Estiagem, queimadas e calor são riscos ao sistema respiratório

Aline Garcia Fagan é fellowship em cirurgias endoscópicas de nariz e pós graduada em estética facial. Foto: Arquivo Pessoal

As chuvas que atingiram a cidade no começo da semana amenizaram a situação crítica que Vargem Grande do Sul e a região atravessava nos últimos dias. Dias de estiagem, quase duas semanas seguidas com grandes queimadas no município e cidades vizinhas, céu encoberto pela fumaça e umidade relativa do ar baixíssima tornaram a vida do vargengrandense muito complicada, em especial a quem já sofre com problemas respiratórios.
A Gazeta de Vargem Grande entrevistou a médica otorrinolaringologista Aline Garcia Fagan, fellowship em cirurgias endoscópicas de nariz e pós graduada em estética facial, que falou sobre os cuidados com a saúde nesta situação

Gazeta: Quais os problemas mais comuns relacionados ao tempo seco e como identificá-los?
Dra. Aline: Na época do ano em que estamos onde a umidade relativa do ar está mais baixa que o habitual devido a escassez das chuvas há uma tendência ao ressecamento do corpo como um todo. Tanto a pele como a mucosa dos olhos, dos lábios e do sistema respiratório sofrem com essa baixa umidade, gerando desconforto e irritação. É comum desencadear as crises de alergia nasal, vermelhidão e coceira nos olhos, irritação no nariz, tosse seca e ressecamento da garganta e da pele. Sinais como esses podem indicar uma reação do corpo ao clima mais seco.
Gazeta: O que fazer para prevenir problemas respiratórios nesse cenário?
Dra. Aline: Inicialmente é muito importante a hidratação oral. Beber bastante água ajuda o corpo a manter regularizada todas as funções do organismo, desde a digestão, absorção de nutrientes e a função renal. Evitar a exposição solar e a prática de atividades físicas em horários de muito sol também ajuda seu organismo a não se desidratar facilmente.
O uso de umidificadores de ambiente é uma boa alternativa para aliviar os sintomas de secura nasal e ressecamento na garganta. Seguindo sempre as recomendações de uso para não ultrapassar o tempo indicado. Uma opção para aqueles que não possuem umidificador é deixar uma toalha de banho úmida dentro de uma bacia para adicionar uma umidade de ar extra ao ambiente. Outra importante medida é a prática da lavagem nasal com soro fisiológico 0,9% diariamente. Ele ajuda a umidificar e remover todas as impurezas inaladas durante o dia.
 
Gazeta: Pessoas que já sofrem com problemas respiratórios veem seu estado se agravar nesta época. O que elas podem fazer para se precaverem?
Dra. Aline: As pessoas que já possuem problemas respiratórios como rinite, sinusite, bronquite, asma, DPOC entre outras, devem estar ainda mais alertas nessa época do ano.
Oriento sempre uma consulta prévia com otorrino ou pneumologista antes de iniciar essa época de seca, assim praticamos a prevenção e conseguimos controlar com mais tranquilidade as eventuais crises. Como disse antes, a hidratação é sempre a primeira orientação para essa época do ano. Outra orientação muito importante é uma dieta balanceada e rica em vitaminas e nutrientes.
Nenhum alimento age diretamente nos pulmões, mas contribui para eficiência do sistema imunológico. Um organismo bem nutrido é mais resistente a vírus e bactérias evitando que infecções respiratórias se instalem.
Evitar locais fechados com baixa circulação de ar e lugares onde há grande circulação de pessoas também são medidas importantes para prevenir doenças transmitidas através de gotículas no ar. Sabemos que é difícil passar calor, principalmente dentro do carro e usar o ar condicionado às vezes se faz necessário, mas a mudança brusca de temperatura pode prejudicar a saúde respiratória. Se for indispensável o uso do ar condicionado faça-o com temperaturas não muito baixas e por pouco tempo.
É de conhecimento de todos o mal que o cigarro faz para o organismo e principalmente para a via respiratória, então evitar o tabagismo e também a proximidade com pessoas tabagistas é uma recomendação bastante relevante para quem deseja uma saúde respiratória plena.
A lavagem nasal diária com soro fisiológico 0,9% para manter as vias aéreas sempre limpas e umidificadas são sempre bem vindas não somente nessa época do ano. E qualquer sinal de exacerbação da doença pré-existente vá ao pronto-socorro ou procure seu médico. Quanto antes iniciar o tratamento, maiores as chances de eliminar a crise sem agravamento da mesma.
 
Gazeta: Nos últimos dias, a cidade sofreu muito com queimadas e muita fumaça. Como a fumaça pode afetar a saúde das pessoas?
Dra. Aline: Infelizmente tivemos uma grande queimada em vários locais do país e a nossa região também foi muito atingida.
As grandes queimadas eliminam poluentes e substâncias tóxicas prejudiciais ao trato respiratório desde o nariz, faringe, traquéia e pulmões. Associado ao ar seco a fuligem presente no ar se torna um risco principalmente para idosos, pessoas que já possuem algum tipo de doença respiratória crônica e as pessoas que estão na linha de frente do controle do fogo ou que moram muito próximo da região afetada.
A fumaça pode agravar doenças pré existentes principalmente em pessoas que já tem a função pulmonar comprometida. Além da via aérea, os olhos e a pele também sofrem com essas queimadas. Outro problema é sangramento nasal que a fumaça associada ao ar seco pode causar.

Gazeta: O que fazer para evitar os problemas de saúde causados pelas queimadas?
 Dra. Aline: O uso de máscara para diminuir a inalação da fuligem. Lavagem nasal com soro fisiológico 0,9% para hidratação e limpeza nasal. Umidificador de ambiente para aumentar a umidade relativa do ar. Hidratação.

Gazeta: No dia a dia, o que as pessoas podem fazer para melhorar o sistema respiratório?
Dra. Aline: É importante pensarmos no organismo como um todo. Uma alimentação balanceada, sono reparador e a prática de atividade física são quesitos fundamentais para manter uma saúde equilibrada.
Com a umidade do ar mais baixa a hidratação e a prática da lavagem nasal com soro fisiológico pelo menos 2 vezes por dia também devem ser reforçadas, além do controle das doenças respiratórias crônicas.

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