Em busca do Tucunaré-Açu

O briguento paca açu foi fisgado por Tadeu Ligabue. Fotos: Arquivo Pessoal

Tadeu Fernando Ligabue
Pescar no Rio Negro e seus afluentes sempre é uma aventura. Quando a pescaria envolve o tucunaré açu, cuja esportividade é reconhecida por pescadores do mundo todo, a aventura ganha outros sabores. Se acompanhada de bons amigos, a experiência se torna inesquecível e vai ficar gravada para sempre na memória e nas boas coisas que praticou na vida, com você refletindo que momentos assim é o que também nos faz lembrar que “vale a pena viver”.
A pescaria da qual participei na semana de 11 a 19 de fevereiro, não estava programada, mas com a desistência de um companheiro, fui convidado a dela participar e mesmo pego de surpresa, fiz de tudo para ir. A proposta era de pescar no Rio Alegria, um dos afluentes do Rio Negro, na região de Barcelos, conhecida pelos gigantes açus que nela habitam. Uma pescaria mais raiz, acampando na beira do rio, dormindo em rede e se dedicando o máximo possível à pesca do tucunaré.
Os companheiros já eram velhos conhecidos de outras pescarias, o que só nos incentivou ainda mais a enfrentar a empreitada. Marcos Castro, o nosso querido “Marcon”, conhecedor profundo dos meandros de como montar uma equipe para pescar no Rio Negro, dos barcos e piloteiros e de uma boa tralha de pesca; Blas Romero, o “Argentino” grande pescador, ótimo arremessador, agora também na versão fly; o empresário Edvaldo de Macedo, o amigo “Ed”, pescador, caçador e companheiro de aventuras na selva amazônica; o empresário de Sorocaba, Celso Bresolim, mais conhecido no grupo como “Bob Pai”, entusiasta da pesca, daqueles que topam qualquer parada em busca do peixe; o engenheiro Gilberto Borba da Silva, que cada vez mais ganha experiência na pesca do mais esportivo peixe brasileiro, e este escrevinhador.
O barco era pequeno, de baixo calado para poder entrar nos afluentes do Rio Negro em períodos de seca e pertencia à Quiuini Turismo, do amigo Jardel e sua esposa Ane, excelente cozinheira. A tripulação era composta ainda pelos experientes guias de pesca Bigode, Zezinho – todos irmãos de Jardel – que também é excelente guia e mais os jovens Lucas, Moisés e Vitor, ligados à família de Jardel, que ajudavam tanto a pilotar o barco, como também no dia a dia da embarcação.
Como aqui no Sudeste, o clima também estava atrapalhado lá pelas bandas do Rio Negro. Os afluentes que eram para estarem secos nesta época, estavam cheios, não permitindo a pesca no Rio Alegria como planejávamos. Como o Rio Negro estava secando, esta foi a opção que nos sobrou. Só que houve dias de muita chuva e também o Rio Negro começou a encher. Um pequeno repiquete e nestas ocasiões, muda todo o comportamento do peixe, ele deixa de comer, se enfurna no meio do mato.
Fomos de avião até Manaus, depois pegamos outro menor até Barcelos, chegando no sábado, dia 12, onde já nos esperava a equipe de Jardel. Com as canoas menores, as conhecidas voadoras, fomos até onde estava ancorado o nosso barco de pesca e nos acomodamos em seis beliches. Tudo simples e aconchegante. Sem falar da exuberância da Amazônia e da beleza do Rio Negro, com suas águas escuras, límpidas e praias deslumbrantes.
Domingo, começamos a pescar e os ‘bitelos’ começaram a dar a cara, vários foram fisgados. Belos açus, muitos com mais de 70cm, tucunarés pacas grandes, conhecidos pela boa briga que proporcionam, borboletas de bom tamanho, foi um dia produtivo. Na segunda, a chuva que Deus mandava, desde cedo. Os mais animados saíram logo de manhã, eu só fui pescar depois das 15h, quando o tempo começou a melhorar e foi uma das tardes mais produtivas para mim. Sozinho devo ter fisgado mais de 20 tucunarés até perto de escurecer. Pesquei sozinho, meu guia foi o Zezinho e a pescaria foi um sucesso de pancadas nas iscas de superfície.
Com o guia Bigode, mais o companheiro Blas, pescamos na terça em uma lagoa muito bonita, cheia de peixes grandes, que estouravam na superfície quando estavam atacando as bicudas para se alimentarem. Mas os grandes não vinham facilmente nos ataques de superfície. Estavam mais no meio do lago e o jeito foi tentar com iscas de meia água e também de fundo, como os jigs. Pescamos até na quinta-feira, chovia muito. O Rio Negro começou a encher um pouco, os lagos também e a pesca se tornou mais difícil. Revezamos os companheiros e os piloteiros. Pesquei com o Ed, depois com o Blas e o Marcon.
Pescar na Amazônia não é fácil. Passamos o dia todo lançando as artificiais. Num dia arremessamos centenas de vezes. Puxamos iscas de hélices, na esperança de pegar o troféu, um açu de 20 libras no mínimo (cerca de 10kg e mais de 80cm). Não é fácil. Não foi desta vez. Houve explosões de ataques que não se converteram em fisgadas, linhas estouradas, líder que rebentou. Um misto de êxtase e cansaço toma nosso corpo e nossa mente, durante toda a pescaria.
Para descansar o corpo, nada como um banho nas doces águas do Rio Negro. Para matar a fome, um jantar farto, comida boa, caseira, numa das praias lindas que se formam ao longo do rio quando ele está mais seco. Assim foi nossa pescaria. Produtiva, cansativa, com ótimos momentos quando o tucunaré explode em uma isca de superfície, no congraçamento com os companheiros de pesca, com novas amizades que se formam e outras que se fortalecem. Com a companhia dos guias e da tripulação da Quiuini Turismo e com a sensação de que na próxima temporada vamos fazer de tudo para novamente buscar um grande troféu. Todos os peixes foram soltos, visando manter o equilíbrio e a fartura de peixes para as próximas pescarias e para as gerações futuras.

Fotos: Arquivo Pessoal

Blas Romero foi o campeão da pescaria / Além dos Tucunarés, o companheiro
Ed fisgou uma bela Aruanã / O pescador Giba e um respeitado
Tucunaré-açu / O briguento paca açu foi fisgado por Tadeu Ligabue
O empresário Celso Bresolim mostra seu troféu, um belo Paca Açu
Marcon e um grande exemplar de Paca Açu

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