Marcha da insensatez

Um vargengrandense responsável, sensato, que vive o drama das vítimas do coronavírus disse: “Devia pegar o presidente da República, colocá-lo durante uma semana em uma UTI para Covid-19, para ele ver o sofrimento de todos, pacientes, médicos, enfermeiros, familiares, dirigentes hospitalares e quem sabe ele tomasse um banho de realidade e deixasse de fazer, propor ou propagar tantas asneiras a respeito da pandemia e cumprisse de fato o papel de mandatário da nação brasileira, para o qual foi eleito, conduzindo o povo brasileiro com a sabedoria e liderança que este momento tão difícil requer”.
A Gazeta de Vargem Grande já perdeu a conta de quantas vezes usou este espaço dedicado ao Editorial, para falar a respeito da doença que no Brasil caminha para quase meio milhão de mortos e que nesta semana, deixa o Hospital de Caridade do município numa vulnerabilidade que até hoje ainda não tinha atingido e, consequentemente, deixa em grande situação de risco a vida de moradores da cidade se a contaminação continuar no ritmo que está.
Pode-se ir um pouco além e dizer que os cidadãos vargengrandenses, não a maioria deles, uma parcela, também fazem esta marcha insensata, estúpida para a morte, ao não tomar os devidos cuidados, não usar máscara, não se aglomerar, não tomar a vacina, causando danos irreparáveis para as pessoas e levando à morte pessoas queridas, por serem insensatos e agirem com o mesmo tino de quem comanda a nação brasileira.
Também seria uma lição para a vida pegar estes vargengrandenses transgressores e levá-los a conviver numa UTI ou num quarto de doentes da Covid-19, para eles sentirem o que deve ser tentar respirar e não conseguir, morrendo afogado no seco, sem oxigênio. Ver a exaustão de médicos, enfermeiros e outros profissionais da área, que estão nos limites de suas forças e ainda têm de procurar mais energia para salvar a vida de seu próximo.
Mostrar a dor de uma mãe, de um pai que acabou de perder seu filho ou filha pela doença. Ver as lágrimas de uma criança que acabou de perder seu pai ou sua mãe, quem sabe um irmão pela Covid-19 e, talvez com a dor e o sofrimento do outro, se sensibilizar e passar a contribuir para vencer a pandemia. Se cada um fizer bem o seu dever, a situação tende a melhorar.
Mostrar a um desses irresponsáveis que andam por aí sem máscara, que se aglomera, participa de festas e contamina outras pessoas, como é pesado o fardo de um político que tem de tomar a todo momento medidas para que a sociedade vença a doença.
Como é ser provedor de um hospital que não tem dinheiro, verbas e vê entrar em colapso a entidade que dirige. Quando presencia alguém esperando para ser socorrido sem ter como oferecer o mínimo, pois chegará o momento que não haverá oxigênio, remédio para intubar pacientes e outros medicamentos, deixando morrer à mingua um ser humano, pela irresponsabilidade de outros.
É horrível para o editor do jornal escrever estas palavras, mas elas são as mais próximas da realidade se todos não acordarem para o que deve ocorrer se não houver uma mudança de atitude em relação à Covid-19.

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