Corria o ano de 1946, quando foi nomeado vigário de Vargem Grande do Sul, o padre Celestino Cabrera Garcia, que tomou posse no dia 5 de maio. Durante quase 40 anos, até sua morte em 1984, este padre espanhol, austero, conduziu os destinos da paróquia de Sant’Ana com grande influência também nos destinos sociais e políticos da cidade, sendo uma das suas obras mais marcantes, a construção da atual Igreja Matriz de Sant’Ana, cuja nomeação da comissão de obras para sua construção, aconteceu no dia 3 de setembro de 1956.
A construção da moderna igreja em estilo neo-românico simbolizava o maior presente que a população da pequena Vargem Grande do Sul, cujo censo de 1950 apontava 10.925 pessoas nela morando, podia oferecer à sua Padroeira, a Senhora Sant’Ana.
Nas pesquisas realizadas pela Gazeta de Vargem Grande para realizar a presente matéria, foi obtido junto ao registro de cadastro da Prefeitura Municipal, o projeto da nova matriz, que é assinada pelo arquiteto paulista Luiz Gonzaga Ribeiro, autor do projeto e Newton Coli Machado, engenheiro responsável. As principais lideranças da cidade faziam parte da comissão, que tinha como presidente o padre Celestino e como vice, o então prefeito Alfeu Rodrigues do Patrocínio.
Segundo relata Denise Ap. Canal Merlin no seu livro “Paróquia Sant’Ana – 120 Anos de amor e fé”, no dia 20 de dezembro de 1956 foi aprovada a planta da nova matriz, sendo que em 3 de janeiro de 1957 recebeu a aprovação na prefeitura municipal e no dia 8, também do departamento de Saúde e Engenharia do Estado.
No dia 21 de janeiro, começou a ser demolida a antiga igreja Matriz de Sant’Ana, que segundo apurou o jornal, tinha como arquiteto responsável o italiano José Speria, que projetou os principais casarões de Vargem. A construção da antiga matriz teve início quando era vigário em Vargem Grande do Sul, o padre João Rulli em 1907 e só foi inaugurada pelo padre Donizetti Tavares de Lima, em 16 de setembro de 1915. “No dia 21 de janeiro, com dor no coração e grande angústia na alma, começou a vir ao chão a antiga, sendo Matriz provisória a capela São Benedito”, conforme consta no livro.
Em 14 de julho de 1957, com a presença de S. Excia. Revma. D. Luís do Amaral Mousinho, bispo diocesano, foi benta a Pedra Fundamental da atual Igreja Matriz, que na ocasião já se encontrava na altura dos alicerces. Os anos foram passando e a nova matriz dedicada à Padroeira da cidade foi ganhando os contornos atuais e mesmo sem ter sido inaugurada, passou a acolher os fiéis.
O alto custo de se construir uma igreja do porte da atual matriz, envolvia toda a comunidade que se mobilizava para arrumar meios de arcar com cada nova estrutura realizada, como por exemplo, a compra dos novos sinos e também do novo relógio.
Assim, que conforme consta na história relatada por Denise Canal, em 1960 a paróquia de Vargem Grande do Sul recebe a visita do Núncio Apostólico do Brasil D. Armando Lombardi que é acolhido pelas autoridades locais e visita a nova matriz que está quase no seu término.
Em 9 de junho de 1963, o bispo D. Davi Picão procedeu à Sagração do Altar de Sant’Ana, e após o bispo celebrar o Santo Sacrifício da Missa, foi declarado inaugurada a Matriz. Em 1964 é inaugurada a “Via Sacra” da Igreja Matriz pelo bispo Dom Tomás e em dezembro deste ano realizou-se a sagração dos três novos e modernos sinos, dedicados a Sant’Ana, Nossa Senhora Aparecida e Santo Antônio. Em 1966, a torre da Nova Matriz inaugura o relógio moderno doado pela prefeitura.
No dia 8 de setembro de 1970, teve início o acabamento externo da Matriz com a opção dos responsáveis em revestir o prédio com pastilhas, excluindo a fachada e a torre. O trabalho seria terminado em 30 de outubro de 1971, ficando para outra oportunidade somente a frente e a torre, conforme consta no livro comemorativo aos 120 anos da Paróquia de Sant’Ana.
Em 1979, vinte e dois anos após o início da nova Igreja Matriz de Sant’Ana, monsenhor Celestino C. Garcia inicia a conclusão definitiva da sua obra, com o revestimento da fachada e da torre com pastilhas, além de comprar novos bancos para a igreja.
No dia 4 de julho de 1984, monsenhor Celestino C. Garcia depois de passar por cirurgias, muito adoecido, veio a falecer, sendo seu corpo velado e sepultado na Igreja Matriz que tanto lutou para erguer em homenagem à Padroeira Sant’Ana de Vargem Grande do Sul.