Solução dos homicídios contribuiu para sensação de segurança

Delegado Antônio Carlos Pereira Júnior concedeu entrevista ao jornal. Foto: Arquivo Gazeta

Dando prosseguimento sobre as questões envolvendo a violência na cidade, após os casos de homicídios que ocorreram no final do ano passado, quando pai e filho ciganos foram assassinados e neste início de 2024, quando um jovem foi morto dentro de sua casa, a reportagem da Gazeta de Vargem Grande entrevistou o delegado titular do município, Antônio Carlos Pereira Júnior, 56 anos, para quem o trabalho rápido da Polícia Civil em solucionar e prender os culpados nos casos acima, contribuíram para devolver a sensação de segurança aos moradores de Vargem Grande do Sul.
Antônio Carlos é natural de Guaxupé-MG e iniciou sua carreira como delegado em fevereiro de 1992, trabalhando um período em São Paulo, quando foi designado a pedido para Vargem Grande do Sul em 13 de agosto de 1993, estando há 30 anos atuando na cidade. Nestes anos todos, Antônio Carlos foi diretor da Ciretran, da cadeia pública local e agora além de ser o delegado titular, também acumula a Delegacia da Mulher.
Sobre a questão de Vargem ser ou não uma cidade violenta, argumentou que proporcionalmente comparada às outras oito cidades da região que compõem a Delegacia Seccional de São João da Boa Vista, os índices locais de criminalidade são baixos, e que a produção da polícia civil do município está entre as melhores da Seccional.
“Baseamos nossos trabalhos em estatísticas, em números, procurando melhorar sempre nossas produções mês a mês, baseado no que realizamos no ano anterior. Os números são importantes para nós, mas sabemos que só isso não basta, motivo pelo qual levamos em conta a sensação de segurança que a população sente”, falou dr. Antônio à reportagem.
Ao ser perguntado sobre o atual número de efetivos da Delegacia de Vargem, disse que está aquém das necessidades do município, que é necessário mais escrivão e investigadores de polícia. Hoje trabalham na Delegacia, três investigadores, dois agentes policiais e duas escrivãs, além do delegado. Na Delegacia da Mulher trabalha somente uma escrivã.

Falta de plantões
Com relação aos plantões de Polícia – em Vargem as ocorrências que acontecem nos finais de semana, à noite e nos feriados, são atendidas em São João da Boa Vista – disse que são muitas as críticas que fazem, mas que é algo que acontece na maioria das cidades do interior de São Paulo, onde os plantões são centralizados nas Delegacias Seccionais.
Explicou que quando há uma ocorrência nestes períodos a Polícia Militar pode elaborar um Boletim de Ocorrência-BO a depender da gravidade ela apresenta no plantão junto à Seccional de São João da Boa Vista, como por exemplo em casos de prisão em flagrante. A vítima também pode registrar seu B.O. na delegacia eletrônica, no site www.delegaciaeletronica.policiacivil.sp.gov.br.
“No meu modo de ver, não vejo prejuízo para os cidadãos que contam com estas sistemáticas para ajudá-los. Em todas as delegacias faltam funcionários e na falta deles, como é o nosso caso, permitiu que fôssemos mais eficientes nos nossos trabalhos. Caso contrário, teríamos de disponibilizar um grande número de servidores só para atender os plantões, algo que hoje não dispomos”, explicou o delegado titular.

Delegacia da Mulher
A falta de um prédio para abrigar a Delegacia da Mulher em Vargem, como já houve no passado, foi abordado pela reportagem do jornal junto ao delegado. Dr. Antônio concordou que o ideal seria a delegacia funcionar em um espaço físico separado, mas que também pelo mesmo motivo da falta de funcionários, ela não é viável hoje no município.
Afirmou que, no entanto, não há prejuízo no atendimento das ocorrências com base nos crimes de violência contra a mulher, principalmente os envolvendo a violência doméstica. “Nós dispomos de uma profissional mulher, com muita experiência, para atender nestes casos. A vítima é ouvida separadamente, com toda discrição e segurança que o caso requer”, falou.

Entrosamento com as demais polícias
Há três décadas trabalhando com a segurança de Vargem Grande do Sul, o delegado Antônio Carlos acredita que o entrosamento existente entre a Polícia Civil, a Polícia Militar e a Guarda Municipal é o grande diferencial verificado no município e que contribui enormemente para o combate à criminalidade e à violência.
Citou que esta semana duas ações em conjunto com a Polícia Militar e uma delas com a participação da Guarda Civil Municipal, levou à prisão quatro traficantes, apreensão de uma arma de fogo, além de um adolescente ser apreendido por tráfico de drogas, mas liberado por ser menor.
“Esse trabalho integrado, com troca de informações, operações em conjunto das nossas polícias é elogiado também pelos comandos das polícias Civil e Militar. Também pelos comandas das Guardas Municipais da região, citando como exemplo”, comentou dr. Antônio Carlos.

Números da Polícia Civil de Vargem
Sempre com os números em mãos, o delegado titular fez uma demonstração do trabalho realizado no ano passado, quando ele e sua equipe realizaram 61 flagrantes de venda de drogas; com as três polícias de Vargem apreendendo cerca de 12 kg de drogas; 126 casos de ocorrências esclarecidos; 2.728 Boletins de Ocorrência efetuados, dado que mostra que os moradores de Vargem procuram mais a Polícia Civil para registrar as ocorrências que os de outros municípios; 60 mandados de segurança executados, com busca domiciliar principalmente envolvendo drogas; 28 prisões temporárias para investigação de crimes.

Violência X drogas
Dr. Antônio Carlos ponderou que a maioria dos crimes praticados no município está ligado ao consumo e tráfico de drogas. Explicou que a maior parte dos furtos acontece por usuários de drogas, além dos roubos que acontecem na cidade. Que os homicídios que ocorreram recentemente, também tinham no tráfico de drogas o seu principal motivo.
No seu entender, a população mais pobre consome mais crack, citando bairros como Vila Santana, Jd. Paulista e Cohabs próximas, além do Jd. Dolores onde esta droga é mais consumida. Também é grande o consumo de cocaína na cidade, além da maconha. O combate ao tráfico e consumo destes entorpecentes é o que mais consome de trabalho dos agentes policiais da delegacia local.

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