Os vereadores da Câmara Municipal de Vargem Grande do Sul continuam de recesso até 1º de fevereiro, no entanto, realizaram uma sessão extraordinária na manhã da sexta-feira, dia 22, na Casa de Leis. Entre os projetos em pauta, a implantação das transmissões online das sessões do Legislativo. Na ocasião, os 13 vereadores estiveram presentes e aprovaram o Projeto de Resolução 03/2021, permitindo que as sessões sejam transmitidas online, em tempo real, com voto contrário apenas do vereador Fernando Donizete Ribeiro (Republicanos).
Antes da votação, alguns vereadores fizeram uso da palavra. O vereador Paulo César da Costa (PSB), ressaltou ser favorável a implantação e lembrou sobre a Câmara Municipal, bem como a prefeitura, não se trata de uma empresa, portanto não é possível fazer mudanças do dia para a noite, devido ao processo burocrático. Ele pontuou que foi deixado no orçamento da Câmara de 2020, quando presidiu a Casa, para 2021 a dotação orçamentária para que as sessões online fossem implantadas.
Ele disse que espera que a transmissão seja usada para o bem da população, como forma de mostrar a verdade e não para que pessoas atuem de má fé. “Não adianta fazer política suja agredindo vereadores, muito menos a nossa população. Se vocês tiverem intenção de ser político e ocupar uma cadeira aqui, não entre nesse jogo de desacatar as pessoas, denegrir imagens, porque o resultado vem nas urnas e vem bem claro”, disse.
Serginho da Farmácia (PSDB) parabenizou o presidente da Câmara, o vereador Celso Itaroti (PTB) pelo projeto e pontuou que acredita que as transmissões das sessões já deviam estar sendo feitas desde anos atrás. “Porque é um meio da população estar presente, vendo o trabalho que os nobres vereadores fazem. Tenho certeza que o trabalho do vereador será mais valorizado, mais transparente”, disse.
Célio Santa Maria (PSB) disse que sempre questionou sobre a transmissão, afirmou que teve a oportunidade de explicar nas ruas a importância dessa ferramenta. Porém, ao mesmo tempo, acredita que os vereadores precisam saber do orçamento, uma vez que a Casa, no final do ano, devolve dinheiro à prefeitura, que talvez pudesse ser usado para pagar o salário de funcionários do Hospital, por exemplo. “Eu sempre falava que não se pode fazer um gasto excessivo e as pessoas entendiam quando eu dava essa explicação. Agora já vimos que vai ser um preço que não pesará tanto e a população poderá estar assistindo”, disse.
Fernando Corretor (republicanos) fez o uso da palavra para justificar o voto contrário. “Eu seria o vereador mais hipócrita do mundo se votasse a favor desse projeto, pois sempre fui contra a transmissão online. Gostaria que todos os vereadores respeitassem a minha opinião, pois seria hipócrita. Sou contra todas as vezes que colocarem um projeto desses aqui na Casa”, disse.
Gláucio Santa Maria (Democratas) expôs seu ponto de vista favorável às transmissões online, ressaltando que este é o século das tecnologias. O vereador disse que acredita que com as transmissões através das redes sociais, muito trabalhadores que não conseguem comparecer na Câmara Municipal seriam beneficiados e poderiam prestigiar as sessões. “Pela transmissão ao vivo, tenha a certeza que 90% dos eleitores estarão satisfeitos. É o que o povo pede”. “Então se é a vontade do povo, tem que ser a vontade da Casa, porque em si, essa é a casa do povo”, comentou.
Canarinho (PSDB) também parabenizou o presidente da Casa por ter colocado o projeto em execução e, de pronto, se colocou à disposição caso a Câmara precise de qualquer informação, devido a sua formação em informática. Ele ressaltou que as transmissões são de extrema importância para os munícipes que moram em outra cidade. “Desde 2017, eu e o vereador Guilherme Contini Nicolau apresentamos requerimentos aos presidentes que passaram. Acho que esse é um pedido antigo dos vereadores e da população”, falou.
Canarinho pontuou ainda que o vereador é visto como um peso para a sociedade. “Isso porque as pessoas não tem oportunidade de vir na Câmara ver. Acho que com a transmissão, nós, os 13 vereadores reunidos que fazemos as sessões ordinárias a noite, vamos conseguir mostrar para a sociedade que o vereador tem função. Muita gente acha que vereador vem aqui a toa, para não fazer nada, para não ter responsabilidade nenhuma”, disse. O vereador ressaltou que respeita a opinião contrária do vereador Fernando. “Ele fala isso desde que conheço ele e acho que todos temos que respeitar, os 13 vereadores e a população”, comentou.
A vereadora Danutta Rosseto (Republicanos) reforçou que é favorável e concorda com os colegas. No entanto, ela ressaltou que quando falam sobre transmitir as sessões de forma online, não falam na questão de promoção, de promover o vereador que faz mais, e sim sobre aproximar os cidadãos dos processos políticos para que ele entenda, de fato, o que se passa na Casa de Leis. Ela também destacou que respeita a opinião do vereador Fernando e que todos devem fazer o mesmo, tanto na Câmara, como toda a população.
Danutta comentou quanto aos ataques e perseguições realizadas a pessoas que são figuras públicas e estão em carreira política, mas que ainda assim acredita que a transmissão seja importante. “Cabe a nós lidar com essas situações, não deixar que isso afete a nossa vida, nossa família, porque independente de ter sessão online ou não, essas perseguições vão acontecer”, disse. “Mas é importante para a população participar disso, como eu, antes de ser vereadora gostaria de ter participado muito mais das sessões e por vários motivos que me impediram de estar aqui. Se isso tivesse realmente acontecido lá atrás, eu teria participado muito mais e entendido muito mais coisas”, completou.
Presidente
Itaroti comentou que o projeto foi colocado em votação democraticamente para que cada um fale sua opinião, porém, devido a Lei Orgânica não era necessário. Pois poderia ser instituído por ter recurso em orçamento. Ele também disse respeitar a posição de Fernando. “Aqui somos em 13, justamente por isso, número ímpar para que possa se decidir e cada um dar sua opinião, aqui ninguém é obrigado a seguir ninguém, cada um tem que ter sua opinião própria”, disse.
O vereador falou sobre a expectativa de que com a transmissão online, a população realmente participe das sessões. “Sabemos que não vai ser a grande maioria que estará acessando pela experiência em contato com as Câmaras da região, mas tudo bem, é critério de cada um se vai querer ver ou não, só que não vai poder questionar e falar que não viu. E outra, com esse problema da pandemia a gente sabe da dificuldade que é, a gente viu na eleição a quantidade de pessoas que não foi votar de medo”, disse.
“Já fui vereador, presidente de Câmara, eu sei que a quantidade de pessoas que frequenta, infelizmente é pequena, vamos ver agora com a transmissão online se vai ser maior, a gente espera que sim. Porque é como falaram que o pessoal acha que o vereador vem aqui só para ganhar o salário dele e não é assim, a gente sabe que não é assim, mas essa é a visão que eles têm porque não vem ver o que cada um dos vereadores faz”, completou.