Setembro Amarelo alerta para alto número de suicídios

Desde 2014, a Campanha Setembro Amarelo, da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), visa alertar, conscientizar e sensibilizar a sociedade sobre a importância da prevenção do suicídio e a necessidade de falar sobre o assunto.
No dia 10 de setembro celebra-se o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, mas a campanha acontece durante todo o ano, principalmente durante o mês de setembro. Atualmente, as prefeituras e entidades de todo o país e do mundo aderem à campanha, quando ações são divulgadas e medidas socioeducativas são realizadas.
Atualmente, o contexto da pandemia da Covid-19 também vem sendo apontado por diversos países e organizações científicas como um alerta para um aumento ainda maior nas ocorrências de suicídio e automutilação. Isso ocorre devido ao agravo de riscos psicossociais, medo do contágio, ansiedade, isolamento social, luto e stress das tensões relativas à infecção.

Números alarmantes
De acordo com o Ministério da Saúde, todos os anos são registrados mais de 13 mil suicídios no Brasil e mais de 1 milhão no mundo. A taxa vem aumentando principalmente entre os jovens e cerca de 96,8% dos casos de suicídio estavam relacionados a transtornos mentais, como depressão, transtorno bipolar e abuso de substâncias.
Muito mais do que números, essas pessoas muitas vezes possuem um rosto conhecido, familiares e amigos. Dados mostram que cada suicídio impacta pelo menos mais seis pessoas. Apenas nos últimos 10 dias foram registrados três suicídios na região de Vargem Grande do Sul.
No dia 7, um homem de 46 anos se matou em sua casa em São José do Rio Pardo durante a madrugada. Sua filha, de 21 anos, dormia no quarto ao lado e acordou com um barulho vindo do quarto dele. Quando foi ver, se deparou com o pai enforcado, sentado com um fio amarrado ao pescoço e à porta do guarda roupas.
No dia 9, um garoto de apenas 15 anos cometeu suicídio em Aguaí. Os avós do garoto moram na casa ao lado e, após não ouvirem nenhum barulho vindo da residência, ficaram preocupados. O avô, de 62 anos, e seu filho foram até o local e encontraram o adolescente pendurado pelo pescoço, enforcado por uma corda.
Nesta segunda-feira, dia 13, um homem de 40 anos se matou por enforcamento em São João da Boa Vista. Ele foi encontrado de bermuda, sem camiseta e com um laço feito em corda, a qual estava amarrada na viga do telhado. Segundo relato de familiares, ele sofria de depressão, fazia uso de medicamentos controlados e já havia sido internado três vezes para tratamento de dependência química e, inclusive, já havia tentando suicídio outras vezes.
Há alguns dias, um homem de Vargem também faleceu após dias internado. Ele teria ingerido veneno.

Prefeitura
Em Vargem, diversas empresas e instituições abraçam a causa e se posicionam a favor do movimento, como a Prefeitura Municipal, por meio do Centro de Atenção Psicossocial (Caps). De acordo com a prefeitura, o serviço de saúde mental da cidade disponibiliza acolhimento aos casos identificados, oferecendo escuta especializada, atendimento em psiquiatria e psicologia.
Quando estiver enfrentando momentos difíceis ou pensamentos suicidas, o munícipe deve buscar ajuda no Caps, à Rua Major Antônio Oliveira Fontão, nº 460, no Centro, das 7h às 17h, de segunda a sexta-feira, ou pelo telefone (19) 3641-8171.
Além disso, o apoio emocional e a prevenção ao suicídio no Centro de Valorização da Vida (CVV) pode ser buscado, de forma gratuita, pelo telefone, e-mail ou chat 24 horas que estão disponíveis no site www.cvv.org.br.

Psicóloga fala da importância de tratar o assunto

A psicóloga Lívia Siqueira Salera, de 26 anos, está na área há cinco anos e falou à Gazeta de Vargem Grande sobre a importância de se procurar ajuda.
Conforme comentou, as dificuldades que ocorrem ao longo da vida de um ser humano são muitas, por isso o atendimento psicológico é de grande valia no auxílio em situações de medos, inseguranças, depressão, ansiedade, incertezas, alterações de humor, dificuldades em tomar decisões, pensamentos de morte, dificuldades nos relacionamentos, timidez, entre outros.
“Portanto, com a ajuda de um profissional da psicologia, o paciente desenvolverá a capacidade de ver a doença, assim como outras situações e acontecimentos, de um ângulo que não tinha visto antes, refletindo e permitindo perceber estratégias de enfrentamento que resgatem o bem-estar e promovam uma melhora na qualidade de vida”, disse.
Além disso, ela alertou para o que os familiares e amigos podem fazer ao perceber que uma pessoa está com depressão ou pensamentos suicidas. “É importante que os familiares e amigos fiquem atentos aos comportamentos da pessoa, pois na maioria das vezes o próprio paciente não sabe o que está acontecendo e acaba se fechando”, comentou.
“E é aí que família e amigos entram, acolhendo e ouvindo aqueles que apresentam sintomas depressivos ou pensamentos suicidas, pois ao contrário do que muitos pensam, é muito importante falar sobre isso. Lembrando que não é necessário ter solução para todos os problemas, o intuito é ouvir o que a pessoa tem a dizer e saber como ela se sente. Além de incentivá-la a buscar ajuda profissional”, completou.
A profissional contou que tem a impressão de que as pessoas têm medo de falar sobre esses assuntos, além de muitos ainda não terem muita informação e acabarem tratando como frescura. “A ideia da quebra desse tabu, seria incentivar as pessoas a falar sobre depressão e suicídio e trabalhar na prevenção, principalmente nas escolas, através de campanhas. Além de treinamento adequado para profissionais de saúde, para saber lidar com comportamentos suicidas, identificar e apoiar pessoas em risco, fazendo acompanhamento a longo prazo”, disse
“E por fim, é válido lembrar que quanto antes os sintomas de depressão, síndrome do pânico e ansiedade forem observados, mais rápido é o tratamento e assim podemos evitar que o paciente tire a própria vida”, finalizou.

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