Também não será dado nome à praça e busto de pe. Donizetti não irá mais para a frente da Igreja Matriz
Após levantar muitas polêmicas, principalmente nas redes sociais, a informação que o jornal Gazeta de Vargem Grande obteve do pároco da Paróquia de Sant´Ana, padre Carlos Eduardo Dóbies, é que as árvores da espécie ficus benjamina que há décadas foram plantadas ao lado da Igreja Matriz de Sant´Ana, não serão mais cortadas, conforme constava do projeto de reconstrução da praça.
A conversa com o pároco aconteceu nesta quinta-feira, dia 6 de janeiro, e ele adiantou que também não serão mais feitos os jardins que estavam planejados, que o nome de Praça da Conciliação não será mais efetivado e não será transferido o busto do pe. Donizetti Tavares de Lima, que está na Praça Cap. João Pinto Fontão, para o pequeno jardim localizado na entrada da Igreja Matriz. Afirmou ainda que não será mais colocada a imagem de Nossa Senhora Aparecida, do outro lado como o anunciado e que somente será feito uma nova iluminação no local.
Além das polêmicas levantadas pelas reformas, que foram objeto de matéria publicada pela Gazeta de Vargem Grande em julho de 2021, as dificuldades financeiras que o país atravessa e que também atingem a igreja, pesaram nas decisões do padre, que assumiu a paróquia há pouco tempo e mostrou-se avesso às polêmicas geradas. Para ele, agora a prioridade é reformar a Igreja de São Benedito que está passando por sérios problemas estruturais.
Das reformas previstas, foram feitas somente a restauração do piso de mosaico português, o plantio de algumas árvores atrás da igreja e o fechamento do local com uma corrente, impedindo que os carros estacionem ao lado da igreja, ficando permitido o estacionamento apenas para quem frequenta as missas e para atos como casamentos e outras solenidades religiosas.
Conforme matéria publicada pelo jornal, a praça ao redor da Igreja Matriz de Sant’Ana iria receber nome e passar por uma profunda reforma. O projeto arquitetônico e paisagístico havia sido aprovado pela Paróquia e era de autoria da arquiteta Pricila Beloni. Ele foi apresentado ao bispo diocesano Dom Antônio Emídio Vilar em maio do ano passado e contou com a aprovação do mesmo.
Na matéria consta que a elaboração do projeto teve início durante a gestão do então pároco padre Paulo Valim, que também foi o responsável pela reforma do prédio da Igreja Matriz, que teve início em 2014 e depois de passar por várias intervenções e melhorias, terminou em 2020, depois que o prédio recebeu novo revestimento externo de pastilhas.
No projeto aprovado constava a restauração do piso de mosaicos em pedras portuguesas, uma nova iluminação, todo o projeto paisagístico, com a construção de novos canteiros e jardins e também a transferência do busto do pe. Donizetti Tavares de Lima para a entrada da Igreja Matriz e do outro lado, a colocação da imagem de Nossa Senhora Aparecida.
Depois de pronta as reformas, seria dado o nome ao local de Praça da Conciliação. Como explicou o jornal na época, ao contrário da Praça Capitão João Pinto Fontão, que pertence ao poder público municipal e também sofreu uma grande reforma recentemente, a área existente ao redor da Igreja Matriz pertence à Paróquia de Sant’Ana e só ela pode permitir e realizar as reformas necessárias.
Outra reportagem realizada pela Gazeta de Vargem Grande em julho de 2020, quando ainda era pároco, o pe. Paulo Valim informou que uma vez finalizada a reforma do prédio da igreja, o próximo desafio seria restaurar a praça ao redor da igreja, com previsão de término para 2021, sendo que a obra estava orçada no ano passado em aproximadamente R$ 400 mil, quando a paróquia completaria 130 anos de sua instalação, o que aconteceu em 1891.
Fotos: Reportagem
Projeto Original
O jornal na ocasião também entrevistou a arquiteta e paisagista Pricila Beloni, que apresentou o projeto de paisagismo da Praça da Conciliação. Pricila também foi a responsável pela reforma paisagística que a prefeitura municipal realizou na Praça Capitão João Pinto Fontão, também conhecida como Praça da Matriz.
De acordo com o projeto da arquiteta, haveria a construção de novos canteiros, plantio de árvores, nova iluminação e seria instalada uma corrente proibindo a entrada de veículos, sendo que o estacionamento de carros seria permitido durante as missas e solenidades religiosas, como casamentos, batizados, etc, o que de fato aconteceu.
Pricila disse que o projeto foi elaborado a pedido do então pároco pe. Paulo Valim que sugeriu o nome de Praça da Conciliação e foi ele que pediu para que o busto do pe. Donizetti Tavares de Lima, que está exposto na Praça Cap. João Pinto Fontão, fosse colocado em frente à Igreja Matriz, ao lado direito de quem olha para a igreja, onde se localiza a torre. Do lado esquerdo, seria instalada uma imagem de Nossa Senhora Aparecida.
Conforme publicou o jornal na época, o termo conciliação significa apaziguar, pacificar, reconciliar e tem a ver com a transferência do padre Donizetti, que foi pároco do município de 1909 e 1926 e segundo os relatos, teria sido designado para Tambaú a pedido dos fazendeiros e empresários que se opunham à sua atuação pastoral e evangélica a favor dos menos favorecidos.
Muito querido pela população, a saída do padre Donizetti Tavares de Lima de Vargem Grande do Sul, beatificado em 2019, criou na época uma grande divisão na sociedade vargengrandense, com pessoas e famílias se posicionando contra e a favor do que ficou conhecido como a “expulsão do padre santo da cidade” e cujo mal entendido perdura até os dias atuais. Escreveu o jornal que passados quase um século, procurava-se agora este apaziguamento entre os admiradores do padre Donizetti, a igreja e a sociedade vargengrandense.
Explicou a arquiteta na entrevista realizada, que padre Paulo lhe solicitou que gostaria que a praça tivesse mais flores e apenas uma entrada de cada lado, fechada com uma corrente e permitindo que somente os carros dos fiéis entrassem durante as solenidades religiosas. Ela então projetou canteiros dos dois lados da igreja, margeando as ruas e toda a floração das plantas estariam voltadas para o mês de julho, que é o mês de Sant’Ana e também setembro, que é o aniversário da cidade.
“No mês de setembro teremos os canteiros das duas laterais floridos e as árvores que serão plantadas nas laterais e atrás da igreja serão da espécie jacarandá mimoso, cuja cor azul além de constar na bandeira da cidade, combina muito com as cores do prédio da Igreja Matriz”, explicou a arquiteta na matéria publicada em julho de 2021.
Nos canteiros em frente à igreja, seriam plantados lírios cor de rosa, cor de Nossa Senhora Sant’Ana e os ipês que iriam substituir as árvores fícus benjamina, que há muitos anos estão na praça, onde ficam os carros de taxis, deveriam sair do local, seriam de cor rosa, em alusão a Sant’Ana, segundo explicou a paisagista.
A reportagem do jornal procurou a arquiteta e paisagista Pricila Beloni para falar sobre o cancelamento dos projetos que realizou para a reforma da praça ao redor da Igreja Matriz de Sant´Ana, mas a mesma falou que somente o padre Carlos Eduardo Dóbies iria se pronunciar a respeito.