Ação foi realizada no dia 18 de maio, Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes
Membros do Conselho Tutelar e do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) realizaram mobilização contra o abuso e a exploração sexual infantil durante a semana.
No último domingo, dia 13, o Conselho Tutelar realizou campanha de conscientização com distribuição de panfletos e orientação na feira livre, no período da manhã. Já na sexta-feira, dia 18, em conjunto com a equipe do CREAS do Departamento de Ação Social, a mobilização foi realizada na Praça Capitão João Pinto Fontão, dando a continuidade à campanha com a sensibilização da população sobre a necessidade de combater a exploração sexual infantojuvenil e denunciar esses crimes.
De acordo com os organizadores, toda população deve estar em alerta e denunciar esses crimes pelos telefones 100 ou no Conselho Tutelar pelo (19) 3641-2347 ou (19) 97152-5795.
O “Disque Direitos Humanos – ligue 100” é o número da Secretaria de Direitos Humanos que recebe denúncias de forma rápida e anônima e encaminha o assunto aos órgãos competentes. A ligação é gratuita, anônima, e o atendimento é constante, funciona todos os dias da semana a qualquer hora.
O Conselho Tutelar é órgão público que zela pelo cumprimento dos direitos das crianças e dos adolescentes. O CREAS oferece o atendimento direto e especializado a crianças e adolescentes vítimas de violência sexual e seus familiares.
Histórico
Com apenas oito anos de idade, Araceli Cabrera Sanches foi sequestrada em 18 de maio de 1973. Ela foi drogada, espancada, estuprada e morta por membros de uma tradicional família do Espírito Santo. O caso foi tomando espaço na mídia. Mesmo com o trágico aparecimento de seu corpo, desfigurado por ácido, em uma movimentada rua da cidade de Vitória (ES), poucos foram capazes de denunciar o acontecido. O silêncio da sociedade capixaba acabaria por decretar a impunidade dos criminosos.
Os acusados, Paulo Helal e Dante de Brito Michelini, eram conhecidos na cidade pelas festas que promoviam em seus apartamentos e em um lugar, na praia de Canto, chamado Jardim dos Anjos. Também era conhecida a atração que nutriam por drogar e violentar meninas durante as festas. Paulo e Dantinho, como eram mais conhecidos, lideravam um grupo de viciados que costumava percorrer os colégios da cidade em busca de novas vítimas.
A capital do estado era uma cidade marcada pela impunidade e pela corrupção. Ao contrário do que se esperava, a família da menina silenciou diante do crime. Sua mãe foi acusada de fornecer a droga para pessoas influentes da região, inclusive para os próprios assassinos. Apesar da cobertura da imprensa e do especial empenho de alguns jornalistas, o caso ficou impune. Araceli só foi sepultada três anos depois. Sua morte ainda causa indignação e revolta.
Mobilização
O dia 18 de maio foi instituído em 1998, quando cerca de 80 entidades públicas e privadas, reuniram-se na Bahia para o 1º Encontro do Ecpat no Brasil. O evento foi organizado pelo Centro de Defesa de Crianças e Adolescentes (CEDECA/BA), representante oficial do Ecpat, organização internacional que luta pelo fim da exploração sexual e comercial de crianças, pornografia e tráfico para fins sexuais, surgida na Tailândia. O encontro reuniu entidades de todo o país. Foi nessa oportunidade que surgiu a ideia de criação de um Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual Infanto-Juvenil.
De autoria da então deputada federal Rita Camata (PMDB/ES), o projeto foi sancionado em maio de 2000. Desde então, a sociedade civil em Defesa dos Direitos das Crianças e Adolescentes promovem atividades em todo o país para conscientizar a sociedade e as autoridades sobre a gravidade da violência sexual.
O Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes vem manter viva a memória nacional, reafirmando a responsabilidade da sociedade brasileira em garantir os direitos de todas as suas Aracelis.