Com apenas R$ 800 mil investidos no ano passado em virtude da pandemia, este ano o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAE) do município de Vargem Grande do Sul prevê um grande investimento, algo em torno de R$ 10 milhões, cujo valor vai ser completado através de uma linha de crédito já em execução, segundo apurou o jornal Gazeta de Vargem Grande.
Para fazer frente aos investimentos que visam melhorar a qualidade da água, o tratamento do esgoto produzido e diminuir a falta de água em vários bairros da cidade, que é um dos principais reclames da população junto ao SAE, a autarquia já teria em caixa cerca de R$ 7 milhões.
Quando o prefeito Amarildo Duzi Moraes (PSDB) assumiu logo depois da administração do ex-prefeito Celso Itaroti (PTB), a situação do SAE era crítica, com baixos investimentos realizados nos quatros anos do petebista, dívida grande junto à Elektro, sucateamento dos equipamentos e enorme dívida ativa dos contribuintes junto à autarquia.
Na época, a dívida ativa dos contribuintes era um dos maiores problemas enfrentados pelo SAE. Em 2016, cerca de 32% da população não pagava a conta de água, que chegou a beirar os R$ 5 milhões. No final de 2017, foi reduzido para 21,02% e em 2018, ficou na casa dos 16% e o número de inadimplentes com o SAE continuou baixando até hoje.
Outro problema sério, de acordo com os dados apresentados, era o déficit orçamentário da autarquia, que em 2016 foi na ordem de R$ 2,3 milhões, contando com o parcelamento da dívida de energia elétrica deixada pela gestão passada. Em 2017, o déficit caiu para R$ 1,2 milhões e a retomada do equilíbrio era esperada a partir de 2019.
Numa descrição feito no ano de 2018 pelo prefeito numa das reuniões realizadas, Vargem Grande do Sul possuía mais de 14 mil ligações de água residenciais e cerca de 1.200 comerciais. O SAE era deficitário e o Executivo investiu em torno de R$ 800 mil naquele ano na autarquia, que possuía mais de 60 servidores, sendo que toda parte administrativa, Recursos Humanos, contabilidade, Finanças, operação tapa buracos, entre outras, ficava a cargo da Prefeitura.
A receita bruta do SAE em 2017 foi de R$ 8.433.449,09. Em 2021, o Orçamento aprovado à autarquia foi de R$ 10.650.000,00 e para 2022, a Câmara Municipal aprovou um orçamento de R$ 10.900.000,00.
Foram quatro anos para colocar a casa em ordem, sendo que neste processo, logo nos primeiros anos da administração de Amarildo (2017/2021), o prefeito estudou a possibilidade de se terceirizar o setor, por exemplo como acontece em São João da Boa Vista e Divinolândia, que possuem contrato com a Sabesp, dado as dificuldades enfrentadas para melhorar o serviço de água da cidade. Foram feitas várias reuniões com lideranças da cidade, moradores de bairros e houve intensa conversação com a Sabesp, mas no final, o prefeito optou por não privatizar o SAE.
SAE viável
Num dos encontros realizados pelo prefeito em 2018, quando se discutia a privatização ou não do serviço de água do município, Amarildo, segundo noticiou a Gazeta de Vargem Grande, ponderou que embora naquele ano o sistema fosse deficitário, desse prejuízo; fosse ineficiente, pois oferecia um produto sem qualidade, não pelo tratamento, mas pela distribuição que acabava prejudicando a água que chegava nas torneiras; onerava a prefeitura, que precisava fazer constantes aportes financeiros, além de empregar o trabalho de servidores de outros departamentos; o SAE era viável, a médio e longo prazo, desde que houvesse melhor gestão.
Início dos investimentos
Em 2019, já imbuído de melhorar as contas e os investimentos no SAE, o prefeito Amarildo Duzi Moraes enviou então à Câmara Municipal o projeto de lei que foi aprovado por unanimidade pelos vereadores na sessão realizada no dia 2 de dezembro, para obtenção de um financiamento em nome da Prefeitura Municipal, cuja verba seria destinada ao Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAE) do município no valor de até R$ 3.452.000,00, na linha de crédito do Financiamento à Infraestrutura e ao Saneamento (Finisa) junto à Caixa Econômica Federal.
Investimentos em 2021
Desde que assumiu a prefeitura em 2017, o prefeito Amarildo já indicou três superintendentes para administrar o SAE, sendo eles Edson Sbardellini, Klabin Dei Romero e atualmente Celso Bruno, que assumiu em outubro de 2021.
Quando Celso assumiu, vários projetos já vinham sendo tocados, sendo o principal foco a melhoria na gestão administrativa. Para agilizar e prestar um melhor serviço à população, foram adquiridas oito caminhonetes pequenas, tipo picapes, que são utilizadas por oito equipes, cada uma com um encanador e um ajudante, dando maior dinâmica ao atendimento das demandas.
“Só para citar um exemplo, a demanda por ligação de água que antes era em torno de 40 pedidos acumulados, hoje está em torno de 12”, disse o atual superintendente Celso Bruno, na entrevista que concedeu ao jornal.
Ainda em 2021, as principais ações do SAE eram com relação ao Plano de Redução de Perdas, que consiste na normalização da pressão de rede, com a troca de encanamentos em diversos bairros da cidade, a substituição de hidrômetros, instalação de macro medidores, para saber quanto de fato é produzido de água tratada e a perca existente no sistema, além da implantação da setorização das redes nos bairros.
Também foi dado andamento nos projetos de construção de novas adutoras, aquisição de novas bombas e a construção de cinco reservatórios, conforme matéria publicada recentemente pelo jornal.
Já na Estação de Tratamento de Água (ETA), que fica junto à barragem, Celso afirmou que foi dado ênfase no ano passado na troca dos elementos filtrantes, feito manutenção em todo o sistema de bombeamento e o mais significativo foi o de desassoreamento da Barragem Eduíno Sbardellini, que aconteceu no ano passado.
Outras duas importantes iniciativas, estas a cargo do vice-prefeito Celso Ribeiro do Podemos, é a construção dos dois reservatórios que vão contribuir para o armazenamento de água da cidade.
Nova Adutora
Durante a semana, os trabalhos de instalação da nova adutora de água continuam. Na rede social Facebook, o prefeito Amarildo Duzi Moraes (PSDB) informou, na quarta-feira, dia 12, que a nova adutora de 250 milímetros de diâmetro estava sendo instalada na Avenida Manoel Gomes Casaca e chegaria até os reservatórios do Jardim Paulista. Como pontuou, serão duas novas adutoras e cinco novos reservatórios, sendo que nessas obras o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAE) está investindo R$ 3,5 milhões.
Superintendente fala sobre a ETE
Nesta prestação de contas de 2021 que o superintende do SAE respondeu ao jornal, também lhe foi perguntado sobre os problemas que aconteceram na Estação de Tratamento de Esgoto (ETE), que foi alvo de denúncia dos vereadores municipais, com o esgoto sendo devolvido ao Rio Verde sem o devido tratamento em alguns dias.
Segundo Celso, a ETE tem de ter manutenção permanente e alguns equipamentos estavam avariados, um desgaste natural nas bombas, válvulas de retenção, aeradores, etc. “Foram feitas todas as manutenções nas bombas, nas boias, nos desarenadores, aeradores, rosca sem fim, batedores, bombas dosadoras, gradeamento, além de pequenas reformas no prédio e nas instalações”, disse Celso Bruno. Segundo ele, a ETE está em pleno funcionamento desde o final do ano passado.