“Vocês roubaram meus sonhos e minha infância com suas palavras vazias”. Foi assim que a ativista sueca Greta Thunberg, de apenas 16 anos, resumiu toda a ineficácia das políticas mundiais para impedir as mudanças climáticas. Coube a uma adolescente escancarar que a atual humanidade falhou com as gerações futuras e que foi reservado a esses meninos e meninas a única alternativa de tentar consertar os erros e minimizar os danos provocados em nome do progresso, avanço tecnológico, desenvolvimento a qualquer custo e exploração desenfreada da natureza.
A fala de Greta, numa voz embargada e com uma expressão incrédula e cheia de mágoa em seu discurso realizado na conferência do clima da Organização das Nações Unidas (ONU), na segunda-feira, dia 23 de setembro, início da Primavera no hemisfério Sul, serviu para colocar todos para pensar.
Muitos criticaram sua fala, enxergando ódio em seu olhar. Mas uma interpretação mais acertada é de um olhar de frustração. A adolescente sueca está frustrada e com razão. Todo mundo sabia que se nada fosse feito, o clima estaria perdido. Nada foi feito e quem vai sofrer as consequências da falta de ações práticas é a geração dela e dos filhos de quem já passou dos 30. Será pior ainda para os netos. E, caso nada seja feito, a sobrevivência na Terra será praticamente inviável para os bisnetos.
Foi deixado para a geração de Greta e dos adolescentes de todo o mundo consertar tudo aquilo que a geração atual não teve competência para resolver. Imagine o sentimento de injustiça que esta menina, que já mostrou muita coragem ao cruzar o Oceano Atlântico sozinha em um barco, está sentido. Todos sabiam que se nada fosse feito para impedir as catástrofes naturais provocadas pela mudança climática, o pior iria acontecer. E deixamos acontecer.
E quando a situação ficar pior, esta geração atual não vai estar mais aqui. E por mais que se tente fazer neste momento, não será o suficiente. Por mais que muitas pessoas tentem fazer o que está em seu alcance, ainda está longe de ser aquilo que todos os países do mundo deveriam fazer. A destruição foi global e as boas iniciativas são locais e pontuais.
Que a frustração de uma adolescente não seja vista como algo a ser condenado, mas um aviso de que a atual geração falhou com o futuro. Eles têm todo o direito de cobrar esta responsabilidade. Por isso é necessário agir com rapidez e de maneira contundente para que ainda haja esperança da continuidade da espécie humana de maneira digna para todos.