O empresário do agronegócio Carlos Alberto de Oliveira Filho, mais conhecido como Betão, falecido no dia 13 de outubro, terça-feira aos 68 anos de idade, era a maior liderança do setor em Vargem Grande do Sul e dos mais bem sucedidos empresários do agronegócio no Brasil.
Homem empreendedor, focado no trabalho, no filme institucional “Uma linda história de vida” que fala sobre sua pessoa e o Grupo Santa Vitória que ele construiu, constam 35 mil cabeças de gado, 2.500 hectares de terra irrigada, 150 mil sacas de soja colhidas por ano, 600.000 sacas de batata, 190 mil sacas de milho, 400 mil caixas de laranja, 25 mil sacas de feijão, que numa conta simples a preços de hoje, dariam algumas centenas de milhões de reais de faturamento anual. Suas propriedades se dividem por quatro estados brasileiros, São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Tocantins, além de investimentos em muitos outros setores.
Além do seu sucesso como empresário do setor agrícola, o reconhecimento na comunidade onde desenvolveu grande parte do seu trabalho, Vargem Grande do Sul, advém por sua visão de associativismo e cooperativismo, sendo um dos fundadores da Associação dos Bataticultores e da Cooperativa dos Bataticultores da Região de Vargem Grande do Sul (Cooperbatata), que tiveram grande importância no desenvolvimento e enriquecimento do agronegócio no município e também na região, além de alavancar também seus próprios negócios, uma vez que como um dos maiores cooperados da Cooperbatata, podia ter acesso aos ganhos que a cooperativa proporcionava aos seus cooperados, hoje em torno de 250 agricultores, sendo a grande maioria de Vargem Grande do Sul.
Pulso firme na condução dos empreendimentos, honestidade, transparência, empreendedorismo, visão de negócios, são marcas que todos reconheciam em Carlos Alberto de Oliveira Filho. Como testemunharam muitos que o conheciam e com ele conviveram, a mesma competência com que geriu seus negócios particulares, Beto assim o fez também com a entidades que presidiu e dirigiu por décadas, fazendo-as alcançarem o patamar que hoje ostentam em termos de resultados econômicos e sociais.
Nos últimos três anos intensificou seu trabalho em ações solidárias, sendo um dos fundadores da Associação Setembro, em Vargem Grande do Sul, instituição criada para ajudar e amparar todas as entidades do município, especialmente o Hospital de Caridade. Segundo dados divulgados pela Associação Setembro, “Betão foi o maior doador da instituição e sempre esteve na linha de frente, participando ativamente, primeiro como presidente e, no último ano, como vice.
Nos últimos anos foi também o maior doador do Fundo Municipal da Criança e do Adolescente (Fumcad) de Vargem Grande do Sul e sempre esteve engajado em campanhas de divulgação sobre a destinação do Imposto de Renda às entidades”.
Filho de Carlos Alberto de Oliveira, o conhecido Carlitão, pioneiro no plantio de batata de inverno nos cerrados de Vargem e de dona Francisca, deixa a esposa Sueli, os filhos Simone, Laura, Betinho e Luís Fernando, netos, familiares e muitos amigos. Betão estava internado no Hospital Israleita Albert Einstein, em São Paulo, e faleceu em decorrência da Covid-19. Seu sepultamento ocorreu na terça-feira, dia 13, no Cemitério da Saudade.
Fotos: Arquivo Gazeta
Importância para a Cooperbatata
O atual presidente da Cooperbatata, Lucas Lemos Ranzani, que tinha como vice-presidente Carlos Alberto de Oliveira Filho, deu entrevista ao jornal e ao ser indagado sobre a importância de Betão, falou que como agricultor, ele era protagonista do agronegócio em vários estados do país e que a Cooperbatata perdeu um de seus dirigentes e fundadores mais importante.
“O Beto sempre foi um líder nato, fundador das várias instituições que são reconhecidas nacionalmente e representam a bataticultura da região de Vargem Grande do Sul, setor que gera empregos diretos e indiretos e investimentos para o município.
Disse que Beto esteve sempre à frente do seu tempo, desbravando e acreditando na cidade e região, plantando batata, milho, soja, feijão, sorgo, trigo, laranja e pecuária.
Sobre a preocupação com o social, lembrou Lucas Ranzani que Beto foi doador por vários anos de 6% do seu imposto de renda para o Conselho Municipal do Desenvolvimento da Criança e do Adolescente (CMDCA) de Vargem e que através da Associação Setembro conseguiu atender a maioria das entidades do município, assim como o Hospital de Caridade.
“Junto com seu pai, o Carlitão e irmãos, investiram em terras em vários estados do Brasil, desenvolvendo pecuária, cultura de feijão, milho e soja, tornando-se um dos maiores cooperados da Cooperativa Agroindustrial dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano (COMIGO), onde era conhecido como o Beto Batateiro.
“A Cooperbatata perdeu o seu maior incentivador, pode se assim dizer. O Beto sempre cuidou com muito carinho da Cooperbatata, mostrando para os produtores a importância e os benefícios que a cooperativa trouxe para o setor”, afirmou.
Para o presidente da Cooperbatata, a morte de Beto é uma perda imensurável, porém, o exemplo e a dedicação dele nestes 20 anos não foram em vão. “Temos hoje uma diretoria forte, formada por produtores e cooperados que realmente estão comprometidos e fieis à Cooperbatata. “O Beto era o líder, um mediador nato, transparente, claro e objetivo”, afirmou Lucas Ranzani.
Lembrou que Beto doou todo seu capital social de 20 anos para a Associação Setembro e que embora fosse duro em suas palavras, era justo em seus atos e não deixava pra depois para resolver as coisas. “Era resolvido ali, na hora, porém não guardava rancores. Para quem o conheceu, sabe que ele também tinha um coração maravilhoso”, disse Lucas.
Perguntado como vai ficar a Cooperbatata sem sua liderança maior, o presidente Lucas Ranzani disse que sem dúvidas vai fazer falta a presença do Beto no quadro de diretores da Cooperbatata, mas que a cooperativa está em seu melhor ano financeiro, investindo em um novo silo para 18 mil toneladas de cereais e que hoje a entidade tem uma diretoria representativa e cooperados participativos.
“Acredito que o Beto será lembrado em cada decisão que for tomada pela diretoria.
Todos que o conheceram sempre o respeitaram e algo com certeza aprenderam.
Agradeço a confiança, o exemplo e a amizade que tivemos por estes anos e certamente vamos trilhar os caminhos com transparência e retidão, com muito trabalho como ele sempre nos ensinou”, finalizou o atual presidente da Cooperbatata.
“Perda irreparável”
Um dos mais respeitados agricultor do município, presidente do Sindicato Rural Patronal há muitos anos, o produtor e pecuarista João Batista Machado do Amaral sempre teve uma boa ligação com a família de Carlos Alberto de Oliveira Filho, principalmente através de seu pai, o conhecido Carlitão, com o qual desfruta desde os tempos mais antigos, uma boa amizade.
Para ele, Betão foi uma liderança muito importante no setor agrícola e graças ao seu trabalho, o cultivo de batata de Vargem e região hoje é reconhecido em todo o Brasil. Explicou que com a excelente produtividade e os resultados econômicos que Betão conseguiu nas suas lavouras, ele inspirou e incentivou muitos outros produtores que conseguiram o mesmo sucesso e hoje respondem pelo desenvolvimento do agronegócio do município e cidades da região.
Também lembrou todo o trabalho de liderança que exerceu junto aos bataticultores, desde a criação da Associação dos Bataticultores da Região de Vargem Grande do Sul (ABVGS), a Cooperbatata e outros segmentos que tornaram a cultura da batata uma referência brasileira e cujos resultados só têm beneficiado nossos agricultores. “Uma perda irreparável”, afirmou.
“Exemplo de honestidade”
O Condomínio dos Bataticultores é responsável pela contratação de centenas de trabalhadores rurais durante a safra da batata, que são legalizados e recebem todos os direitos trabalhistas. Ele também faz parte da evolução do plantio da batata na região, sendo que há alguns anos atrás, a maioria dos trabalhadores não era registrada.
Falando sobre Carlos Alberto de Oliveira Filho, o atual responsável pelo Condomínio, Lenoir dos Santos afirmou: “Beto era o esteio do agronegócio, principalmente o ligado ao cultivo da batata em Vargem e região. Eu particularmente achava o Beto um exemplo de honestidade, transparência e seriedade. Foi um professor para mim e tantas outras pessoas”, afirmou Lenoir.
Para ele, Beto era uma pessoa muito firme nas suas atitudes, quer seja em relação à ABVGS, à Cooperbatata, ao Condomínio, Complexo Frigorífico e outras entidades que ajudou a criar e conduzir durante muitos anos.
A construção de toda a estrutura do agronegócio de Vargem Grande do Sul deve-se, segundo Lenoir, à liderança de Carlos Alberto de Oliveira Filho. “Todos os envolvidos nas muitas estruturas que levaram ao que hoje é o sucesso do plantio de batata e outros produtos agrícolas em Vargem e região, tiveram seus méritos, mas devemos enfatizar que a liderança de conduzi-los, coube ao Betão”, disse Lenoir.
Agricultores de Vargem Grande do Sul falam sobre colega
Hildeberto Franco de Oliveira, agricultor, um dos pioneiros na criação da ABVGS e Cooperbatata e também responsável pela construção do Complexo Frigorífico de Armazenamento de Batatas, disse à reportagem da Gazeta de Vargem Grande que Betão foi uma pessoa muito batalhadora, de grande visão empresarial, um ser humano que onde punha a mão, tudo funcionava.
“Foi um visionário ao transformar junto com o pai, Carlos Alberto de Oliveira, o Carlitão, os campos dos cerrados de Vargem e região em grandes áreas agrícolas de cultivo de batata, pois antes só se plantava batata na serra”, falou Oliveira. Para o agricultor, a morte de Betão foi uma perda muito grande para o setor, que hoje ostenta esta pujança graças ao seu espírito empreendedor e empresarial.
Paulo Zan
O produtor Paulo Zan, 83 anos, é uma das referências também do agronegócio de Vargem. Durante muitos anos ele plantou na Fazenda Campo Vitória, da família de Betão e sentiu sua morte como se fosse a de um parente seu.
“Foi uma pessoa muito boa, se não fosse por ele, a Cooperbatata e o Complexo de Silagem não existiriam. “O primeiro silo, banco nenhum queria financiar. Na época eu era vice-presidente da Cooperbatata e o Betão presidente e para construir o silo, ele deu uma de suas fazendas em garantia junto ao banco”, lembrou Paulo Zan.
Também na compra de insumos para a Cooperbatata, principalmente no início de suas atividades quando a cooperativa não tinha muito lastro, Paulo Zan lembra que Betão várias vezes chegou a deixar propriedades suas em garantia junto às empresas que comercializavam adubos e defensivos para realizar as compras que beneficiavam todo os cooperados.
“Todos ajudaram, mas o esteio foi ele, se não tivesse agido assim, não tínhamos essa estrutura que hoje torna o agronegócio para os agricultores vargengrandenses esse sucesso, apesar de todo os grandes problemas que a agricultura no Brasil atravessa”, disse.
Prefeito Amarildo destaca trabalho e ação social
O prefeito Amarildo Duzi Moraes (PSDB), assim se manifestou sobre a morte de Carlos Alberto: “A perda é imensurável para a cidade, Carlos Alberto de Oliveira Filho, o Betão, é um cidadão que se destacou. É um ícone do agronegócio não só na região, mas também do Brasil. Com sua força de trabalho e visão, idealizou e concretizou a formação da Associação dos Bataticultores, Complexo Frigorífico e a Cooperbatata para apoio dos agricultores, colocando Vargem Grande do Sul entre as maiores regiões produtoras do Brasil. Trabalhador e exigente, Betão era também preocupado com ajuda às pessoas. Durante toda sua vida ajudou entidades e pensando em deixar um legado nesta área, criou a Associação Setembro que de início começou trabalhando com o Hospital de Caridade e depois passou para as outras entidades e ainda realizando inúmeras campanhas de alcance público”.
“Betão também era um pai de família e à sua família manifestamos nosso apoio e sentimentos neste momento tão difícil. Há muito que se falar, muito que se agradecer ao cidadão Carlos Alberto de Oliveira Filho, Betão que deixou suas marcas e, com certeza, um caminho a ser seguido por muitos com seu exemplo de trabalho, dedicação, amor à terra que cuidou durante toda sua vida e também de amor à nossa cidade. O Betão era uma pessoa de personalidade forte, mas de um coração generoso. Só nos resta agradecer por tudo que fez pelo Município”.
“Exemplo de retidão”
Empresário de sucesso, produtor de batatas e um dos que ajudou a fundar a ABVGS e também a Cooperbatata, da qual fez parte da diretoria, Fernando Milan Sartori disse que Betão foi um exemplo na atividade agrícola e em seu modo de vida. “Exemplo pela retidão como tocava seus negócios, enérgico sim, educado também, ajudou a mim e a muita gente, de todas as formas, inclusive a financeira”, afirmou Fernando sobre o líder que foi Betão.
Para ele, Beto teve o privilégio de ser ao mesmo tempo “ótimo agricultor e excepcional comerciante, coisa raríssima, a junção destas qualidades em uma pessoa. Tinha uma memória incrível, sabia de tudo, do caminhão, da batata, onde estava, qual o preço, ser era miúda, graúda, enfim, um cérebro de fazer inveja”, assegurou.
No seu testemunho, disse que como bataticultor, Beto iniciou observando os pontos fortes na cultura da batata, onde foi um dos pioneiros no plantio de inverno. Como pecuarista, deixa um grande legado ao agronegócio brasileiro com suas fazendas de pecuária e agricultura pelo Brasil adentro, onde por várias vezes fazia as compras de gado por leilão na tv, onde era igualmente conhecido e respeitado.
“Como presidente fundador da Cooperbatata, da qual era atualmente vice-presidente, ela só chegou onde está graças a sua dedicação incansável de horas e horas brigando por preços melhores, avalizando os empréstimos junto aos bancos. Diz ele em seu vídeo ‘tudo em que ponho a mão dá certo’ e isto é verdadeiro e visível a todos os que o seguiram em sua trajetória, mas tenham certeza que sempre existiu muito suor em sua mão”, falou Fernando, para quem Betão como pai de família, soube criar seus filhos, hoje todos adultos, responsáveis e que com certeza seguirão os passos de retidão de seu pai.
Legado para o agronegócio
Para o presidente da ABVGS, Marcelo Cazarotto, Carlos Alberto de Oliveira Filho era uma pessoa que gostava do associativismo, do cooperativismo e juntamente com outros produtores de Vargem Grande do Sul, ajudou a fundar várias entidades que hoje se tornaram a força motriz da bataticultura e outros produtos agrícolas de Vargem e região.
Uma das características de Betão para o presidente da ABVGS, era sua capacidade em conseguir os melhores preços dos insumos nas compras que realizava e também quando das construções que a Cooperbatata fazia.
“Era um exímio negociador, tinha uma visão financeira muito grande, administrava as entidades que dirigia como administrava seus próprios bens, gostava muito do que fazia, com dedicação e os cooperados tinham nele muito confiança”, ressaltou Marcelo.
Carlos Alberto de Oliveira Filho participou durante muitos anos da ABVGS, que foi o embrião de todos os empreendimentos que vieram depois que os produtores se associaram e também presidiu a entidade logo no seu início. Com o passar do tempo, dedicou-se mais à Cooperbatata, que lhe exigia mais sua presença.
Marcelo no seu depoimento à Gazeta de Vargem Grande falando sobre o líder que faleceu esta semana, disse que Betão deixou um grande legado para o agronegócio de Vargem e região e que seus feitos vão perdurar por um longo tempo. “Para nossa comunidade foi uma grande perda, nos últimos anos ele vinha se dedicando mais às questões sociais, ajudando as entidades da cidade e isso era outro lado da sua pessoa humana”, salientou o atual presidente da ABVGS.
“Perda Lamentável”
Gilson Donizete do Lago, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais
A safra da batata que tem início em julho e termina 90 dias depois, gera milhares de empregos tanto na colheita, como também no seu beneficiamento, sem falar do plantio e da comercialização.
O jornal também procurou ouvir o depoimento do presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Vargem Grande do Sul, Gilson Donizete do Lago e este afirmou que a evolução que a bataticultura e outros produtos agrícolas atingiu em Vargem e região, graças à liderança de Carlos Alberto de Oliveira Filho, proporcionou o aumento do emprego também a milhares de vargengrandenses. “O aumento da produtividade está relacionado também com o aumento do emprego de mão de obra na roça”, afirmou.
Além de Betão empregar muita gente em suas propriedades, no entender de Gilson, toda a cadeia produtiva do agronegócio torna-se em épocas de safra, a grande empregadora de mão de obra da cidade, principalmente daquela que não tem uma qualificação maior.
Com o grave problema do desemprego que o País atravessa, Vargem Grande do Sul também é atingida e trabalhar nas diversas colheitas propiciadas pela agricultura, ajuda a amenizar o grave problema social que o desemprego gera no município, daí a importância dos feitos de Carlos Alberto de Oliveira Filho no setor, que acabam refletindo também na melhora da qualidade de vida de centenas de famílias vargengrandenses.
“É uma perda lamentável, vítima desta pandemia do coronavírus e esperamos que seus descendentes continuam com trabalho exemplar, contribuindo para a evolução de nossa cidade”, afirmou Gilson.