No início de junho, o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) divulgou os dados do Atlas da Violência 2019, feito em parceria com o Fórum Brasileiro da Segurança Pública, que se trata de um levantamento sobre crimes violentos no Brasil, baseado em dados colhidos em 2017.
Os dados são alarmantes e mostram que o Brasil é um país extremamente violento especialmente para mulheres, negros, população LGBT e pobres. Os números apontam que 13 mulheres são mortas todos os dias no Brasil. Ao todo, em 2017, foram registrados 4.936 assassinatos de mulheres. O maior número dos últimos 10 anos. Além disso, de acordo com o Atlas, a maior parte das vítimas é negra, é morta por armas de fogo e, em boa parte dos casos (40%), dentro de casa.
Chama a atenção também o número de homicídios: foram 65.602 em todo Brasil, em 2017. Sendo a maioria de jovens homens em episódios de violência urbana e muitos casos envolvendo briga entre criminosos.
Voltando à questão das mulheres, o levantamento apontou que aumentou em 20,7% a taxa nacional de homicídios femininos entre 2007 e 2017. Entre as mulheres negras, esse aumento foi de 60%. A maioria dos crimes de feminicídio foi registrada em estados do Norte e Nordeste.
Mas a sombra da violência contra a mulher também pode ser vista em Vargem Grande do Sul. Nas últimas semanas, chocou o país o caso do homem que arrastou a namorada por quase 50 metros em frente do Hospital de Caridade e só parou após bater no portão da Sociedade Humanitária. Ele responde por tentativa de feminicídio e ela se recupera de uma cirurgia que fez no fêmur quebrado após a agressão. Há alguns dias também houve uma outra tentativa de feminicídio na cidade, com um homem esfaqueando uma mulher no peito, no Jardim Santa Marta. Ele foi preso e ela não corre risco.
Além das tentativas de feminicídio, outros dois homicídios também ocorridos em um intervalo curto, um na Cohab 5 e outro no Jardim Ferri – ambos já esclarecidos e com os autores presos, além da tentativa de assassinato registrado nesta semana no Jardim Fortaleza, aumentaram a sensação de que Vargem Grande do Sul está cada vez mais violenta.
No entanto, as estatísticas da Polícia Militar apresentadas recentemente em audiência pública, demonstram que apesar destes casos, o município é uma cidade relativamente tranquila, com uma polícia civil e militar incansáveis e órgãos relacionados à segurança pública bastante atuantes.
Claramente, a cidade não é mais a mesma de duas décadas atrás. São aproximadamente 40 mil habitantes, uma frota alta de veículos, uma população flutuante alta. O desemprego que atinge todo o País também traz seus reflexos no município, com o aumento da criminalidade e da demanda cada vez maior por políticas públicas sociais, de educação e saúde. Mas ainda assim, Vargem é uma cidade onde ainda os moradores conhecem seus vizinhos, cuidam uns dos outros e onde a solidariedade é maior que a sensação de insegurança.