Prefeito decretou estado de emergência pública; cidade corre o risco de ficar sem água a partir do dia 30, uma vez que poderá faltar produtos químicos para o tratamento
A paralisação nacional dos caminhoneiros, iniciada na segunda-feira, chegou também a Vargem Grande do Sul. Na quarta-feira, começaram as filas para abastecimento nos postos de combustíveis da cidade. Muitos motoristas com medo do desabastecimento correram aos postos para encher os tanques. Na sexta-feira, as distribuidoras de gás de Vargem já estavam sem botijões.
A paralisação afetou também outros setores. Na construção civil, já não havia mais cimento em alguns pontos de venda. Algumas construtoras também não conseguiam encomendar concreto para dar continuidade às obras.
Nos supermercados, apesar do atraso da entrega de alguns produtos, a situação continuava normal. No entanto, o receio era que se a manifestação prosseguisse, a partir desta semana, alguns produtos poderiam começar a faltar.
No final da tarde da sexta-feira, dia 25, a prefeitura decretou estado de emergência pública por 10 dias, podendo ser prorrogado por iguais e sucessivos períodos, ou até a normalização do abastecimento de combustíveis.
Pelo decreto nº 4.564 assinado pelo prefeito Amarildo Duzi Moraes (PSDB), todas as empresas que comercializem combustíveis no município, devem assegurar prioridade para atendimento dos serviços públicos essenciais. Durante o período, a prefeitura poderá inclusive fazer a aquisição de bens e serviços sem licitação, de forma direta.
Prefeitura
O Executivo informou que foram tomadas medidas em caráter emergencial para manter os serviços essenciais como transporte da Saúde, transporte da Educação, circulação dos caminhões de lixo entre outros. Para isso, a prefeitura solicitou a quatro proprietários de postos de gasolina que mantivessem uma reserva mínima de combustível para atender essas demandas.
“Por enquanto, o que nos causa maior preocupação é o caso dos produtos químicos utilizados no tratamento de água da cidade, em especial o cloro gás, cujo o estoque atende as necessidades no máximo até quarta-feira, dia 30. Nesse sentido, solicitamos a população que economize água, caso contrário a partir de quinta-feira não teremos mais como tratar a água”, ressaltou a prefeitura.
Receio
O motorista vargengrandense Fernando Expósito, de 50 anos, está parado no pátio do Ceasa, em Belém (PA) desde segunda-feira. “Eu preferi ficar parado aqui no Ceasa do que colocar minha vida em risco. Não tem condições de sair por aqui, está tudo parado e estamos esperando liberar. Enquanto isso, comemos por aqui mesmo e dormimos em nossos caminhões, não temos o que fazer”, relatou Fernando.
Manifestantes
Na quinta-feira, a Gazeta conversou com alguns dos manifestantes parados na SP-215, próximo ao trevo de entrada do Jardim Santa Marta. O caminhoneiro Hamilton Franco, de 50 anos, é morador de Poços de Caldas (MG). Ele contou que estava vindo de Altinópolis (SP). “Um caminho que eu faço em três horas, já está durando três dias. Ontem, fiquei parado em Mococa por 12 horas, e aqui estou parado desde as 6h. Os manifestantes entram na frente dos caminhões e mandaram nós encostarmos ao acostamento. Como não sabemos se no lugar está pacífico ou não, encostamos”, relatou Hamilton.
O movimento seguiu na sexta-feira, mesmo após uma reunião entre o governo federal e dirigentes nacionais da categoria. Em Vargem, os manifestantes estão parando a circulação de caminhões pela manhã e liberando o trânsito destes veículos no final da tarde. Eles comentaram que não aceitam o acordo inicialmente proposto pela presidência e que manterão a paralisação.
Apoio
José Vítor Vilas Boas, motorista aposentado, comentou à Gazeta que exerceu a profissão por 20 anos e que ontem fez questão de apoiar a mobilização que ocorreu em Vargem. A população também tem se mostrado solidária aos caminhoneiros.