Foi como uma ducha de água fria, que os dirigentes municipais receberam as primeiras notícias do Censo de 2022, que previamente apontam uma estagnação no crescimento populacional de Vargem Grande do Sul nos últimos 10 anos.
Pelas prévias da população calculada com base nos resultados do Censo Demográfico 2022 até o dia 25 de dezembro, o município teria em 2022 um total de 39.539 pessoas, apenas 273 pessoas a mais do que o censo realizado em 2010, quando Vargem registrou pelo IBGE, 39.266 moradores, o que aponta praticamente o mesmo número de habitantes em uma década.
Os novos dados deixaram o prefeito Amarildo Duzi de Moraes (PSDB) indignado e dizendo que vai recorrer junto à Justiça para rever o trabalho feito pelos recenseadores. O prefeito esperava algo em torno de 45 mil habitantes, uma vez que o próprio IBGE apontava no seu site que a estimativa da população vargengrandense em 2021 era de 43.368 habitantes.
Na verdade, conforme consulta feita pela redação do jornal, de12 municípios avaliados na região, apenas três tiveram aumento populacional nos últimos dez anos. Itobi, que tinha 7.546 e foi para 8.044; Vargem Grande do Sul que de 39.266 foi para 39.539 e São João da Boa Vista que teve um aumento expressivo, saindo de 83.639, para 92.319, um aumento de 8.680 pessoas em 10 anos. O restante dos municípios, diminuíram poucos habitantes, mas deixaram de crescer na última década, sendo o mais expressivo Espírito Santo do Pinhal, que em 2010 tinha 41.907 moradores e em 2022apresentou uma população de 39.700, praticamente empatando com a população de Vargem.
A cidade sempre foi um dos que mais cresceu na região, conforme matéria publicada pela Gazeta de Vargem Grande em novembro do ano passado. Na década de 1960 a 1970, Vargem Grande do Sul passou de 11.740 habitantes para 13.369, um aumento importante de 1.629 pessoas, que resultou numa taxa de crescimento de 1,39% por ano.
Porém, foi na década de 70 que o município experimentou um crescimento muito grande, de 5,23% ao ano. Nesta década, saímos de 1970 com 13.369 pessoas e chegamos em 1980 com 20.363 habitantes, um crescimento de 6.994 pessoas, cravando 52,31% em uma década, o que resultou em uma média de 5,32% ao ano.
Na década seguinte, o Censo só viria a ser realizado em 1991, com Vargem apresentando uma população de 30.952 pessoas, um aumento em relação a 1980 de 10.589 pessoas, uma taxa de crescimento expressiva, quase idêntica à da década anterior, na ordem de 52%, mas que dividido pelos onze anos pesquisados, deu uma taxa anual de crescimento de 4,73%, escreveu o jornal.
Na mesma matéria, a Gazeta apontava a diminuição da população nas décadas seguintes, uma tendência verificada em todo o Brasil e também na maioria dos países ocidentais. Em 2000, o crescimento da população começou a diminuir. Em nove anos, saímos de 30.952 pessoas em 1991, para 36.302 habitantes no novo milênio, acrescentando neste período 5.350 pessoas, o que baixou nossa taxa de crescimento para 1,92% ao ano.
Em 2010, o Censo apontou que Vargem tinha 39.266 habitantes, um aumento já bem menor de 2.964 pessoas em uma década, se levarmos em conta que em 2000 havia 36.302 moradores na cidade. A taxa anual nesta década foi de 0,81%, a menor desde 1940, que o jornal fez o levantamento. Com os novos dados apresentados, a taxa de crescimento populacional nestes últimos doze anos, foi praticamente zero.
População do Brasil também diminuiu
Com uma população projetada em 207,8 milhões, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE divulgou os novos dados recentemente, a partir do Censo ainda inacabado de 2022. São mais de 7 milhões inferior à projeção populacional de 215 milhões de habitantes, feita pelo próprio IBGE, com base na última edição do Censo, de 2010.
O menor número já era esperado, devido à pandemia, à migração de brasileiros para o exterior e à gradativa redução no número de nascimentos. Também contribuiu o fato de a projeção estar 12 anos distante do último Censo e de não ter sido realizada uma contagem populacional prevista para 2015.
Prefeitura pode receber menos do governo
A reclamação da maioria dos prefeitos com relação aos números do Censo 2022, é devido às consequências práticas, porque municípios que perdem população passam a receber menos dinheiro do governo federal.
Todos os finais de ano, IBGE encaminha ao Tribunal de Contas da União-TCU a relação da população de cada um dos municípios brasileiros e os dados são usados para calcular as quotas do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) para o ano seguinte.
Assim, se um município perde população e, com isso, muda de faixa, ele acaba perdendo recursos, afetando especialmente os municípios menores, que têm populações pequenas demais para gerar arrecadação própria e têm no FPM sua principal fonte de receita.