A Gazeta de Vargem Grande contatou os presidentes dos partidos políticos da cidade para saber como analisam esta proposta.
Hugo Andrade Cossi, presidente do MDB comentou que o Brasil está vivendo momentos difíceis com a pandemia da Covid-19, razão pela qual, as autoridades da Justiça Federal tiveram que ponderar vários temas como eleições, saúde da população, custo de se mudar a eleição e efeitos na sociedade de aludida mudança.
Para ele, diante desse quadro, a primeira preocupação deve ser a saúde da população, seguindo os direitos humanos. “Mesmo porque a Constituição Federativa do Brasil, em seus artigos 1º inciso III e 4º inciso II, deixam claro que são princípios constitucionais a dignidade da pessoa humana e a prevalência dos direitos humanos. Esses são direitos constitucionais supremos, ou seja, devem ser respeitados por todos, em especial por nossas autoridades, no caso a Justiça Eleitoral, devendo, portanto, as decisões da Justiça Federal buscar a preservar a vida, a dignidade da pessoa e os direitos humanos”, disse.
Desta forma, o presidente do MDB se considera a favor do adiamento das eleições municipais. “Tendo em vista as notícias veiculadas na mídia escrita e falada, o número de infectados e falecidos pelo Covid-19 está em franca ascensão e já passamos de 54 mil mortos, razão pela qual sou a favor”, comentou.
Ele pontuou que a data prevista, apesar do Senado já ter decidido para novembro, deverá passar pelo aval da Câmara Municipal. “Contudo, foi a decisão mais correta a fazer pois preserva vidas e respeita os princípios constitucionais acima referidos”, completou.
Luís Carlos Teixeira, presidente do PT em Vargem, também diz aprovar a medida. Ele pontuou que o ministro Luís Roberto Barroso, do TSE, se reuniu na segunda-feira, dia 22, com médicos e cientistas para debater sobre isso. “Penso que este seja o caminho correto, não dá para dizer coisas sem se basear em quem entende a gravidade do momento. Ele já se expressou que mesmo que haja necessidade de adiamento das eleições, o ideal é que elas aconteçam este ano, e que não haja prorrogação de mandatos. Estou em pleno acordo com isso”, disse.
O presidente do Podemos, Celso Ribeiro, também é favorável ao adiamento das eleições. Para ele, se existe uma orientação técnica e científica de que esse adiamento é benéfico e representa uma maior segurança para os eleitores, ao seu ver, não tem como ser contra.
Celso pontuou que se recorda de que há um tempo atrás as eleições eram realizadas no dia 15 de novembro e a posse dos prefeitos e vereadores eram dia 15 de fevereiro do ano seguinte. “O adiamento será de poucos dias e acho que isso não muda em nada. Sou também favorável que se altere também as datas das convenções partidárias e o prazo para registro das candidaturas, além do prazo de desincompatibilização dos funcionários públicos que serão candidatos”, comentou.
Ele alertou que mesmo que haja o adiamento é preciso muita precaução no dia da eleição. “Vários cuidados terão que ser observados, como a disponibilidade de álcool gel em todas as seções, a desinfecção das mãos de cada votante e todos os cuidados e proteção com os mesários que trabalharão nestas seções eleitorais”, falou.
“O vírus está aí, ele é real e perigoso. Todas as providências que sejam implantadas com critério e responsabilidade para se evitar a sua proliferação, devem ser seguidas por todos nós. Mesmo adiadas, o importante é que as eleições serão realizadas, prevalecendo o direito democrático de escolhermos nossos futuros dirigentes”, completou.
José Ricardo Buosi, o Zé da Kibon, é presidente do PSB e também é favorável a este adiamento. À Gazeta ele comentou que nesta pandemia que estamos vivendo no momento, adiar a eleição municipal é a melhor opção. “Está complicado se reunir, se aglomerar, então o mais sensato é que seja realmente adiado, para que, assim, todos possam ficar seguros”, disse.
No partido Democratas (DEM), o presidente Juliano Scacabarozi acredita que independente da alteração de data das eleições, o entendimento é que se cumpra o estabelecido na Constituição. “Para que, assim, a população possa se manifestar e escolher seus representantes através do voto, mas sempre seguindo as orientações e recomendações dos órgãos responsáveis pelo combate a pandemia”, pontuou.
O presidente do partido Republicanos (PRB), Alex Meglorini Mineli pontuou que se vive tempos de precaução e certa imprecisão quanto a eventos futuros, devido ao cenário instalado no mundo em razão da pandemia da Covid. Por isso, segundo ele a transferência das eleições municipais para novembro parece pouco ajudar neste cenário, visto que o tema está sendo discutido a nível de Brasil.
“As proporções que a Covid trouxe à sociedade, principalmente exigindo ainda certo isolamento de pessoas em grupo de risco, distanciamento social, etc., estender o prazo em apenas 30 dias não me parece resolver a situação. Acredito que, se for então para mudar a data das eleições, que fosse para novembro, concedendo à situação ao menos mais 60 dias para resolver ou amenizar a crise de saúde pública em que vivemos”, disse.
Ele comentou que acredita parecer um pouco contraditório pedir para que a população tome medidas de prevenção contra a Covid e determinar que a mesma população compareça às urnas para escolher seus representantes. “Ou seja, podendo criar cenários de aglomerações, principalmente nas grandes cidades. A questão é realmente delicada e estamos acompanhando o que a Câmara dos Deputados decidirá sobre o assunto”, completou.
A Gazeta não conseguiu entrar em contato com o presidente do partido PSD, Antônio Carlos Ranzani, mas contatou o membro do partido, o ex-prefeito José Carlos Rossi, que mostrou ser favorável ao adiamento. “Sou a favor do adiamento porque é uma medida protetora para o povo em geral. Esperamos que até a data fixada, que é 15 de novembro, já tenha passado a pandemia e o povo possa votar tranquilamente sem correr risco algum”, disse.
O jornal ainda tentou contatar os presidentes dos demais partidos, sendo Carlos Eduardo Scacabarozi (PSDB) e Celso Itaroti (PTB), para saberem se são favoráveis ou não ao adiamento das eleições municipais para 15 de novembro. No entanto, até o fechamento desta edição, não obteve resposta.