O empresário Lúcio Bolonha Funaro, acusado de ser operador do MDB, afirmou à Justiça na quinta-feira, dia 30, que pagou propina de “pelo menos R$ 20 milhões” em dinheiro vivo ao ex-ministro Geddel Vieira Lima por contratos na Caixa Econômica Federal (CEF). As entregas, segundo ele, aconteceram entre 2012 e 2015. As informações são do UOL Notícias.
Funaro voltou a acusar o ex-deputado Eduardo Cunha (MDB) de repassar parte da propina para o presidente Michel Temer, o ex-ministro Henrique Eduardo Alves e demais membros da bancada do MDB “sob comando de Cunha”. Ele prestou depoimento por videoconferência no 2º andar do fórum da Justiça Federal em São Paulo no processo que investiga a apreensão de R$ 51 milhões escondidos em malas em um apartamento de Geddel, em Salvador.
Durante depoimento ao juiz instrutor do Supremo Tribunal Federal (STF) Paulo Marcos de Farias, Funaro explicou que foi apresentado por Cunha a Geddel, que exercia a vice-presidência de Pessoa Jurídica da Caixa Federal, para facilitar as transações. Após firmarem os contratos entre o banco e empresas, a propina seria dividida em duas partes: 50% ou 60% ia para Geddel e o restante para Funaro e Cunha.
Segundo Funaro, as entregas a Geddel aconteceram por diversas vezes em hotéis de São Paulo e Salvador, em um hangar em Salvador e em seu escritório na capital paulista. Ressaltou ainda que as movimentações eram tão volumosas que não sabe dizer quanto foi pago em transações ilícitas.
Ainda no depoimento, Funaro disse que todos os pagamentos de propina giravam entre 2,2% e 2,8% do valor total de cada contrato. Os pagamentos eram feitos a partir da sua conta. Em maio deste ano, o STF aceitou denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República) e abriu ação penal contra Geddel e seu irmão, o deputado federal Lúcio Vieira Lima (MDB-BA), pelos crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa em relação aos R$ 51 milhões achados no apartamento.