Andar a cavalo sempre foi uma diversão para Lívia Helena da Costa, 13 anos. Ela começou a montar ainda bem pequenininha e se apaixonou. Logo, começou a perceber que tinha jeito para levar essa diversão a um outro nível e aos nove anos participou de sua primeira prova dos três tambores. Atualmente, soma títulos importantes e luta com aquilo que muitos atletas do Brasil convivem, que é a busca constante por patrocínio e apoio. Isso sem descuidar da escola.
Andar a cavalo sempre foi comum na vida de Lívia, que desfilava na Romaria dos Cavaleiros de Sant’Ana junto com a família, na comitiva que organizavam. Quando resolveu competir, ela comentou à Gazeta que no começo até tinha um pouco de receio, porque viu uma amiga cair.
Até que um amigo que já treinava a chamou para começar a praticar em um rancho.
Seu primeiro treinador foi Tupanzinho e a primeira vez que entrou em uma arena para percorrer os três tambores foi numa Eapic. “Estava muito nervosa. Mas acho que minha mãe estava mais ainda. Ela chorou o tempo todo”, contou. No primeiro dia da competição, com uma égua emprestada, derrubou um tambor. No segundo, mais um tambor no chão e no terceiro, novamente derrubou um tambor.
Com um resultado adverso, tirou uma lição importante. “Aprendi que tinha que treinar mais”. Aí, decidiu pegar firme “Queria ganhar”, comentou à Gazeta. Na prova seguinte, em São Sebastião do Paraíso, foi campeã na categoria mirim. Os anos seguintes foram de muito treino e dedicação. Os resultados começaram a aparecer e os títulos também.
Já acumulou 28 primeiros lugares. É tetracampeã em Muzambinho, já se destacou na etapa de Barretos, vencendo duas vezes na categoria principiante. Em 2017, venceu a Copa Arena Rodeio Três Tambores, organizada pelo locutor vargengrandense Bruno Ribeiro. Este ano venceu em São José do Rio Pardo. Na Festa da Batata 2018, em Vargem Grande do Sul, foi vice na categoria adulto.
No último final de semana, esteve em Morungaba, participando de uma prova bastante acirrada, disputando com competidoras de várias regiões, todas de alto nível. Sílvia, mãe de Lívia, que acompanhou a entrevista, contou que a amazona fez um bom tempo no primeiro dia, mas no segundo seu tempo não foi tão bom assim, recuperando no domingo. Entre mais de 60 competidoras de todo o Brasil, ficou entre as 15 melhores.
No último final de semana, disputou a prova na Eapic, ficou como sexta classificada entre as 10 primeiras. Neste sábado, dia 13, vai competir na Expoagro, em Guaxupé (MG).
Desafios
Mesmo com tantos bons resultados, Lívia luta para buscar patrocínio e apoio para continuar levando o nome de Vargem nas competições. Os custos deste esporte são altos. Aluguel de baia, viagem para as provas, pedágio, combustível, hospedagem. Fora os valores das inscrições, do gasto com ração, vitaminas para o cavalo, etc. Atualmente, ela conta com dois patrocínios de empresas de renome no meio country por conta de seu desempenho nas provas. Uma de uma marca de roupas e acessórios e outra para seu cavalo.
O cavalo, aliás, é um competidor também. Ela começou a treinar e disputar as provas com o cavalo chamado Raio Bobcat e depois de dois anos passou a competir com seu atual Deedun’it, com ela há dois anos. A rotina é puxada. De segunda e quarta pratica com o treinador Bruno Fuh, de São Sebastião da Grama. Nas terças, quintas e sextas-feiras, aprimora o condicionamento físico do cavalo com trotes e galopes. Agora que os eventos acontecem praticante todas as semanas, é preciso alternar os treinamentos com o descanso para o animal.
“Na hora da prova, não penso em nada. Só em ser rápida. Todo mundo fala que eu sou focada, mas eu praticamente não vejo nada. Só percebo as coisas depois que terminou e estou descendo do cavalo. A gente treina e na hora é outra coisa”, comentou. Para dar conta de tudo, conta com o apoio dos pais Sílvia e Paulo Sérgio da Costa e da irmã Letícia.
Ela concilia treino, competições e viagens com as aulas do oitavo ano da escola D. Pedro II e um curso de teatro em São João. “Não é fácil conciliar. Foi mais difícil quando eu troquei de escola, começar na escola nova”, comentou, mas segundo contou, tudo está dando certo. “Teve a vez que a gente foi, competiu a noite, voltei para Vargem, fiz uma prova na escola e voltei para competir novamente. Mas valeu a pena”, recordou, dizendo que foi campeã da prova e foi bem na escola.
Para quem sonha em começar a competir, Lívia aconselha a ser persistente. “Não é fácil, mas não pode desistir”, afirmou.
Silvia observou que muitas começam, mas que o custo acaba levando muitas a desistir. Ter um cavalo é um custo alto, manter a cocheira, treinador, o cavalo. Além disso é muito importante construir um vínculo forte com o animal, que forma um conjunto com o competidor.
Amazonas de Vargem
No Rancho Nossa Senhora Aparecida, além de Lívia, também treinam as vargengrandenses Maria Vitória Milanez, Maria Piconi, Isabel Cortez e Isadora Piconi. Nesta semana, todas vão representar a cidade e competir na Eapic. Fotos: Arquivo Pessoal