Evento mostrou desenvolvimento da batata BRS F63 (Camila)

A cultivar de batata BRS F63 (Camila) apresentada aos produtores rurais de Vargem Grande do Sul e região em 2018 continua animando os agricultores. Nesta última terça-feira, dia 30, foi realizado um Dia de Campo para mostrar o desenvolvimento da batata na fazenda Lagoa dos Patos, propriedade de José Rosseto e seu filho, Daniel Rosseto, em Vargem Grande do Sul.

O evento, que contou com mais de 30 participantes, foi coordenado pelo analista e pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Antônio César Bortoletto, que desenvolveu a semente pelo Programa de Melhoramento Genético de Batata da Embrapa.

Participaram do Dia de Campo agricultores de Vargem Grande do Sul e de cidades como Itapetininga (SP), Ibiraiaras (RS), Guarapuava (PR), Canoinhas (SC), Andradas (MG), Divinolândia (Bairro Campestrinho) e representantes do Ceasa de Campinas (SP), que além de ouvirem sobre o desenvolvimento da batata, também fizeram relatos sobre suas experiências com a BRS F63 (Camila). A plantação que foi demonstrada aos participantes estava em seu 70º dia após o plantio.

Antônio explicou que a batata BRS F63 (Camila) tem um romaneio especial, sendo muito produtiva e engrossando rápido os tubérculos. Ela é uma batata de dormência média e precisa ir durante um período para a câmara fria. Caso isso não seja feito, o produtor não terá um bom resultado. Devido a sua resistência ao vírus Y, a renovação de sementes deste cultivo dá para tirar uma safra a mais do que o de costume em outras variedades. E, segundo o especialista, o pós-colheita dela é muito bom, afirmando que a BRS F63 (Camila) aguenta muito mais tempo que a batata Ágata, sendo bastante resistente durante o transporte.

À Gazeta de Vargem Grande, o pesquisador da Embrapa Antônio disse que está percebendo um grande aumento da procura dela pelos produtores e explicou o diferencial da espécie. “O grande diferencial dela, que eu costumo dizer, é que ela com muita rapidez e muita precocidade, produz tubérculos de tamanhos comerciais até antes do que as outras e em uma quantidade maior. Então ela pode ser mais produtiva e dá uma maior quantidade de tubérculos de valor comercial por área, por um maior rendimento. Isso é o que tem mais destaque. Mas há muitos outros fatores que devem ser levados em consideração”, disse. Um deles é o fator da BRS F 63 (Camila) apresentar 2% a mais de matéria seca do que as demais.

O pesquisador Antônio disse que a batata traz satisfação para o produtor e para o consumidor. “Eu costumo brincar com as pessoas usando um tipo de um slogan, que é ‘satisfação para o produtor e para o consumidor’. Para o consumidor, pois todos que participaram do evento ouviram relatos de pessoas falando que o sabor dela é inconfundível, então nós dizemos que ela é boa até para pratos gourmet. Quando eu enviei os convites desse Dia de Campo para as pessoas, enviei junto um depoimento de um chef de cozinha falando da batata, os chefs estão todos encantados com esta batata, que é muito gostosa e muito saborosa”, citou.

“Para o produtor, porque ela é muito produtiva e dá um romaneio melhor, comercialmente falando, mais batata graúda que é quem paga conta. E para o consumidor, ela é muito mais saborosa, mas tem muitas coisas no meio caminho que são interessantes”, completou Antônio.

Boas expectativas

Em entrevista à Gazeta João Rigamonte Belmar, representante da BRS F63 (Camila), afirmou que o Dia de Campo foi muito bom. Ele explicou que o objetivo do evento foi apresentar o campo de sementes, como uma complementação do que foi realizado em 2018. Ele agradeceu a José e Daniel Rosseto, proprietários da Fazenda Lagoa dos Patos, onde foi feita a visitação, além dos técnicos da Embrapa e produtores participantes.

De acordo com os representantes da Sociedade Cooperativa União Agrícola Canoinhas (Agrosem) Cláudio Fujita, Regines Pereira e Douglas Morinaga, que acompanharam o Dia de Campo, os participantes se mostraram satisfeitos e empolgados com o que foi apresentado. Eles destacaram que Vargem Grande do Sul é pioneira na multiplicação da semente da BRS F63 (Camila).

Segundo informaram, em 2018 foram distribuídas 150 caixas com 30 kg de sementes aos produtores interessados. Neste ano, foram 3.751 caixas, que serão plantadas para a multiplicação de sementes e também para a destinação ao consumidor. A estimativa é o plantio de 35 hectares para o ano que vem e mais de 300 hectares para 2021. A expectativa é que em 2020, a batata BRS F63 já chegue ao consumidor.

Satisfação com o produto

Satisfação com o produto

O dono da propriedade visitada pelos agricultores, Daniel Rosseto, explicou à Gazeta como conheceu e deu início à plantação de BRS F63 (Camila). “Eu fui a um evento em Holambra no ano passado, onde eu conheci o pesquisador da Embrapa, o Antônio César. Ele me falou da variedade, me mostrou umas fotos e nós fomos a um Dia de Campo que ele realizou no ano passado. Eu gostei da pele dela, da estrutura da planta, da produtividade também, porque aparentemente ela tem uma grande capacidade de produzir bem, ela engrossa bem rápido, como notamos no campo”, comentou.

Ele ainda falou sobre suas expectativas. “Estamos apostando nela por dois motivos. O primeiro motivo é que ela aguenta bem em câmara fria, daí eu posso plantar ela esse ano como semente, guardar na câmara fria e no ano que vem eu tiro ela, e ela estará no ponto de ser plantada, não vai estar nem passada de broto e nem com pouco broto”, disse.

“O segundo, talvez o mais interessante, é a parte da culinária dela, porque ela é bem saborosa, ela é diferente, ela é apetitosa, então a gente vê que hoje algumas variedades que estão no mercado não são tão gostosas assim. E essa daqui tem um sabor gostoso e inconfundível, então vemos isso como uma forma de aumentar o consumo da batata e melhorar o prazer de quem está comendo para comprar”, completou.

A BRS F63 (Camila)

Como características agronômicas, essa espécie de batata tem um ciclo vegetativo médio e de bom aspecto, elevado potencial produtivo de tubérculos comerciais que tem período de dormência médio e é moderadamente suscetível à requeima e à pinta-preta. Ela é extremamente resistente ao vírus Y da batata (PVY), doença que causa degeneração das sementes e reduz a produtividade e a qualidade das lavouras, é de baixa suscetibilidade a desordens fisiológicas nos tubérculos, exceto quando cultivada sob condições de temperaturas mais elevadas, uma vez que é aconselhada para o inverno.

A resistência extrema ao PVY permite maior número de gerações de multiplicações de semente, tornando-a mais barata e com melhor qualidade do que as outras. Ela tem o teor médio de matéria seca, o que possibilita vida de prateleira mais longa no mercado e no armazenamento de sementes. A BRS F63 Camila não é recomendado o plantio fora das épocas mais frias nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste.

Essa batata apresenta teor médio da matéria seca nos tubérculos, o que permite maior versatilidade na culinária, com textura firme na cocção e sabor característico. É adequada inclusive para cozinha gourmet na preparação de saladas e pratos afins.

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