Cineasta de Vargem foi à Antártica registrar pesquisa ambiental

Fernanda Ligabue foi com o Greenpeace até a Antártica. Fotos: Tomas Munita/Greenpeace

Depois de passar dois meses sob o sol escaldante do Oceano Índico para as filmagens de uma campanha do Greenpeace de combate à pesca predatória industrial, a documentarista e videomaker Fernanda de Paiva Ligabue voltou a bordo do Arctic Sunrise, navio da ONG internacional, para dessa vez enfrentar o frio e o vento do oceano do continente Antártico.
A vargengrandense, filha de Fátima e Tadeu Ligabue, diretores da Gazeta de Vargem Grande, passou 30 dias acompanhando uma equipe de cientistas independentes que estão fazendo uma pesquisa na Antártica sobre os impactos das mudanças climáticas na população de pinguins da região.
Fernanda e os demais membros da expedição embarcaram no dia 7 de janeiro, depois de 10 dias em quarentena em Punta Arenas, no Chile, e passaram os 30 dias seguintes a bordo do navio Arctic Sunrise, um navio quebra-gelo de 1975, do Greenpeace. “Estávamos em uma equipe com mais de 30 pessoas entre capitão, deckhands, engenheiros, cientistas e time de comunicação. Eram pessoas de diversos países como Fiji, Coréia, França, Finlândia, Holanda, Inglaterra, EUA, Chile e Brasil por exemplo”, falou em entrevista à Gazeta de Vargem Grande.
A rotina no navio era intensa. Segundo contou Fernanda, todos os dias, às 7h30 havia o chamado de despertar e logo em seguida, todo mundo deveria participar da limpeza da embarcação. Só então, por volta das 9h, começavam os outros trabalhos.
Assim, a cineasta e outras equipes deixavam o Arctic Sunrise e nos Rhibs, barcos de alta velocidade, partiam para as ilhas do litoral antártico em busca de pinguins. Ela acompanhava os cientistas e especialistas em vida selvagem durante essas expedições, junto de pessoas treinadas para poder chegar de forma segura nessas áreas isoladas na Antártica.
“Toda equipe fazia tudo de maneira muito restrita para garantir a segurança dos animais da Antártica. Precisávamos seguir esses guias e protocolos de segurança para poder chegar às áreas habitadas por focas e pinguins. Além disso seguíamos uma rígida rotina de protocolos de limpeza de equipamentos, roupas e botas, antes de irmos de uma colônia para outra, para evitar contaminação”, explicou. “Isso tudo era seguido muito à risca, o que tornava a filmagem muito mais complexa de se realizar”, comentou. Além disso as temperaturas extremas e com mudanças bruscas nas condições do clima tornavam tudo mais complicado, “É muito difícil filmar na Antártica, porque o tempo muda muito rapidamente. Às vezes, o tempo estava bom para sair com o barco em direção às ilhas e de repente tudo virava, começava a nevar ou ventar muito. Sem falar na neblina. Era necessário que todo mundo ficasse sempre muito atento, porque qualquer minuto ficávamos em situação de risco e tínhamos que sair das ilhas e voltar ao navio”, comentou.
Isso sem falar na temperatura. “Agora é verão lá na Antártica, mas o frio é muito intenso, acho que pegamos de 0 graus a 10 negativo. Mas o vento que bate é muito gelado, então para poder filmar, ficar com a mão para fora segurando a câmera é muito difícil. A gente ainda usava roupas adequadas para o clima Antártico, chamadas de dry suits, especiais para caso tenha queda na água gelada e a gente possa ser resgatado”, detalhou.
“São medidas de segurança muito árduas que a gente precisava seguir porque a Antártica é um lugar muito inóspito e muito longe para chegar. Então a gente seguia muito à risca os protocolos de segurança, pois se caso acontecesse algo de errado seria muito difícil ser resgatado. O resgate pode demorar até dias para chegar lá. Então a gente fazia tudo sempre com muita segurança e muita precaução”, afirmou.

A cineasta documentou a pesquisa sobre o impacto das mudanças climáticas na população de pinguins. Frames de video Fernanda Ligabue / Greenpeace

A pesquisa
Durante os dias em que permaneceu no Artic Sunrise, Fernanda contou que em cerca de 20 dias de filmagens, visitou ilhas acompanhando os cientistas que faziam as contagens de pinguins, especialmente os da espécie Adélie, que vivem em colônias isoladas em uma região conhecida como Weddell Sea. “Entre outras coisas, foi constatado que o mar Weddel da península da Antártica é muito importante para a manutenção e equilíbrio de vida desses pinguins”, observou.
Segundo informe do Greenpeace, as colônias de pinguins Adélie nessa área têm tamanhos populacionais aproximadamente semelhantes a quando foram pesquisadas pela última vez. Assim, considera que as descobertas adicionam mais peso à teoria de que o Mar de Weddell pode fornecer um importante abrigo para a vida selvagem dos piores impactos da crise climática.
Segundo o informe, o Mar de Weddell é o local de uma Área Marinha Protegida (MPA), proposta pela primeira vez há quase uma década pela Comissão do Oceano Antártico (CCAMLR), que até hoje não foi oficializada. Segundo o Greenpeace, esta descoberta reforça a necessidade urgente de proteger e preservar o Mar de Weddell enquanto mantém um ecossistema intacto e funcional.

A vargengrandense relatou as dificuldades de se filmar em uma área tão inóspita. Fotos: Tomas Munita/Greenpeace

Proteja os Oceanos


O Greenpeace está navegando pelos mares do planeta em uma campanha para que um forte Tratado do Oceano Global seja aprovado nas Nações Unidas. O objetivo é que 30% de territórios oceânicos no mundo sejam protegidos pela ONU até 2030.
Em abril de 2020, Fernanda filmou no Oceano Índico uma dessas áreas e agora retratou na Antártica outro território que precisa constar nesse tratado. “O Greenpeace busca que até 2030 seja instalado 30% de áreas de proteção nos oceanos no mundo todo para que exista uma manutenção de biodiversidade dos oceanos e a proteção da vida marinha”, observou a cineasta.
Para acompanhar o trabalho desenvolvido, basta seguir as redes sociais do Greenpeace. Para participar e incentivar a criação do Tratado Internacional, é possível assinar a petição por meio do link https://www.greenpeace.org.br/proteja-os-oceanos.

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