“Meu pai era minha alma gêmea”

A parceria de Ana Lúcia com o pai, João, foi construída. Foto: Arquivo Pessoal

Em julho de 2014, a aposentada e gerente do Tênis Clube Ana Lúcia Marini, de 54 anos, perdeu o seu pai, João Baptista Marini. Ana explicou que seu laudo médico concluiu falências múltiplas dos órgãos, mas, para ela, o laudo na verdade foi que ele morreu de saudades da mãe dela, que havia falecido alguns meses antes.


Ana contou ao jornal quais as principais influências que seu pai deixou em sua vida. “É tanta lição, tanto amor, tanta profundidade em uma pessoa só, ele falava com o coração, embora fosse um italiano muito, muito bravo, nas suas atitudes e correções como pai havia muito amor e ternura, e acima de tudo acolhimento, ele sempre me acolheu com tanto amor, mesmo quando eu não merecia. Teve um episódio quando eu era adolescente, eu fiz algo que aborreceu muito ele, aí eu pensei ‘cara, ele vai me matar’, mas ele não matou, pelo contrário, me acolheu com tanto amor que nem eu acreditava e hoje eu penso: será que eu teria essa sabedoria?”, disse.


O que mais a marcou sobre o seu pai é uma frase. “Ele dizia sempre pra mim ‘Aceita que dói menos’ e sempre tentei colocar em pratica, porém é impossível doer menos, e aceitar as coisas como elas são, então meu Deus, como é difícil, mas eu sigo tentando”, disse.
Ela comentou que o que mais sente falta é ele sempre dizer “Deus te abençoe” para ela. “Eu poderia sair e voltar mil vezes em casa que ele dizia sempre “Deus te abençoe”. Trago ele comigo em forma de benção, lembrança e saudade, as lembranças dele me ajudam a ser uma pessoa melhor, ele é a minha melhor parte”, confessou.


A simplicidade, a humildade e o perdão são ensinamentos que Ana aprendeu com o pai e continua seguindo em sua vida. “Ele era um mestre nesses quesitos. Aprendi com ele que o importante não está no que você tem, mas sim no que você é. No que você pode agregar para o mundo, para o crescimento do seu próximo. Seria muita audácia dizer que faço tudo que ele me ensinou, é obvio que não faço, mas eu juro que tento e, quem sabe, um dia eu consigo”, pontuou.


Questionada, ela contou sobre o que poderia ter sido melhor no relacionamento dos dois. “Devia ter amado mais… Ter chorado mais… Ter visto o sol nascer… Tudo mais e muito mais. Eu costumo dizer que ele era minha alma gêmea, bastava ele me olhar eu já sabia o que ele queria dizer, mas as almas não nascem gêmeas, elas constroem esta parceria e assim foi com meu pai. Nós construímos um amor e uma admiração tão forte, que nem mesmo a morte separa, estaremos sempre juntos no coração. Meu respeito por ele é para sempre”, afirmou.


Após nove anos, Ana conta como é conviver com a falta do pai. “É um processo, no meu caso vai ser eterno, já se passaram 9 anos e cada dia que passa sinto mais saudade, mais falta me faz, porém a gente aprende a viver com a ausência física da pessoa, mas não esquece jamais. Às vezes eu digo nossa o tempo passou rápido demais, meu filho já é um homem”, disse.


“Mas eu não sabia que pai e mãe têm prazo de validade e tudo passa tão rápido, eles envelhecem rápido demais, quando a gente vê os passos deles são mais lentos, você tem que repetir a mesma palavra um monte de vezes porque eles já não escutam direito, e de repente estamos adaptando a casa, colocando corrimão, comprando andador, cadeira de rodas e por aí vai… a vida é um sopro! Aí chega a parte mais dolorosa: o fim… E a saudade se faz presente todos os dias”, completou.

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