Proprietário rural fala sobre preservação do Rio Verde

Atualmente é possível notar considerável aumento na vegetação

O antropólogo Plínio da Silva Telles é proprietário da Fazenda Pindorama, localizada na estrada que liga Vargem Grande do Sul a São Sebastião da Grama e falou à reportagem da Gazeta de Vargem Grande sobre seu trabalho de preservação de matas e nascentes na sua propriedade, muitas delas contribuindo com a formação da Bacia do Rio Verde, que abastece o município de Vargem.
Parte da fazenda que adquiriu há 26 anos, fica no município de Vargem e outra em Itobi. Nela existem várias nascentes que Plínio procura conservar. A reportagem que o jornal está fazendo é sobre o projeto da prefeitura municipal, através do seu Departamento de Agricultura e Meio Ambiente, em preservar as nascentes e as margens tanto do Rio Verde como também do Ribeirão Preto da Forquilha, afluente do Rio Verde.
Com a construção da Barragem do Rio Verde e mais duas represas que estão sendo construídas visando o abastecimento de água da cidade, o que preocupa os administradores municipais e a população em geral, é que embora a cidade caminhe para ter uma boa reservação de água, se não for feito um trabalho de preservação da Bacia do Rio Verde, aumentando significativamente a sua produção de água, poderá haver escassez de água em um futuro não muito distante.
Esta preocupação também compartilha Plínio, para quem Vargem tem um privilégio que poucas cidades possuem, de ter praticamente a Bacia do Rio Verde acima da sua captação, sem receber dejetos de outras cidades, não tendo ninguém poluindo o rio que abastece a população vargengrandense.
“Estou muito feliz por tratar esta questão da água do Rio Verde, uma vez que a escassez de água potável é um problema mundial e Vargem está tratando do seu principal manancial, dando prioridade às nascentes e à conservação das áreas de proteção ambiental, não só do Rio Verde, como também do Ribeirão Preto da Forquilha”, afirmou.

Fotos: Arquivo Pessoal

Promotoria abriu inquérito
Recentemente houve uma reunião programada pela prefeitura municipal, onde estiveram presentes o dr. Guilherme Chaves Nascimento, promotor de Justiça do MP/GAEMA de Ribeirão Preto, responsável pelo inquérito que o Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente (Gaema), instaurou para verificar a regularidade ambiental dos imóveis rurais que se localizam nas bacias hidrográficas de interesse para abastecimento de água de vários municípios, inclusive o de Vargem Grande do Sul.
A importância da reunião para tratar do tema é muito grande. Da reunião participaram a dra. Rebeca Barbosa L. da Freiria Estevão, promotora de Justiça da 2ª PJ da Comarca de Vargem Grande do Sul; o prefeito municipal Amarildo Duzi Moraes; o presidente da Câmara Guilherme Nicolau, o 1º Sargento P. M de São João da Boa Vista, Thiago de Souza Sarmento; representando o Cap. PM. Helington Ilgges da Silva, comandante da 2º Cia da P. M. Ambiental de Piracicaba; engenheiro Lucas Antônio Ribas Casagrande, representante do DAEE de Ribeirão Preto; Daniel Belutti, diretor da CATI de São João da Boa Vista; Evandro da Silveira Bueno, técnico da CATI de São João da Boa Vista; engenheiro agrônomo Ciro Staino Manzoni, chefe da Casa da Agricultura local; Edson Nardini Sbardelini, diretor de Agricultura e Meio Ambiente do município, Celso Henrique Bruno, superintendente do SAE e um grande número de proprietários rurais para debater sobre o problema.
O inquérito foi instaurado em 8 de março de 2022 e tem como finalidade recuperar, proteger e preservar os mananciais de abastecimento de água e solicitou aos departamentos de Meio Ambiente das prefeituras envolvidas, vários levantamentos, como por exemplo, a relação dos proprietários cujas terras margeiam o Rio Verde e o Ribeirão Preto da Forquilha, das nascentes até a represa de captação Eduíno Sbardellini.
Com relação ao município, disse que a adequação ambiental dos imóveis rurais na porção mais alta da bacia do Rio Verde é de especial importância, uma vez que, além de contribuição hídrica para as represas que abastecem Vargem Grande do Sul, a região que inclui parte da Serra da Fartura e Mantiqueira, onde se localizam as principais nascentes que dão origem ao Rio Verde e outros cursos de água, correspondem às áreas de maior fragilidade ambiental da Bacia do Rio Verde.
Dentre os ‘considerandos’ do Gaema para instauração do inquérito, o órgão assevera que “as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados”.
Plínio participou da reunião e a achou muito produtiva. “Fiquei muito contente em ver o prefeito, os promotores e demais autoridades ligadas ao Meio Ambiente participando das discussões, bem como os demais proprietários das áreas onde passa o Rio Verde e Ribeirão Preto da Forquilha, todos falando da necessidade premente deste trabalho da proteção dos nossos mananciais”, afirmou o produtor que já foi diretor do Meio Ambiente de Vargem na gestão do então prefeito Celso Ribeiro e também da primeira gestão de Amarildo.
Para ele, outro fator a ser levado em conta é que o projeto de preservação conta com verbas estaduais e municipais para ajudar os proprietários a cercar as nascentes e áreas de proteção ambiental. Ele se declarou um entusiasta do projeto. “O que puder fazer na minha propriedade para preservarmos nossas nascentes, vou realizar”, afirmou.
“A prefeitura está contribuindo com mourões, arame, horas de trator, disponibilizando os materiais para preservar o rio e tudo que se fizer para o Rio Verde, estaremos fazendo pelos nossos filhos, netos e bisnetos. Nada é mais importante do que preservar a água, um bem cada vez mais valorizado”, concluiu.

Reunião tratou sobre inquérito que verifica a regularidade de imóveis rurais nas bacias hidrográficas. Foto: Prefeitura Municipal de Vargem Grande

Departamento do Meio Ambiente
Recentemente a Gazeta de Vargem Grande entrevistou o diretor Edson Sbardellini do departamento do Meio Ambiente, juntamente com o servidor Antônio Marcos Ayres da Cunha Santos, que estão à frente do trabalho visando a recuperação do Rio Verde e seu principal afluente.
O projeto consiste no cercamento das áreas das nascentes e nas margens tanto do Rio Verde quanto do Córrego Ribeirão Preto da Forquilha. A prefeitura está oferecendo o material para o cercamento das áreas, como arame farpado, mourões e esticadores e as mudas de árvores nativas da região, como ipê, paineira, cedro, jequitibá, dentre outras.
A partir do módulo rural, as margens a serem preservadas nestes rios variam de 10 a 50 metros de cada lado. Nas nascentes, a área destinada à sua preservação é de 50 metros de raio.
O departamento iniciou no ano passado um trabalho de levantamento e parceria para restauração destas áreas junto a alguns proprietários, mas o trabalho não prosperou.
A maior dificuldade estaria em os proprietários cumprirem a legislação que estabelece uma metragem mínima para a preservação das áreas de APP. Na bacia do Rio Verde os trabalhos envolvem cerca de 15 propriedades por onde o rio passa e também existem nascentes. Já no Ribeirão Preto da Forquilha, seriam 12 propriedades que teriam de executar os trabalhos de preservação e plantio de árvores.
A recente reunião com as autoridades ligadas à Justiça e ao Meio Ambiente, dão um pouco da dimensão do problema e da responsabilidade de cada um dos envolvidos em resolver a questão de preservação da Bacia do Rio Verde, com a Justiça fazendo a sua parte em fiscalizar e cobrar a atuação dos proprietários, o poder municipal e estadual em contribuir com os projetos e materiais, cabendo aos proprietários rurais também fazerem a sua parte.

Plínio é proprietário da Fazenda Pindorama

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