“A emoção dos Carros de Boi”

Meu pai ainda jovem chegou a carrear e meu avô, Antônio Ribeiro, era fazedor de rodas de carro e, assim, surgindo daí então esta aptidão muito presente entre os Ribeiros de nossa cidade na lida com a madeira, os enxós e o serrote.
Mais tarde, na serra de fita, aprendendo sozinho, saiu o moveleiro a despachar por muitos anos na estação de trem, os guarda-roupas em série quase sempre para o estado de Goiás.
Perder parte da mão na serra de fita não impediu que até o final de sua vida continuasse na execução de lindas gaiolas artísticas, que foram para muitos lugares em forma de presentes solicitadas por uma grande clientela. Mas as lembranças dos carros de boi na infância e o nome de cada um deles, permaneceram na sua memória. E foi assim, que um dia, ao passar da Romaria, subiu em um dos carros fazendo o trajeto com lágrimas de saudade nos olhos.
Foi dele que me lembrei quando percorri a nossa Romaria em cima de um deles a convite dos carreiros, que há anos recebo às 6h da manhã em todos os santos dias de nossa Romaria, visto que assumi esta função não só porque tenho responsabilidade de cuidar dos carros, mas por me identificar com o grande significado deles na nossa história rural.
Agradeço aqui a cada um desta equipe de carreiros, que todos os anos sempre aguardam com ansiedade o nosso convite, e que de terras distantes dos campos de Minas, comparecem para cumprir este ritual de abertura da Romaria tão aguardado pelo público presente em todo o seu trajeto.
Agradeço ainda ao grande envolvimento do prefeito Amarildo neste tradicional evento e, sobretudo, ao empenho da nossa laboriosa Comissão Organizadora, que não poupou esforços em todas as etapas da organização necessária para que cada detalhe importante fosse respeitado.
Agradecemos também a todos que dela participaram, respeitando seu caráter religioso e agradecemos finalmente a todos que ao longo do trajeto prestigiaram a nossa 47ª Romaria dos Cavaleiros de Sant’Ana.
Estamos todos ansiosos para que o novo ano chegue e possamos comemorar nesta oportunidade os 150 anos de nossa cidade e os 48 anos da nossa Romaria.
Não há como não se emocionar com a maravilhosa poesia contida nesta tão tocante música que se refere ao inesquecível carro de boi.

Márcia Iared – presidente da Comissão Organizadora

Carro De Boi – Divino e Donizete

Olhando um carro de boi
Eu fiz a comparação
Comparei a minha vida
A um velho carretão
O meu lamento é igual
Ao gemido de um cocão
Que sai pelo chão do mundo
Gemendo na ingratidão

REFRÃO:
Carro de Boi
Que levou carga pesada
Meu peito também carrega
Saudade da minha amada (bis)

As rodas do velho carro
Deixaram marcas no chão
De um passado bem distante
Que hoje é recordação
Assim é minha vida
Nas marcas da ilusão
Sou roda que ainda roda
Na estrada solidão

Mas esse carro de boi
Mão pode mais carrear
Madeira velha e quebrada
Não serve pra trabalhar
Eu também estou sentindo
A minha força acabar
O tempo é o carreiro
Que em breve vai me encosta

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