Um grande problema social e educacional que há tempos afligia as mães vargengrandenses e também os dirigentes municipais, parece que caminha para uma boa solução este ano. O grande número de crianças esperando por vagas em creches no município, que já chegou a ter 600 crianças na fila de espera, poderá zerar até o final do ano.
É o que espera a diretora de Educação do município, professora Renata Regina Taú, em entrevista concedida esta semana ao jornal Gazeta de Vargem Grande. Atualmente, são quase 60 crianças esperando para serem acolhidas em uma das sete creches municipais, que cuidam de cerca de 680 crianças de quatro meses até três anos e 11 meses, quando entram na idade escolar.
As creches do município são regulamentadas pelo Regimento Interno, decreto que regulamenta entre outras coisas, o número de crianças por educadores e mais recentemente a lei municipal de autoria do vereador Paulo César da Costa (PSB), datada de maio de 2019, que dispõe sobre a divulgação da lista da ordem de espera para vagas nas creches.
A história das creches em Vargem Grande do Sul tem início com o pioneirismo de algumas pessoas comandadas pelo então vigário Celestino C. Garcia, que em 1964 inaugurou a primeira creche do município, o Clube das Mães, entidade filantrópica que funcionou até 2014, quando passou a ser administrada pela prefeitura.
A creche Clube das Mães durante décadas, foi a única a atender principalmente os filhos dos pais que precisavam trabalhar e não tinham com quem deixar as crianças. Em 1986, o pioneirismo do então prefeito Alfeu Rodrigues do Patrocínio na área social, o levou a construir a primeira creche municipal, a Creche Irmã Gertrudes, localizada no Jardim Dolores.
Mas, foi a partir da Constituição Federal de 1988 que houve mudanças significativas no setor, quando no seu texto, ela estabeleceu que a criança de zero a seis anos tem direito à educação e não deixa dúvidas de que é dever do Estado oferecê-la, embora a matrícula não seja obrigatória.
Assim, desde a década de 1980 foram sendo construídas várias creches no município para dar conta da demanda, principalmente para contribuir com as mães trabalhadoras, embora a creche seja um direito da criança e não da mãe. Durante várias gestões, o poder público municipal construiu a Creche Dona Cezarina, na Vila Santana; Creche Dona Virgínia Lopes Ruiz, na Vila Santa Terezinha; Creche Padre Donizetti, na Vila Polar; Creche Alice Helena Giovaneli João, no Jd. Santa Marta; Creche Geraldo Cara Rinaldi, no Jardim Santo Expedito e a mais recente, a Creche D. Zinha Cordeiro, no Jardim Fortaleza.
Para dar conta de toda esta demanda, o Departamento de Educação emprega dezenas de professores, coordenadores de creches, merendeiras e outros colaboradores que atendem centenas de crianças todos os dias, de segunda a sexta-feira, das 7h às 16h30. Também o Departamento de Educação consome uma boa parte do orçamento municipal para fazer frente aos gastos com as creches e as estruturas que elas necessitam.
Na entrevista junto à diretora Renata, esta informou que a partir dos quatro meses, a criança já pode ser matriculada em uma das creches municipais. Ela discorreu sobre a importância da creche na vida das crianças, ressaltando a coordenação motora, a parte cognitiva, os hábitos alimentares, que o trabalho realizado visa o desenvolvimento integral da criança, propiciando uma base para o início dos estudos a partir dos quatro anos, quando ela vai para a escola infantil.
“Além de auxiliar na formação da criança, damos um apoio na área social, na questão da alimentação e com bons reflexos na socialização dos pequenos, que convivem com outras da mesma idade, contribuindo com seu desenvolvimento nesta área. Também tem esta questão sócio econômica, que permite às mães trabalharem”, discorreu Renata.
A diretora fez questão de frisar que todas as crianças tem direito à creche. “O direito é da criança e não da mãe que trabalha. Este é um princípio constitucional e contida na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB), do governo federal”, afirmou.
Aulas em períodos integral ou parcial
Dentre os motivos que levaram à diminuição da fila de espera para as creches da cidade, a diretora aponta a readequação dos espaços físicos das atuais creches e a implantação do período parcial. “A implantação do período parcial foi muito importante porque além de abrir mais vagas, garantiu outro direito da criança que é o convívio familiar”, explicou a diretora Renata Taú.
O período parcial foi implantado no município há cerca de cinco anos e desde então, os números de crianças esperando na fila vem caindo. A procura para as vagas em creches aumentam no período da safra agrícola, principalmente durante a safra da batata, cuja colheita começa logo depois do segundo semestre. “São famílias que vêm trabalhar em Vargem Grande do Sul e as crianças vão para as creches e também para as escolas municipais”, disse Renata.
As creches municipais atendem crianças em dois períodos, o integral, das 7h às 16h30 e o parcial das 7h às 11h e das 12h30 às 16h30. Como explicou a diretora, o integral é voltado para as crianças cujas mães trabalham com carteira registrada e o parcial para aquelas com mães que trabalham, mas sem o devido registro em carteira. Também são aceitas crianças cujas mães não trabalham. Elas são admitidas somente em período parcial. Atualmente, as crianças matriculadas em período integral são a maioria.
Para atender os bebês, todas as creches tem um lactário onde são preparadas as mamadeiras, além das refeições dos bebês, as papinhas, que diferem da comida dos mais velhos. Existe o Berçário I, que atende as crianças de quatro meses até um ano e o Berçário II para atender as crianças de um até dois anos.
Na questão educativa, segundo explicou Renata, para os bebês é trabalhado a estimulação e para os mais velhos a parte de coordenação motora com atividades lúdicas. A educação de criança de zero a três anos não é obrigatória, sendo uma opção da mãe coloca-la ou não na creche. A partir dos quatro anos, a educação é obrigatória para todos os brasileiros.
Duas novas creches devem ser inauguradas este ano
Iniciadas em 2018, as duas creches que estão sendo construídas em Vargem Grande do Sul finalmente devem ficar prontas este ano depois de quase quatro anos paralisadas. Segundo comentou a diretora de Educação, há uma previsão de até o meio do ano a creche que está sendo construída no Jardim Ferri deverá ser inaugurada e atender cerca de 100 crianças. A reportagem do jornal Gazeta de Vargem Grande esteve fotografando no local e pode perceber que falta terminar a parte de pintura, a parte elétrica e outros pequenos acabamentos. A parte mais difícil da obra está concluída.
Já a creche que está sendo construída no Jardim Paraíso II, a reportagem do jornal constatou pessoas trabalhando no local e o aspecto de abandono que até então a obra ostentava não existe mais. Uma nova licitação foi feita e os trabalhos na creche seguem em bom ritmo, devendo ficar pronta provavelmente até o final do ano nas previsões da diretora de Educação Renata Taú. “Com estas duas creches, a tendência é oferecer vagas para todas as crianças que necessitam de creche no município até o final do ano”, afirmou.