João Artur Tomaz, 22 anos, formado em Letras pela Unifeob, morador do Jardim Santo Expedito, é um dos artistas inscritos junto ao Departamento de Cultura e Turismo de Vargem Grande do Sul, para o mapeamento que o departamento está realizando e que já conta com cerca de 40 artistas locais cadastrados. Este cadastramento faz parte do Plano Municipal de Cultura que está sendo elaborado pelo órgão municipal. Entrevistado pela Gazeta de Vargem Grande, o jovem artista mostra um pouco da realidade e dos personagens deste importante segmento cultural que começa a ser organizado no município.
Coreógrafo, diretor artístico, figurinista, dançarino, João Artur fundou há cinco anos o grupo de dança de rua “Time Of Destruction”, que traduzindo, quer dizer “Hora da Destruição”. O nome advém do Hip Hop, explicou, uma cultura popular que surgiu entre as comunidades afro-americanas do subúrbio de Nova York na década de 1970. A música é a principal manifestação artística do hip hop, que também tem na dança e no grafite forte representação e chegou ao Brasil nos anos 80, mais precisamente em São Paulo.
Segundo o fundador do grupo, o nome derivou da visão de procurar destruir conceitos pré-concebidos, ou os muitos preconceitos que existem na sociedade, utilizando para isso, a dança de rua. “É uma dança de rua mais contemporânea, sem muitas regras, onde não tentamos definir um estilo, ou padrão, deixando alunos libertos para dançar”, explicou João Artur.
O grupo é formado por pessoas de ambos os sexos, a maioria jovem, variando de 13 até 25 anos, que nas palavras do diretor, procura se expressar através da diversidade em que é constituído, dele fazendo parte LGBTs, negros, pessoas com corpos diferentes, que se posicionam em prol da igualdade. São jovens que moram principalmente nos bairros da cidade, desde os que residem do lado acima do asfalto, como também das vilas Santana, Santa Terezinha, Jardim Fortaleza e outros bairros da Vila Polar.
Quando da formação do grupo, disse que os ensaios eram feitos nas ruas de um loteamento na Vila Santana e depois começaram a ensaiar na Escola de Música Manoel Martins, no espaço cedido pelo Departamento de Cultura, através do Projeto Guri, junto à Associação Amigos da Cultura. “Foi muito importante termos um espaço, mostrarmos nossas coreografias. Ter um local para tomar uma água, banheiros, poder descansar, sem se preocupar com chuvas ou outras intempéries, pois estávamos no relento”, disse o diretor.
Sobre os preconceitos que rondam os artistas, dançarinos, ou seu grupo que representa minorias na cidade, disse que apesar de não enxergar preconceitos na arte que pratica, tem a noção de que por ser algo novo, as pessoas ainda não têm a devida compreensão do trabalho que o grupo realiza.
O grupo Time Of Destruction já se apresentou em Paradas LGBTs, em São João da Boa Vista e Casa Branca e no projeto Palco Aberto também em São João. Em Vargem, participa dos principais eventos culturais, como Festa das Nações, Desfile da Cidade, Semana Natalina, dentre outros.
Reconhecimento
Sobre o cadastramento que o Departamento de Cultura está realizando junto aos artistas da cidade, João Artur falou que é de extrema importância, porque vai reconhecer os artistas da cidade. “Somos muito comparados com outros municípios na questão cultural, do que as outras cidades realizam e esse cadastramento mostra o tanto de artistas que existem em Vargem. Agora precisamos nos unir, termos iniciativas e junto com o incentivo do poder público municipal, mostrar trabalho”, afirmou.
Indagado sobre o prédio Mais Cultura, que está em fase final de instalação no Jardim Paulista pela prefeitura municipal, disse que é a realização de um sonho. Explicou que espaços voltados para cultura, lazer e entretenimento na cidade são muitos limitados, principalmente para os jovens que moram nos bairros e ter um local funcionando exclusivamente voltado para a cultura, vai fazer toda a diferença na vida de muitos jovens, tirando-os da rua e dando uma oportunidade de mostrarem ou desenvolverem seus talentos.
Sobre os ensaios do seu grupo nestes tempos de pandemia do coronavírus, falou que os presenciais estão parados desde que entrou em vigor o decreto proibindo aglomerações e que os alunos ensaiam através de vídeo-chamadas, compartilhamento de links, visando melhorar as técnicas e também discutir os planos e novos projetos de coreografias, sendo o grupo bem unido através das redes sociais.
Observou que com a pandemia e o confinamento, “a gente descobriu que artistas são mais que pessoas que fazem entretenimentos, são pessoas que movem ações como solidariedade visando acalmar um todo, utilizando de ferramentas como a música, a dança, a poesia, o teatro, enfim, todo tipo de manifestação artística para nesta época tão difícil, levar mais amor e esperança ao próximo”.