Não à intolerância política

Nestes mais de 40 anos que o jornal Gazeta de Vargem Grande circula ininterruptamente em Vargem Grande do Sul, cobrindo todas as eleições políticas que aconteceram no Brasil nestas quatro décadas, nunca presenciou uma verdadeira perseguição política como a que acontece agora por causa do posicionamento das pessoas e suas preferências políticas ou partidárias.
Está ocorrendo um verdadeiro linchamento de pessoas por causa da sua posição política e isso numa democracia incipiente como a nossa, representa um enorme perigo para toda a sociedade. Uma coisa é discutir a preferência política de cada um, outra é não aceitar que o vizinho, um amigo, um parente, pense diferente.
Alimentada pelas fake news e pela crescente polarização que ocorre na escolha do futuro presidente do Brasil, a realizar-se no próximo dia 30 de outubro, dividida entre os apoiadores do atual presidente Bolsonaro e dos que votam em Lula, o ódio está contaminando as pessoas no Brasil todo, inclusive em pequenas cidades como Vargem Grande do Sul.
Pessoas divulgando nas redes sociais atos não comprovados e incitando outras a não frequentarem ou consumirem produtos de um estabelecimento por causa da opção política de seu proprietário, com as devidas proporções, remete aos tempos da Alemanha nazista, quando sob a ditatura do fascista Hitler, seus seguidores fecharam os estabelecimentos dos judeus, acusados de serem os responsáveis por um imaginário controle da economia alemã e causadores dos problemas que o país vivia no período antes da II Guerra.
Foi o início do que transformaria a Alemanha sob o domínio de Hitler no país que levou o mundo à Segunda Guerra Mundial, na Alemanha do Holocausto e da morte de milhões de judeus nas câmaras de gás. Foi o silêncio de milhões de cidadãos alemães que taparam os olhos ao que o governo de Hitler estava fazendo e outros tantos milhões de alemães que se deixaram seduzir pela política ultradireitista de seu líder que pregava a destruição dos judeus e dos comunistas, que levou a Alemanha à destruição de sua democracia e todas as consequências nefastas para o mundo.
Como foi dito várias vezes neste jornal, é preciso acabar com o ovo da serpente, antes que ele ecloda. Como bem disse o arcebispo de Aparecida, dom Orlando Brandes, o Brasil precisa vencer “os dragões do ódio e da mentira”.
Todos têm de ter ciência que passadas as eleições, quem for o eleito terá de governar para todos os brasileiros e que os eleitos serão substituídos daqui a quatro anos e a democracia e a alternância de poder segue. Quem plantar ódio ou rancor agora, terá de conviver com essa realidade, seja vencedor Bolsonaro ou Lula.
É hora de ter consciência de que o melhor para o Brasil, é o respeito às diferentes escolhas políticas de cada cidadão, aos resultados das urnas, à não violência e um basta ao ódio e à divisão da sociedade brasileira entre bolsonaristas ou lulistas.
Passadas as eleições, quem for eleito terá de ter a capacidade de unir todos os brasileiros para enfrentar o verdadeiro problema do Brasil, que é a luta contra a miséria, contra o desemprego, contra um Estado ineficiente, contra a falta de Educação e Saúde de qualidade para todos indistintamente.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor insira seu comentário
Por favor insira seu nome aqui