Como o Brasil vê a violência contra a mulher

No dia 25 de novembro, foi celebrado o Dia Internacional da Não-Violência contra a Mulher, data oficial das Organizações das Nações Unidas (ONU) convencionada desde a Assembleia Geral da instituição de 1999. Durante a semana, o Instituto Locomotiva em parceria com o Instituto Patrícia Galvão lançaram o estudo Percepções da População Brasileira sobre o Feminicídio.
Entre os dados alarmantes levantados estão que 57% dos brasileiros conhecem alguma mulher que foi vítima de ameaça de morte pelo atual ou ex parceiro, e que 37% conhecem uma mulher que sofreu tentativa ou foi vítima de feminicídio íntimo, quando o autor é o atual ou ex companheiro da mulher ou alguém com o qual ela manteve algum tipo de relacionamento ou convivência familiar, não apenas companheiros e maridos, mas também namorados, além daqueles praticados por um membro da família, como o pai, padrasto, irmão ou primo.
Outo dado preocupante aponta que 30% das mulheres já sofreram ameaça de morte por ao menos um parceiro ou ex-parceiro; 7% foram ameaçadas por mais de um parceiro. Além disso, 16% das mulheres declaram já terem sofrido tentativa de assassinato por ao menos um parceiro; entre as mulheres negras são 18%. Entre as mulheres que já sofreram ameaça de morte pelo atual ou ex-parceiro, mais da metade (53%) disseram também terem sido vítimas de tentativa de feminicídio.
Nos últimos meses, a Gazeta tem divulgado quase que semanalmente casos em que a PM precisou ser acionada em Vargem ou na região, para atender casos de violência doméstica. E esses são os casos em que há denúncia, pois é sabido que a maioria das mulheres tem medo de efetuar a denúncia. Muitas ainda dependem financeiramente de seus companheiros.
Em Vargem, as mulheres contam com o suporte da Justiça, da Polícia Militar e da Delegacia de Defesa da Mulher, que atualmente funciona junto da Polícia Civil. No entanto, não há casa de apoio ou um projeto de política pública específico para esse atendimento. Essa situação também foi percebida na pesquisa.
Para 90% dos entrevistados, se as mulheres ameaçadas de feminicídio tivessem apoio do Estado elas se sentiriam mais seguras para denunciar e sair da relação violenta. E 85% acreditam que os serviços de atendimento à mulher agredida sejam bons, mas estão presentes em poucas cidades e não dão conta de atender as mulheres em todo o país.
É preciso que o Estado ofereça condições para que a mulher consiga quebrar o ciclo da violência em que ela se encontra. Não apenas apoio psicológico, mas também segurança e meios de que ela consiga sua independência financeira. E é preciso que a sociedade como um todo perceba que homens violentos precisam ser denunciados, julgados e que cumpram suas penas para evitar que mais mulheres sejam ameaçadas, humilhadas, agredidas e assassinadas diariamente no país.

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