Vargem pode ter até oito moradores de rua

Ao andar pelas ruas de qualquer cidade é possível notar o aumento do número de moradores de rua. Em Vargem Grande do Sul, não é diferente. A coordenadora do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) do Departamento de Ação Social da Prefeitura de Vargem Grande do Sul, Beatriz Taliba Arten, estima que atualmente há cerca de seis a oito pessoas em situação de rua, ou seja pessoas que não possuem casa ou referência familiar e que utilizam as ruas como suas moradias.

“Existem migrantes que passam pela cidade, o que constitui um número muito volátil, porém, nem sempre chegam a ser atendidos pelo Creas, pois pernoitam na Casa de Passagem e se dirigem a outra localidade em alguns dias”, disse.

Ela pontuou que em Vargem, o número de pessoas em situação de rua diminuiu, tendo em vista o trabalho realizado pelo Creas. “A maioria das pessoas em situação de rua não pertence ao município, e o número de pessoas se mostra muito volátil a depender de épocas do ano, como datas festivas para angariar dinheiro, épocas de safra por oferta de serviço, por vezes sem registro, entre outras”, explicou a coordenadora.

Beatriz explicou que por parte do Creas, é realizado acolhimento das pessoas em situação de rua, com atendimento, orientações sobre trabalho, documentação, comportamento, entre outros, e encaminhamentos necessários, como para UBS, CAPS, PPA, entre outros.

Beatriz ressaltou que já foram realizados projetos como Café de Rua, que era oferecimento de café da manhã, seguido de orientações e dinâmicas realizados por Assistente Social e Orientador Social, que já foi executado por duas vezes. Ela também falou sobre o Projeto Raízes, um oferecimento de almoço, seguido de orientações, com acompanhamento de Assistente Social e Orientador Social e da Campanha ‘‘Não Dê Esmola’’.

“Além disso, há disponibilização de passagens pelo Departamento de Ação Social, mas em número limitado; e o projeto ‘Frente Social’, em que já houve a inserção de usuários acompanhados. O município ainda conta com a Casa de Passagem, onde é ofertado acolhimento, orientação, banho e jantar”, completou.

A coordenadora explicou que o Creas é o órgão que realiza o acompanhamento mais incisivo da população em situação de rua, e além de realizar busca ativa das pessoas em questão, recebe encaminhamentos de outros departamentos para a realização de atendimento de tais usuários.

Brasil pode ter até o dobro do estimado de moradores de rua

Não existem números precisos sobre a quantidade de moradores em situação de rua no país. Os últimos dados oficiais são de 2009, quando a única pesquisa foi feita pelo então Ministério do Desenvolvimento Social. Na ocasião, foi estimado em 31.922 pessoas morando nas ruas. Entretanto, os dados foram coletados em apenas 71 cidades.

No dia 19 de dezembro, o UOL revelou que, somente em São Paulo, 419 mil pessoas em situação de rua foram abordadas este ano, registrando um aumento de 366%. Entretanto, os dados podem incluir pessoas abordadas mais de uma vez, além daquelas que dormem eventualmente na rua, mas têm casas na periferia.

No dia último dia 9, a Organização das Nações Unidas (ONU) apontou que o Brasil é o 7º país mais desigual do mundo, segundo dados do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).

Um dos termômetros que aponta para o aumento de pessoas em situação de rua é o Cadastro Único da Assistência (CadÚnico). Em janeiro de 2014 havia 21 mil cadastradas como em situação de rua. Até outubro de 2019, o número saltou para 134 mil.

Este cadastro é usado para beneficiar programas sociais do governo federal e possui 27,7 milhões de famílias cadastradas. Dessas, 13,1 milhões (47%) têm renda per capita média declarada de até R$ 89.

Podem se inscrever no programa famílias com renda mensal de até meio salário mínimo por pessoa; com renda mensal total de até três salários mínimos; ou com renda maior que três salários mínimos, desde que o cadastro esteja vinculado à inclusão em programas sociais nas três esferas do governo.

Os dados do CadÚnico são considerados subestimados. Em outubro de 2016, o pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcos Antônio Carvalho lançou um artigo em que fez uma estimativa da população de rua com base no cadastro e citou que ela não corresponderia sequer  ametade do total vivendo nas ruas do país, devendo ser colocada em questionário do Censo 2020.

Um dos fatores responsáveis por este aumento é a crise econômica, como falta de emprego e renda, e também os conflitos familiares que estão mais comuns.

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