Pe. Luís Fernando integra grupo de estudo sobre proteção a crianças e adolescentes

O padre vargengrandense ajudará na elaboração de diretrizes para a Igreja no Brasil. Foto: Arquivo Pessoal

Padre Luís Fernando da Silva, de Vargem Grande do Sul, foi convidado para integrar o Grupo de Trabalho do Núcleo Lux Mundi para a elaboração das Diretrizes sobre a Proteção da Criança e do Adolescente da Igreja no Brasil.
O convite chegou em carta enviada por Eliana Souza De Carli, Coordenadora Nacional do Núcleo Lux Mundi, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e Conferência dos Religiosos do Brasil.
Em comunicado, o bispo diocesano Dom Antônio Emídio Vilar pontuou que essa nomeação traz muita honra à Diocese. “Que, por meio do nosso presbítero, poderá colaborar com a Igreja no Brasil em consonância com os anseios do Santo Padre o Papa Francisco no sentido de proteger a integridade e a dignidade do ser humano vulnerável”, disse.
Luís Fernando é natural de Vargem Grande do Sul e atualmente é padre em Mogi Guaçu e assessora o bispo diocesano como Coordenador Diocesano de Pastoral. É professor de Metafísica e Eclesiologia no Instituto de Filosofia e Teologia São Francisco e Santa Clara (INTEFISA), de Mococa.
Graduado em Filosofia pelo Instituto Coração de Maria, o padre fez bacharel em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) Campinas, é especialista em acompanhamento espiritual pelo Centro Universitário Salesiano de São Paulo (UNISAL) e está mestrando em teologia sistemática pela PUC-PR.
À Gazeta de Vargem Grande, o Pe. Luís Fernando contou como foi receber este convite. “Recebi o convite com uma grata surpresa. Foram escolhidos cinco brasileiros, sendo eu do estado de São Paulo, um padre de Goiás, duas leigas: do Rio de Janeiro e de Curitiba, uma religiosa de Brasília e um professor leigo da PUC-PR”, comentou.
“Fiquei honrado com o convite e ao mesmo tempo comprometido com a responsabilidade da missão de integrar um Grupo de Trabalho que serve à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e a Conferência dos Religiosos do Brasil”, completou.

Proteção
O padre explicou que o grupo tem a responsabilidade de elaborar Diretrizes Nacionais para a Proteção da Criança e do Adolescente naquilo que se refere aos ambientes da Igreja Católica. “Tem sido uma preocupação do Papa Francisco essa temática da proteção. É sabido infelizmente que na sociedade e também na Igreja Católica que faz parte desta, acontece abuso de crianças e adolescentes. Obviamente esse assunto, que é extremamente delicado, se torna ainda mais, quando acontece no ambiente eclesial, por padres, religiosos, catequistas, pois além da traumática violência do abuso acrescenta-se a perda da confiança na instituição religiosa”, explicou.
“Por esse motivo, o Papa Francisco por meio de um Motu proprio intitulado ‘Vox estis lux mundi’ tem pedido que a Igreja Católica em todos os países tenham diretrizes claras para a formação da consciência, da prevenção e da responsabilização naquilo que toca o abuso de crianças e adolescentes em ambiente eclesial”, disse.

Diretrizes
Como comentou o padre Luís Fernando, o objetivo da Igreja ao elaborar essas diretrizes é manifestar o seu compromisso preventivo e sua responsabilização civil e canônica quando ocorrem abusos de crianças e adolescentes no ambiente eclesial.
Ele informou que essas diretrizes ainda querem promover um ambiente e uma cultura seguros, avançar para um recrutamento cada vez mais seguro de todos aqueles que assumem responsabilidades na organização pastoral da Igreja Católica e apoiá-los nas suas tarefas, responder prontamente a qualquer preocupação ou alegação relativas à proteção das pessoas, dar testemunho de uma preocupação pastoral, tendo em consideração todas as obrigações legais, para com as vítimas de abuso e de agressão que possam ocorrer em ambiente eclesiástico.
Além disso, as diretrizes ainda buscam dar testemunho de uma preocupação pastoral, tendo em consideração todas as obrigações legais, para com aqueles que são alvos de acusação de abuso ou de agressão e por quaisquer pessoas afetadas por estas questões que possam ocorrer no ambiente eclesiástico e por fim, assumir as nossas responsabilidades relativamente àqueles que possam representar um risco para outras pessoas.

No Brasil
Ele pontuou que o Brasil tem dado muito passos naquilo que toca a proteção de crianças e adolescentes, contudo, ainda há muito a se fazer. “Pois esta é uma realidade presente principalmente no ambiente familiar em maior proporção que outros ambientes como a escola, instituições religiosas e esportivas, entre outras”, disse.
“Se faz necessário espalhar a cultura do cuidado e da prevenção, para evitar esse gravíssimo tipo de violência e quando esta infelizmente acontece, se faz necessário uma séria e criteriosa responsabilização dos agressores e um acurado sanar das feridas psicológicas na vítima”, completou.

Participação
O vargengrandense contou que o grupo já está se encontrando de forma on-line uma vez por semana. “Estamos estudando juntos as diretrizes já existentes na Igreja e estamos selecionando os elementos que são interessantes para a elaboração das Diretrizes brasileiras. Nessa equipe, temos um bom suporte técnico de juristas, canonistas, psicólogos e teólogos, o que ajuda na amplitude e na abrangência do texto, fazendo com que este tenha circularidade no ambiente eclesiástico e boa articulação com a legislação civil brasileira”, comentou.
Luís Fernando comentou que, objetivamente, desconhece dados oficiais de como o crime está presente em Vargem naquilo que toca as esferas civis, bem como eclesiástica. Contudo, ele crê que o impacto das diretrizes, que são para todo o país, de maneira direta também diz respeito a Vargem, no sentido de que todas as comunidades eclesiais presentes no território nacional devem sentir-se responsáveis pela cultura preventiva e protetiva das crianças e adolescentes.
Com as diretrizes já em fase de elaboração, o padre comentou que em novembro, seu Grupo de Trabalho realizará um Simpósio sobre o tema, no qual participarão vários organismos da sociedade civil, que também poderão oferecer reflexões críticas ao texto. “Na sequência, o texto será apresentado ao Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil que irá analisá-lo e se oportuno autorizar a sua publicação, de forma que em consonância com Santa Sé (Vaticano) se tornam Diretrizes Nacionais para a proteção da criança e do adolescente da Igreja Católica no Brasil”, informou.
Uma vez que as Diretrizes estiverem publicadas, o vargengrandense pontuou que a responsabilidade da Igreja Católica é torná-las conhecidas para sacerdotes e os que estão se preparando para o sacerdócio, os seminaristas, bem como aos leigos e leigas que atuam diretamente em atividades pastorais que envolve crianças e adolescentes.
O padre ressaltou que o principal objetivo dessas diretrizes não é tratar os fatos já ocorridos, o que, segundo ele, também será feito com grande responsabilidade, mas o objetivo principal é criar uma cultura preventiva e protetiva.
Ao jornal, Luís Fernando lembrou uma frase do Papa Francisco sobre o assunto. “Os crimes de abuso sexual ofendem Nosso Senhor, causam danos físicos, psicológicos e espirituais às vítimas e lesam a comunidade dos fiéis. Para que tais fenômenos, em todas as suas formas, não aconteçam mais, é necessária uma conversão contínua e profunda dos corações, atestada por ações concretas e eficazes que envolvam a todos na Igreja, de modo que a santidade pessoal e o empenho moral possam concorrer para fomentar a plena credibilidade do anúncio evangélico e a eficácia da missão da Igreja”, finalizou.

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