Escrita de maneira formal, a entrevista dada pelo promotor de Justiça da Comarca, Leonardo Meizikas ao jornal Gazeta de Vargem Grande e publicada na edição do dia 22 de dezembro, traz em seu texto a complicada situação que vive o ex-prefeito Celso Itaroti Cancelier Cerva no ajuste de contas que tem que prestar à Justiça.
Ainda tido por alguns de seus principais admiradores e aliados como um bom prefeito, que nada fez de errado contra os cofres municipais, pois a ele nada aconteceu depois que deixou o cargo, para o leitor mais atento e que entendeu um pouco dos termos técnicos usados pelo promotor, a situação do ex-prefeito é de extrema gravidade devido as denúncias feitas e o que está sendo apurado pelos órgãos judiciários.
O delegado de Polícia Celso Itaroti já não é mais um investigado ou denunciado em vários inquéritos que foram abertos pelo Ministério Público, ele hoje é réu em cinco ações civis públicas e duas ações penais. Ele está tendo de provar na Justiça que não cometeu os crimes que lhe são imputados. Deixou-se de ser suspeito.
As ações civis procuram nas palavras do promotor, o ressarcimento, ou seja, a devolução do dinheiro que foi tirado dos cofres públicos, uma vez o réu condenado. É disso que o ex-prefeito está se defendendo. Se condenado, vai ter que devolver alguns milhões para os cofres da prefeitura municipal. Ele e os diretores que também respondem às ações.
Também dentre as outras sanções impostas, se houver condenação, está a suspensão dos direitos políticos, ou seja, se for condenado, no mínimo durante oito anos o ex-prefeito Celso Itaroti não vai poder ser candidato a cargo eletivo algum. Existe também a proibição de contratar com o poder público e havendo a condenação, questiona-se como ficará o cargo de delegado que hoje ocupa. Esta é a gravidade da situação do ex-prefeito, a dimensão dos seus problemas. Sem falar na multa em até o dobro do prejuízo que causou à prefeitura municipal. São muitos milhões de reais envolvidos.
“Preocupação com o risco de dilapidação do patrimônio ilicitamente acumulado por meio dos contratos investigados”. Traduzindo em português mais acessível, a Promotoria Pública quer saber onde foi parar o dinheiro tirado dos cofres municipais através dos contratos feitos com as empresas cujas acusações, falam em superfaturamento.
O dinheiro cobrado a mais pelos serviços e pelas obras feitas na administração passada, foram parar em algumas mãos, em alguns bolsos, os ditos laranjas, com a finalidade do dinheiro não aparecer. São pessoas de confiança ligadas aos réus, que com o dinheiro compram casas, terrenos, apartamentos, sítios, em seus nomes, mas que pertencem de fato a quem ocupou o cargo público e está sendo investigado. Na verdade pertencem a todos os vargengrandenses.
Assim, nas palavras do promotor: “Vários são os instrumentos usados pelos investigados para livrarem-se da persecução, constituindo o expediente mais comum a lavagem de dinheiro por meio de pessoas interpostas, ou seja, a aquisição e transferência de bens para o nome de “laranjas”, no mais das vezes amigos, parentes e cônjuges”.
O ex-prefeito Celso Itaroti pode ir para a cadeia, se for condenado nas ações penais, cujas penas máximas chegam a 19 anos de prisão, pois ele é acusado de prática dos crimes de associação criminosa (formação de quadrilha), fraude em licitação e apropriação de verbas públicas.
Finalizando, os danos que uma má administração causa ao município deixam sequelas que se estendem ao longo dos anos, prejudicando acima de tudo, os que mais precisam dos cuidados do poder público, dos pobres e desamparados, dos que precisam de saúde, de uma boa educação, de segurança.
Ou, nas palavras do promotor Leonardo Meizikas, “Importante é salientar que os danos gerados pela administração do ex-prefeito Celso Itaroti serão sentidos por diversas gerações e gestões municipais, porquanto, o Ministério Público não tem poupado esforços para que todas as referidas ações sejam julgadas precedentes”.