Um importante elo na cadeia da produção de batata na região de Vargem Grande do Sul, é o transportador de trabalhadores rurais, o conhecido turmeiro. A ele cabe também o papel de arregimentar os trabalhadores e fazer a ligação com o produtor rural. Vargem Grande do Sul deve ter hoje em operação cerca de 20 turmeiros, que nesta época da safra da batata, são os responsáveis para que o trabalhador chegue ao campo e o produtor tenha a garantia que sua produção vai sair da terra e atingir os mercados consumidores.
Do antigo caminhão de boia fria, conhecido nas décadas passadas por levar muitos trabalhadores de Vargem para o campo, a maioria deles sem nenhuma segurança ou cobertura, hoje a situação mudou muito e o transporte é feito por ônibus e com fiscalização constante, dando maior segurança e comodidade aos trabalhadores.
A reportagem da Gazeta de Vargem Grande entrevistou o sr. Luís Valverde, 55 anos, que mora no Jd. Ferri, para falar um pouco desta atividade que ganha importância no momento da safra da batata deste ano. Desde os 19 anos trabalhando como turmeiro, no início com uma Kombi, Luís hoje possui três ônibus próprios e mais um de sociedade.
Trabalhando com cerca de 200 pessoas, ele presta serviços para os associados do Condomínio da ABVGS e está agora concentrado na safra da batata que está no seu início. O empreendedor também está sentindo as consequências do preço baixo do produto e as causas climáticas, como a geada que ocorreu recentemente e tem afetado também o seu trabalho, pois, muitas lavouras estão em ritmo lento para colher a batata, aguardando os resultados dos preços oferecidos pelo mercado.
Luís disse que este ano está atípico, diferente dos anos anteriores quando no início da safra o preço da batata está bom e a procura pelos trabalhadores é grande. Ele sente que agora está mais fraco, sendo um dos motivos o baixo preço da saca da batata paga ao produtor, que para ver se melhora, segura a colheita. Dessa forma, ele também se sente atingido, pois a comissão que recebe dos produtores depende da produtividade das sacas de batatas arrancadas do solo.
Sobre sua profissão, disse que é um tanto quanto difícil, pois tem de trabalhar com o ser humano e a tarefa torna as relações um tanto quanto complicadas. “O bom é que damos trabalho para tantos pais de família nesta época e isso traz uma boa recompensa para nós”, comentou. A procura por trabalho é grande junto ao turmeiro. Neste momento de desemprego que vive o País, toda hora tem pessoas procurando por serviço e ele vê a importância da lavoura para Vargem Grande do Sul na geração de empregos, principalmente para as pessoas com menos escolaridade.
Tudo que possui hoje, Luís deve à sua profissão de turmeiro. “Trabalhando corretamente, dá para ter uma boa qualidade de vida”, falou. Disse que devido à pandemia, o Condomínio que presta serviço exige todos os procedimentos com relação à segurança dos trabalhadores, todos com exames de Covid-19 realizados. Também fala sobre a exigência dos EPIs, que são fornecidos aos catadores de batata, como luvas, sapatão, boné, camiseta, cesta básica, banheiros, água gelada, dentre outras benfeitorias que os trabalhadores recebem, sendo todos eles registrados e com as garantias trabalhistas.
Seus ônibus têm capacidade para 45 trabalhadores, que viajam sentados, sendo que logo cedo, por volta das 7h, já estão nos pontos recolhendo os trabalhadores e por volta das 16h, eles são devolvidos aos seus lares. Cita que uma parte destes trabalhadores é de Vargem e uma quantidade maior é de safristas que vieram do Nordeste para trabalhar na safra de batata de Vargem e região. “Trabalhar na roça é um tanto duro, mas sabemos o quanto hoje está difícil arrumar emprego na cidade. Na roça, durante as safras, as pessoas conseguem emprego e ganhar um pouco mais. É bom saber que o trabalho na roça ajuda a sustentar milhares de famílias de Vargem Grande do Sul e também as famílias dos que aqui vêm em busca de trabalho”, falou o turmeiro.