Lígia de Paiva Ligabue
A Edição Especial de Natal da Gazeta de Vargem Grande trouxe um caderno inteiro dedicado à solidariedade e como ajudar o próximo fez a diferença na vida de muitas pessoas neste ano tão complicado e difícil por conta do impacto da pandemia da Covid-19 tanto na saúde quanto na economia de todo mundo. Em Vargem Grande do Sul, muitas famílias que lutavam contra as dificuldades do dia a dia, sofreram ainda mais e precisaram de muita ajuda.
Além das reportagens relatando as ações da prefeitura, de empresas, entidades, grupos de amigos e iniciativas anônimas que contribuíram para amenizar o sofrimento de muitas famílias, foi publicado um artigo do editor da Gazeta, Tadeu Fernando Ligabue, falando sobre sua decisão de atender o pedido de uma das cartinhas deixadas em sua casa, escrita por uma criança que pedia leite e bolacha neste Natal.
Motivado pelo pedido da criança, ele foi até sua casa para conhecer a realidade dessa família e contou essa experiência em seu artigo. O texto de Tadeu acabou motivando a subinspetora da Guarda Civil Municipal, Luciana Fermoselli, a contar a sua experiência de entregar cestas de alimentos e brinquedos a algumas famílias em vulnerabilidade social de Vargem.
Há cinco anos Luciana realiza esse gesto e nunca quis divulgar a ação, pois explicou que era um gesto particular e que não via necessidade de dar publicidade a ele. No entanto, contou à reportagem da Gazeta que é preciso sim que as pessoas se ajudem mais, procurem estender a mão ao próximo e mais ainda, passem isso adiante, o que ela tem buscado fazer com seu filho Manoel, de 4 anos.
Assim, ela contou à Gazeta que na semana do Natal, entregou cestas de alimentos, e também atendeu a várias cartinhas que apareceram na sede da GCM e também na sua casa. Com essas cartinhas nas mãos, como faz há cinco anos, passou por empresas do comércio da cidade e também procurou ajuda de pessoas, que contribuíram com doação de alimentos, balas, doces e brinquedos.
Contou que assim como Tadeu, também recebeu uma cartinha pedindo bolacha e leite. “Realmente é fato que algumas pessoas necessitam de coisas muito básicas e acredito eu que as crianças acabam pedindo através das mães, pois realmente necessitam”, avaliou. Assim, ela fez as entregas na semana passada. “Faço meio calada, porque não tenho motivo nenhum para divulgar que estou fazendo. Eu guardo para mim. As pessoas que me ajudam sabem disso”, explicou, contando que apesar de fazer fotos das entregas, não divulga em suas redes sociais para também não expor essas pessoas.
“E realmente é frustrante a gente ver que muitas pessoas precisam e muita gente fecha os olhos”, lamentou. Luciana contou ainda que o ano foi difícil para muitas famílias e inclusive, obter as doações foi um desafio a mais. “Mas graças a Deus, consegui ajudar várias famílias e você ver o sorriso no semblante de uma criança é algo que não tem preço”, contou, agradecendo todas as empresas e pessoas que colaboraram com a ação.
Luciana ainda tentou se colocar no lugar das mães que não podem atender a um pedido simples de um filho, como leite e um pacote de bolachas. “É triste você olhar pro seu filho e ter que dizer: ‘filho, mamãe não tem, não posso’”, observou. “Pois hoje eu vivo por ele, meu trabalho, minha casa e o que eu puder fazer, sempre vou fazer. Porque situações como essa são tristes, mas é a pura realidade que muitas pessoas enfrentam”, afirmou.
Assim, na semana em que fez as entregas das cestas, Luciana fez questão de levar Manoel com ela. “Para que ele aprenda o que é a dificuldade da vida, que realmente quando a mamãe fala ‘filho, coma’ ou ‘escolhe esse aqui só, para que dois?’, para que ele entenda o que é a dificuldade da vida de algumas pessoas”, afirmou. “E ele foi sorridente comigo, entregou, e entendeu a realidade da vida. Isso é muito importante ensinar pros nossos filhos”, finalizou.