Em agosto de 2018, a prefeitura firmou convênio com o Hospital de Caridade para a realização de mais de 500 cirurgias eletivas, que são consideradas não urgentes, para pacientes que há anos estavam aguardando os procedimentos. Realizado o mutirão, nova fila começa a se formar, conforme informou a prefeitura em março, atendendo a um requerimento do vereador Alex Mineli (PRB).
Na resposta, o prefeito Amarildo Duzi Moraes (PSDB) relatou que de agosto de 2018 até fevereiro de 2019 foram realizadas 120 cirurgias, sendo a maioria delas de colecistectomia (retirada da vesícula), histerectomia subtotal e herniorrafia umbilical.
O prefeito também comentou que a prefeitura fez três pagamentos referentes a realização das cirurgias eletivas ao Hospital de Caridade, sendo R$ 4.891 mil referente ao mês de agosto, R$ 22.795 mil ao mês de setembro e R$ 20.900 mil ao mês de outubro.
Segundo a resposta ao requerimento, o convênio com o hospital previa a realização de até 511 cirurgias eletivas, onde foram realizadas 122 cirurgias. Do total, 190 cirurgias não foram realizadas, pois os pacientes ou não foram encontrados, não tiveram interesse em fazer a cirurgia, mudaram de cidade, não foram localizados por telefone ou não puderam fazer a cirurgia por razões diversas. Além disso, 86 pacientes estão aguardando para realizar a avaliação médico e cirúrgica, 40 pacientes já foram avaliados e estão na lista para a realização do procedimento cirúrgico, 52 encaminhamentos foram devolvidos por motivos diversos, entre eles, ausência de necessidade de cirurgia, obesidade, doenças de base como hipertensão ou diabetes, por exemplo, e 21 encaminhamentos foram devolvidos por não comparecimento.
O prefeito ainda disse que entrou em contato com o provedor do hospital, Wagner Vilela Cipolla, e que na ocasião relatou a decepção diante os procedimentos em algumas especialidades médicas e que o mesmo informou que apesar de alguns médicos terem se comprometido na realização dos procedimentos cirúrgicos, na prática isso não ocorreu. Segundo o prefeito, o provedor ainda informou que realizaria uma reunião com os médicos para análise dos fatos descritos e que após isso, se reuniria com o chefe do Executivo para que a continuidade do convênio com o Hospital de Caridade fosse analisada.
Avaliação
Para o vereador Alex Mineli, autor do requerimento, o resultado do mutirão feito não foi positivo. “É decepcionante analisar os resultados do convênio firmado entre a prefeitura municipal e o Hospital de Caridade local visando a realização das cirurgias eletivas aos pacientes de nossa cidade. Apesar do reconhecido esforço do Executivo e dos vereadores no que diz respeito às tratativas para firmar o respectivo convênio e aprovação da Lei que o regulamentou, o mesmo esforço não foi possível verificar em algumas especialidades médicas responsáveis em executar de fato parte das cirurgias contratadas”, avaliou.
“Do total de 511 cirurgias previstas inicialmente, apenas 122 haviam de fato sido realizadas durante mais de 6 meses de vigência do convênio, ou seja, um número baixíssimo que representa menos de um quarto da demanda inicial”.
Nova fila já conta com quase 200 pessoas
A prefeitura ainda informou que a nova lista de espera para cirurgia eletiva referente a esse período totalizava 189 cirurgias das diversas áreas, principalmente de colecistectomia (51 casos) e histerectomia (35 pacientes).
Para Alex, o problema se agrava “ao passo que nova fila de espera pelos procedimentos vai surgindo, inflando o número de munícipes adoentados em espera, gerando ainda mais incerteza quanto a data em que realizarão em definitivo sua cirurgia”, disse.
De acordo com o vereador, nos próximos dias será enviado um ofício ao Executivo questionando as providências adotadas para resolver o problema, uma vez que o prefeito Amarildo havia informado a previsão de se reunir com a diretoria do Hospital para tratar do assunto. “Talvez será a chance do prefeito conscientizar os responsáveis pelo hospital e pelas cirurgias sobre a importância desses serviços para a população, assim como relembrar a função social e humanitária tanto do convênio firmado quanto do próprio hospital local, o qual, inclusive, recebe importante repasse de subvenção dos cofres municipais, na cifra de R$ 1,1 milhão anual. Sabemos que essa quantia representa pequena parcela das despesas do Hospital, mas não podemos esquecer também que cada centavo saiu do bolso do contribuinte, talvez do mesmo que agora aguarda a realização do procedimento cirúrgico estabelecido no respectivo convênio”, ponderou Alex.
“De qualquer forma, caberá ao prefeito a decisão sobre continuar ou não com o convênio, devendo prevalecer em tal decisão a necessidade urgente de agilizar a realização das cirurgias, buscando atender essa necessidade de nossa população. Estamos acompanhando de perto o assunto e aguardaremos as respostas aos questionamentos, sempre visando dar uma solução definitiva aos problemas locais”, disse.
Prefeitura
A Gazeta de Vargem Grande também procurou a prefeitura, solicitando informações sobre o caso conforme pauta do dia 10 de abril, mas até a última quinta-feira, não recebeu nenhuma resposta do Executivo.