A força da boa política

Há um desânimo nacional com a política. Escândalos de corrupção, falta de representatividade, polarização, descrédito. Esses são alguns dos fatores que afastam cada vez mais a população da discussão política. No entanto, a política é essencial para a vida em sociedade, na organização da população e do Estado.
A história recente de Vargem Grande do Sul tem exemplos de como a política mal feita e como políticos sem escrúpulos podem causar um prejuízo enorme ao município e acentuar ainda mais esse sentimento.
Porém, na semana em que Vargem celebra 100 anos de sua emancipação, é preciso relembrar como o esforço político é fundamental para que uma comunidade evolua. O projeto de lei 48, transformado no Decreto- Lei nº 1.804, de 1º de dezembro de 1921, que criou o município de Vargem Grande, é um exemplo de como homens públicos e uma comunidade engajada podem concretizar grandes feitos.
Assim como muitas cidades que nasceram de pequenas vilas, que antes eram um punhado de casas, a história de Vargem Grande do Sul é marcada por alguns personagens principais, como os irmãos Garcia Leal, donos da sesmaria que originou a cidade, e Cel Mariano Parreira, figura central na oficialização da divisão dessas terras e um dos primeiros juízes de paz da cidade, nomeado pela Câmara de São João da Boa Vista, a qual Vargem era subordinada. Falecido em 1932, Cel. Mariano Parreira dedicou 40 anos de sua vida ao desenvolvimento de Vargem.
Outro nome central do início da história vargengrandense é Cap. Belarmino Rodrigues Peres. Eleito subprefeito de Vargem pela Câmara de São João, ele deu início ao processo de emancipação do município, algo já pensado na gestão do sub-prefeito Cel. Lúcio. Esse processo liderado por Cap. Belarmino envolveria muitos políticos da cidade, vereadores que exerciam mandato em São João e o apoio de deputados, como Theóphilo Ribeiro de Andrade.
O então subprefeito comandou a apresentação do pedido de emancipação ao Legislativo Paulista, reunindo uma série de documentos exigidos, angariando o apoio da população, que assinou em peso um abaixo assinado para este fim. Ao percorrer a lista de nomes, é possível encontrar pessoas que foram responsáveis por boa parte da história da cidade.
Capitão Belarmino executou uma série de obras na vila para que ela pudesse ser alçada a município, como a construção da sede da então subprefeitura, os jardins públicos da Praça da Matriz e da Praça da Subprefeitura atual Praça Washington Luiz.
O deputado Theophilo Ribeiro de Andrade, de São João da Boa Vista, levou no começo de 1921 ao Congresso Estadual a representação vargengrandense, defendendo o projeto. Em 1º de dezembro de 1921, o presidente do Estado de São Paulo, Washington Luiz Pereira de Souza, assina o Decreto-Lei nº 1.804, criando o município de Vargem Grande.
A instalação do município ocorreu no dia 24 de fevereiro de 1922, com missa solene celebrada pelo padre Donizetti e posse da primeira Câmara Municipal de Vargem Grande, que teve como primeiro presidente Joaquim Octavio de Andrade, o Quinzinho Otávio. O então vereador Belarmino Rodrigues Peres foi eleito por seus colegas primeiro prefeito do novo município.
Em uma pesquisa nos arquivos históricos da Assembleia Legislativa do Estado é possível encontrar a documentação enviada para a emancipação política da cidade e nela está visível todo empenho para que isso ocorresse. Foram enviados mapas, levantamentos econômicos, de infraestrutura, dados demográficos, atas de reuniões, tudo feito em uma época onde os documentos eram, em sua maioria, escritos à mão.
O resultado foi a emancipação política de Vargem Grande, que em 1944 passou a ter seu nome atual: Vargem Grande do Sul. Em seguida, mais batalhas foram travadas, como a criação do primeiro curso ginasial, a Escola Estadual Alexandre Fleming, com a participação ativa dos vereadores e do deputado estadual Mário Beni, a instalação da Comarca, ocorrido em janeiro de 1969, o que também careceu de grande articulação política.
Por tudo isso, é preciso que os bons políticos sejam lembrados e reconhecidos e que os maus paguem por seus erros e sigam apenas como exemplo do que não deve ser feito. Pois a política quando bem exercida, quando encontra homens e mulheres que além de visão, possuem conduta ética e espírito público, deixa um legado muito mais sólido do que aquela exercida apenas como projeto pessoal de poder.

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