A boa gestação da futura mãe, passa sem dúvida pelos cuidados médicos que ela irá receber durante todo o período da gravidez e também do parto que irá realizar. Se ela tem condições de contratar um médico particular, sua gestação será acompanhada por este profissional, mas na grande maioria das gestantes de Vargem Grande do Sul, quem desempenha um importante papel no transcorrer do período gestacional é o serviço oferecido junto ao Centro de Atendimento à Mulher (CAM) “Ordália Duzi Moraes”.
Segundo dados colhidos junto ao Ministério da Saúde, embora nas últimas décadas no Brasil tenha havido uma redução significativa nos indicadores das mortalidades materna e infantil, ainda apresenta valores bem superiores aos parâmetros recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), máximo de 20 mortes por 100 mil nascidos vivos. No Brasil, com pequenas variações, o índice estava pouco abaixo de 60 mortes de mães por 100 mil nascidos vivos.
Para esta edição em homenagem ao Dia das Mães, a reportagem do jornal Gazeta de Vargem Grande entrevistou a diretora de Saúde e Medicina Preventiva, Maria Helena Zan, a enfermeira supervisora do CAM Luana Aparecida de Andrade e também a gestante Cátia Cristina de Almeida, para que os leitores tenham conhecimento de como é o atendimento oferecido pela rede municipal, estadual e pelo SUS às mulheres grávidas do município.
Tudo tem início junto aos postinhos dos bairros onde funcionam as Equipes de Saúde da Família (ESF), sendo onze no total. Nas ESF, onde atuam médicos e demais profissionais da saúde, com um enfermeiro ou enfermeira responsável em cada unidade, a mulher com suspeita de gravidez faz a primeira consulta de pré-natal, um exame extremamente detalhado, segundo a diretora de Saúde Maria Helena Zan, onde são pedidos todos os exames e ultrassom.
Durante a anamnese, que é um diálogo entre o profissional da saúde e a gestante, são lembrados situações e fatos que possam ajudar no transcorrer da gravidez, onde é relatado todo o histórico da grávida e da sua família, sendo também solicitados todos os exames contemplados no protocolo da Rede Cegonha do Ministério da Saúde, que é um pacote de ações do governo federal que visa garantir todo o atendimento de qualidade, seguro e humanizado para todas as mulheres dentro do Sistema Único de Saúde (SUS).
Uma vez passado pela ESF, é agendada a primeira consulta no CAM, onde segundo a supervisora Luana Aparecida de Andrade, a gestante durante os nove meses terá acompanhamento de uma equipe multidisciplinar para atendê-la, com médicas obstetras, enfermeiras, técnicos e auxiliares de enfermagem, psicólogo e assistente social.
A diretora Maria Helena Zana explicou que quando uma gestante apresenta risco leve, ela é encaminhada para o Ambulatório Médico de Especialidades (AME) de São João da Boa Vista e neste caso o pré-natal é realizado em ambos os serviços, junto ao CAM e ao AME. Quando a gestante apresenta alto risco, ela é direcionada para o Centro de Atenção Integral a Saúde da Mulher (CAISM) da Unicamp, em Campinas, onde é feito todo o pré-natal e a depender da complexidade do caso, muitas vezes a paciente é encaminhada para fazer o parto na unidade da Unimed.
Mesmo encaminhada para o CAISM, a gestante não é dispensada do acompanhamento junto ao CAM. Atualmente são duas gestantes sendo tratadas no CAISM. Muitas vezes estas pacientes têm obesidade alta, associada a diabetes e hipertensão.
Maternidade do Hospital de Caridade
Desde o início de janeiro deste ano, até o dia 30 de abril, nasceram na maternidade do Hospital de Caridade, 174 crianças, sendo 86 meninas e 88 meninos, dando uma média de 43 bebês por mês.
Na região de Vargem, várias cidades pequenas não contam com maternidades, como são os casos de São Sebastião da Grama, Itobi, obrigando as parturientes a darem à luz em outras cidades. Em Vargem, com todos os problemas que enfrenta o Hospital de Caridade, a direção do mesmo faz um enorme esforço para manter a maternidade funcionando e prestando relevantes serviços às mães vargengrandenses.
No momento do parto, a futura mamãe é encaminhada para o ambiente hospitalar e conforme explicou a diretora de Saúde Maria Helena, que também é a enfermeira responsável técnica junto ao Hospital de Caridade, é realizado o agendamento do parto cesárea ou parto normal.
“A questão da definição do parto é discutida e decidida entre o médico e a gestante, que tomarão a melhor decisão quanto à saúde da parturiente e do bebê. A maternidade é composta por uma equipe multidisciplinar para o acolhimento e seguimento da conduta médica”, explicou.
Uma vez ocorrido o nascimento, o recém-nascido permanece com a mãe no quarto durante todo a sua estadia na maternidade, pois funciona com alojamento conjunto, onde mãe e filho permanecem o tempo todo.
“A mãe recebe todos os cuidados e orientações referentes a ela e ao recém-nascido, inclusive sobre a importância do aleitamento exclusivo e dados com a mama”, falou a diretora.
Também as mães são orientadas quanto aos exames necessários a serem feitos no bebê, como do pezinho, linguinha, a carteira de vacinação e ao retorno ao pediatra na 1º semana na ESF de sua referência. Todos estes serviços são oferecidos gratuitamente a estas gestantes e seus filhos.
Gastos da prefeitura
Com uma receita prevista em R$ 185.250.000,00 para 2023, e uma despesa de R$ 150.440.000,00, o Orçamento Municipal de Vargem Grande do Sul aprovado para 2023 pela Câmara Municipal tem na Saúde a sua maior despesa, prevista em R$ 49.139.585,00.
Como disse Maria Helena Zan, os repasses do SUS são insuficientes para cobrir todos os gastos com o departamento que ela dirige e que uma gestação de qualidade requer, sendo necessário nestes casos, a contrapartida da prefeitura municipal. “A agilidade em realizar a maioria dos exames é graças à contrapartida da prefeitura” afirmou a diretora de Saúde.
A importância do CAM
Inaugurado em 6 de julho de 2012, durante a primeira gestão do prefeito Amarildo Duzi Moraes (PSDB), o Centro de Atendimento à Mulher (CAM), leva o nome da mãe do prefeito, dona Ordália Duzi Moraes e passado mais de dez anos de sua inauguração, tem se tornado um centro de referência aos cuidados à saúde das mulheres, principalmente das gestantes do município.
A supervisora do CAM, enfermeira Luana Aparecida de Andrade explicou que é no Centro que as mulheres em gestação passam a maior parte do acompanhamento da sua saúde e do bebê. “Nos três primeiros meses, as consultas são mensais e no segundo trimestre elas passam a ser quinzenais e no terceiro e último trimestre, as consultas são semanais”, disse Luana.
Atualmente são acompanhadas pela equipe do CAM, 220 gestantes, sendo que na área de obstetrícia trabalham duas médicas, além dos demais profissionais. Disse Luana que durante a gravidez são ofertados às gestantes três momentos de realização dos exames laboratoriais e ultrassom. “Também são realizados testes rápidos a fim de detectar HIV, Sífilis, Hepatite B e C”, afirmou a supervisora.
Quando chega ao final da gestação e diante do desejo materno de realizar o parto/cesárea, é agendado o parto no Hospital, bem como a consulta de revisão do parto que deve ocorrer aproximadamente 40 dias após. Essa primeira consulta logo após o parto ocorre no ESF do bairro onde a mãe mora e se houver necessidade, ela será encaminhada para o obstetra do CAM.
Para Luana, essa consulta é de grande importância para a mãe, porque vai ser verificado se está tudo bem após ela ter dado à luz, que é o período do puerpério e também vai ser ofertado um método contraceptivo como por exemplo, inserção do DIU de cobre e anticoncepcional oral ou injetável.