminosos.
Armado
“Eu estava passando pelo Centro antes da ação dos bandidos e fui abordado por um deles com fuzil”, relatou um morador à Gazeta. Ele, que preferiu não ter seu nome divulgado, explicou que havia acabado de deixar a namorada e ao seguir para sua casa, foi parado pelos criminosos. “Parei meu carro e ele pediu para apagar as luzes e descer. Ele mandou ficar no canto ali no bar da esquina e disse pra ficar tranquilo porque não era nada comigo”, prosseguiu.
O morador disse que em seguida, o criminoso seguiu pela rua, para abordar um outro veículo que se aproximava, quando houve a primeira explosão. “Com isso, eu olhei e percebi que ele estava do outro lado de uma van. Nisso, eu sai correndo e fugi, dando a volta de quarteirão”, comentou.
Segundo ele, o criminoso aparentava estar bem preparado. “Chegou abordando o carro igual policiais, armados mesmo, falando calmo, sem pressa e sem apavorar”, comentou. “No primeiro momento, nem acreditei. Achei que era essa molecada que fica pra rua, com alguma arma de airsoft”, disse. “Mas quando ele chegou mais perto, vi que era de verdade o fuzil. Ele começou a mandar eu fazer as coisas, se não, iria atirar. Aí já vi que era sério”, afirmou.
O morador relatou que o suspeito que se aproximou dele vestia calças compridas, camiseta de manga longa e capuz, não permitindo o registro de nenhum detalhe. “Foi bem fora da realidade que vivemos aqui em Vargem”, disse.
Outros casos em Vargem Grande do Sul
No dia 3 de abril de 2015, criminosos explodiram o caixa eletrônico da Caixa Econômica Federal, que ficava ao lado do setor de telefonia da prefeitura, logo abaixo da Câmara. Logo após, um rapaz deu entrada no Hospital de Caridade com ferimentos provavelmente causados pela explosão. Fábio César Pereira dos Santos, de 26 anos, natural de Espinosa (MG), não resistiu aos ferimentos e morreu. Pouco tempo depois, a PM localizou um dos carros usados pelo grupo durante o crime, um Sandero preto. Ele estava abandonado na estrada que liga Vargem Grande do Sul a Itobi. Dentro do veículo, foram encontrados capuzes, uma mochila, além de um nobreak. A hipótese era que após a explosão, no meio da fumaça e da poeira, os bandidos possam ter confundido o nobreak com a gaveta que guarda o dinheiro dentro do caixa eletrônico. Duas horas antes da explosão na prefeitura de Vargem, houve um crime semelhante em São José do Rio Pardo.
Dois anos antes, no dia 19 de março de 2013, criminosos explodiram um dos caixas eletrônicos do Banco do Brasil da Praça Capitão João Pinto Fontão. Os bandidos fugiram com dinheiro, em um Fox prata, deixando uma banana de dinamite intacta para trás.
Uma equipe do Gate de São Paulo veio para a cidade e detonou o explosivo deixado, após enterrá-lo em um dos canteiros da praça. Na mesma madrugada, houve outro arrombamento ocorrido em Santa Cruz das Palmeiras e o incêndio de um ônibus no Jardim Santa Marta, em Vargem.
Na sexta-feira, três cidades mineiras registraram explosões
Quadrilhas explodiram e roubaram seis bancos durante a madrugada desta sexta-feira, dia 6. Em Areado (MG), os criminosos explodiram três agências e furtaram uma joalheria. Pouco depois, um banco em Cabo Verde (MG) foi explodido e, em Jacuí (MG), duas agências e uma casa lotérica foram alvos dos criminosos.
Em Areado, de acordo com a Polícia Militar, os crimes aconteceram por volta de meia-noite. Ainda havia pessoas em um bar próximo ao banco, quando os assaltantes desceram de três caminhonetes atirando. Segundo testemunhas, eram pelo menos 15 criminosos fortemente armados.
A primeira agência a ser explodida foi a do Bradesco. O local ficou completamente destruído. De lá, os assaltantes seguiram para o banco Sicoob e para o Banco do Brasil e também explodiram as duas agências.
Vidros de várias lojas ao redor das agências ficaram destruídos. Além das explosões, os criminosos roubaram uma joalheria.
Cerca de 40 minutos após os crimes de Areado, a explosão foi em uma agência do Banco do Brasil em Cabo Verde. Os assaltantes chegaram à cidade e atiraram várias vezes para o alto. Ninguém se feriu.
Pela proximidade de horário dos crimes, a polícia suspeita que a mesma quadrilha tenha agido nas duas cidades. Segundo a polícia, os criminosos fugiram sentido zona rural e foram vistos no canavial da usina Monte Alegre, em Muzambinho (MG).
Em Jacuí, os crimes aconteceram por volta das 4h30. Os criminosos não usaram explosivos, mas arrombaram os cofres do Banco do Brasil e do Sicoob. Além das agências, uma casa lotérica foi roubada. (Fonte: G1)