A diretora municipal de Saúde, Maria Helena Zan, esteve na Câmara Municipal na sessão ordinária realizada na terça-feira, dia 17, atendendo a uma convocação feita anteriormente pelos vereadores. Maria Helena respondeu a questionamentos feitos e explicou, entre outros assuntos, sobre a falta de remédios e de pediatras, críticas recorrentes dos moradores usuários das unidades básicas de saúde.
Ao ser questionada pelo vereador Celso Itaroti (PTB) a respeito da distribuição de paracetamol próximos ao vencimento, a diretora comentou que recebe os medicamentos da Fundação para o Remédio Popular (Furp), do Governo de São Paulo, que devem ser solicitados quatro vezes no ano pelo próprio município.
Ela comentou que a empresa acaba entregando medicamento próximo ao vencimento e o município não consegue usar. Maria Helena ressaltou que contatou a farmacêutica responsável e que foi informado que todos os funcionários entregaram os remédios que venceriam no dia 30 de abril, até o dia 18 do mês passado. Assim, pode ter acontecido de o paciente não ter tomado e o medicamento ter vencido.
Ela pontuou que a medicação é entregue apenas com receita e que, dependendo do peso do paciente, um frasco dá apenas para um dia, uma vez que ele precisa consumir 60 gotas de seis em seis horas.
Pediatra
A diretora foi perguntada sobre a possibilidade de ter mais pediatras na rede municipal, uma vez que há quatro médicos especialistas atendendo nas unidades. Itaroti disse que recebeu queixas sobre o fato dos médicos atenderem em uma unidade de manhã e outra a tarde, o que gera atrasos.
Maria Helena explicou que com duas pediatras concursadas isso não ocorre. Ela pontuou que já foi solicitado outro pediatra para a empresa contratada pela prefeitura para prestar serviços na área, o que só será resolvido em junho, pois, segundo a empresa, há duas médicas interessadas, mas uma acabou de ter um bebê e a outra está se recuperando de um acidente.
A diretora afirmou que é difícil encontrar pediatras e lamentou o fechamento da pediatria da Santa Casa de Porto Ferreira, que ocorreu na última semana. Ela ainda lembrou que, atualmente, um clínico geral pode e atende crianças na urgência e emergência.
Itaroti novamente questionou sobre a possibilidade de contratar um pediatra para atender no PPA ao menos até meia-noite, já que a demanda aumentou devido ao frio. Maria Helena falou novamente sobre a dificuldade de encontrar esse profissional e informou que irá verificar se há condição de manter mais um profissional, lembrando que o PPA nunca teve pediatra na equipe antes desta gestão do prefeito Amarildo. “Isso é um privilégio grande para as mães, que a gente se preocupava demais, porque o pediatra é muito importante na vida das mães e das crianças”, ressaltou. “Já conseguimos avançar bastante ao termos esse pediatra 12 horas. Até solicitamos se ele ficaria um pouco mais, mas ele não aguenta, pois já chegou a atender 110 crianças em um dia”, comentou.
Serginho da Farmácia (PSDB) celebrou que os médicos clínicos geral estão atendendo a pediatria, o que não acontecia. Maria Helena contou que no Hospital de Vargem, o plantonista, sendo ele de qualquer especialidade, atende a criança e, se precisar, chama o pediatra que está de plantão. Assim, ele faz os primeiros atendimentos, os primeiros socorros e, se precisar, o pediatra vem.
Maria Helena falou também sobre o aumento da demanda por conta da Covid-19. Ela comentou que os casos estão aumentando, sendo que a cidade chegou a registrar 21 novos positivos no mesmo dia.
Ela informou que não havia mais ninguém internado e pontuou que hoje, todos ficam preocupados com espirros e febre e que há diversas doenças como a Covid e dengue, por exemplo. “Antes, a mãe não levava no médico, mas hoje a mãe fica preocupada e leva, procura socorro, e isso está mais do que certo, mas ainda é um reflexo da pandemia. Outra coisa que é reflexo da pandemia é que em todos os setores da saúde há o pós-Covid, pois muitas pessoas estão com sequelas respiratória, dor muscular, articulações, problema cardíaco, cognitivo, de audição, de visão e neurológica”, disse.
Especialidades
Questionada, Maria Helena disse desconhecer sobre a demanda de cardiologia e que a única demanda que há é de dermatologista, sendo que a especialista já está atendendo a mais, fazendo plantões e mutirões fora do horário e aos sábados, porque é concursada e está tentando suprir a demanda. Além da dermatologia, Maria Helena pontuou que há demanda em alergista, que já estão tentando contratar há três meses, além de nefrologista e endocrinologista.
Questionada sobre as reclamações referentes às faltas e horários do gastroenterologista, Maria Helena pontuou, que não há demanda e que em todas as faltas que teve, sendo em janeiro por suspeita de Covid-19 e nesta terça-feira, dia 17, notificou a empresa.
Alto custo
Questionada sobre a demanda e recebimento de medicamentos de alto custo no Centro de Saúde pelo vereador Serginho, Maria Helena comentou que está atrasando e que os maiores problemas são, segundo a DRS, a falta de matéria prima e fabricação em larga escala. “Tanto que mudou a data de entrega dos medicamentos de alto custo, e não porque quisemos, mas porque a DRS mudou a data de fazer a busca e os pacientes às vezes não entendem, mas são orientados e mesmo assim às vezes falta. Por exemplo: tem remédio que 150 pessoas pegam e vêm apenas 90”, contou.
O vereador disse que acredita que a rede pública e as farmácias terão problemas quanto a isso e que remédios como antibióticos, xaropes, paracetamol e ibuprofeno já estão faltando na rede privada. Maria Helena observou que enquanto uma farmácia compra 100 frascos de um medicamento, a prefeitura compra 30 mil e mesmo assim, as empresas não entregam, acarretando em diversos problemas burocráticos.
Ela deu como exemplo da falta de remédio o caso de umas ampolas no Hospital, dada para pacientes voltarem de anestesia, quando necessário. “A ampola custava R$ 2,40 cada e sumiu. Acabou. Não existe mais. Ficamos desesperados. Compramos com outro nome o mesmo medicamento por R$ 245,00 cada ampola para continuar fazendo cirurgia no Hospital”, relatou.
Fisioterapia
O vereador Maicon Canato (Republicanos) questionou sobre a fisioterapia na cidade. Ele comentou que sabe que com o pós-Covid, muitos pacientes estão fazendo o tratamento. Maria Helena contou que mais dois fisioterapeutas foram contratados e estão trabalhando há um mês no Jardim Dolores e que a Saúde está montando e organizando a segunda fisioterapia, que será no local do Gripário.
Ela explicou que alguns equipamentos a fisioterapia do Dolores precisou usar e que ela já pediu a compra dos demais equipamentos, a fim de que as duas salas de fisioterapia atendam a população.
Questionada sobre a diminuição da fila, ela comentou que ainda não está como deveria e que, com a ajuda do Grupo Mão Amiga e com os novos fisioterapeutas, já houve grande melhora, sendo que todas as urgências são passadas na frente.
Cirurgias eletivas
Sobre a lista de espera das cirurgias eletivas, um questionamento de Serginho, Maria Helena contou que a situação melhorou muito e que ainda há algumas demandas. Ela contou que esse ano a cidade já realizou, junto ao Conderg, 485 operações. A diretora disse que mesmo com a pandemia da Covid, nos últimos anos a cidade bateu recorde nessas cirurgias, onde em 2021, foram realizadas 1.000 delas e em 2022, 1.200.
Ela contou que há 100 cirurgias gerais ainda a fazer, sendo que eram quase 600, que há 56 cirurgias ginecológicas e urológicas, que tinha mais de 400 na fila, há 101. Conforme informou, apenas esse mês foram realizadas 37 cirurgias urológicas em Vargem e a fila vem avançando. Maria Helena ainda contou que, no período de um ano, Vargem fez o dobro de cirurgias de catarata que São João da Boa Vista, deixando a fila praticamente zerada.
Dependência química
O vereador Itaroti comentou a questão da internação de dependentes químicos. Maria Helena informou que este importante trabalho está sendo realizado pelo SAS, junto ao PPA, local em que o paciente chega para tentar a vaga. Ela comentou que há alguns problemas na internação involuntária, pois só o juiz pode autorizar e sem a autorização, ninguém pode fazer ou forçar o paciente a nada, dificultando o atendimento ao paciente.
Quanto à internação voluntária, ela comentou que está tudo certo e que na época da Covid foi difícil, pois o paciente ficava 15 dias em quarentena e depois entrava no Hospital, mas que hoje o paciente vai de manhã e 70% deles já são internados no mesmo dia. Em alguns casos, como informou, a pessoa precisa ir dois ou três dias para tentar a vaga, mas esse problema é a nível estadual.