Juventude ameaçada

Passados quase quatro anos do início da Pandemia da Covid-19, o mundo ainda estuda o impacto devastador da doença para as futuras gerações. Se o impacto imediato e doloroso foi a morte de milhões de pessoas em todo mundo, sendo 706 mil no Brasil, incluindo a perda de mais de 100 vargengrandenses, o mundo experimentou também suas implicações devastadoras na economia, desemprego e crise social que seguiram às necessárias medidas de prevenção à doença.
Mas há um impacto que ainda vai mostrar seu danoso potencial por anos, que é o na educação de crianças e jovens. No Estado de São Paulo, o mais rico do país, a estimativa era que os atrasos de aprendizado causados pela pandemia da Covid-19 poderiam demorar até 11 anos para serem revertidos.
Na semana passada, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) divulgou o estudo “Pobreza Multidimensional na Infância e Adolescência no Brasil”, alertando para a urgência de priorizar políticas públicas voltadas para crianças e adolescentes no país, em especial a educação.
No estudo, feito com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PnadC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi verificado que entre 2019 e 2022, a porcentagem de meninas e meninos vivendo na pobreza caiu de forma tímida no País, passando de 62,9%, em 2019, para 60,3%. É um indicador que embora positivo, mostra que quase 32 milhões de crianças seguem em situação de pobreza no Brasil.
Mas, o dado preocupante é que no mesmo período, a proporção de crianças de 7 anos de idade que não sabem ler e escrever dobrou, passando de 20% para 40%. Entre as crianças de 8 anos de idade, de uma taxa de 8,5%, em 2019, houve elevação para 20,8%, em 2022. Para as de 9 anos de idade, a proporção cresceu de 4,4% para 9,5%, de 2019 para 2022.
Para o Unicef, esse aumento tem relação direta ao fechamento das escolas durante a pandemia, uma vez que essas crianças estavam no processo de alfabetização, o mais sensível da vida educacional. E para combater essa defasagem, o Unicef aponta que é necessário um esforço concentrado para que esse dano da pandemia não se prolongue.
Vargem Grande do Sul é uma cidade privilegiada, que conta com uma boa infraestrutura de escolas para atender a educação infantil, embora ainda há crianças aguardando vagas nas unidades municipais. Mesmo nesse contexto, as escolas, professores, colaboradores, das redes públicas municipais e estaduais, além do setor privado, mostram um grande comprometimento com o desenvolvimento educacional das crianças vargengrandenses. Que esse empenho traga um efeito a curto prazo no combate a mais esse impacto negativo da pandemia da Covid-19.

Foto: Agência Brasil

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor insira seu comentário
Por favor insira seu nome aqui