Médico esclarece dúvidas sobre dengue

Médico Fábio Visconde fala sobre a dengue na cidade. Foto: Arquivo Pessoal

Com os números de casos confirmados de dengue subindo cada vez mais em Vargem Grande do Sul e o Estado de São Paulo decretando estado de emergência devido à doença, diversas ações estão sendo realizadas pelo Departamento de Saúde e também pelo Departamento de Educação.
Desde o dia 27 de fevereiro, o município de Vargem também está em Estado de Emergência de Saúde Pública em razão da Epidemia de Dengue, segundo o decreto nº 6.018. Informações da Prefeitura Municipal dão conta que até quarta-feira, dia 6, último balanço, haviam 1.240 casos positivos da doença. Das 2.089 notificações registradas, 849 casos deram negativo.
Desde esta sexta-feira, dia 1º, as pessoas com sintomas de dengue já estão sendo atendidas ao lado do c na Avenida da Saudade. O atendimento no local é das 8h às 20h todos os dias.
No atual prédio do PPA, junto ao Posto de Saúde, o atendimento aos pacientes com outros sintomas continua normalmente 24 horas por dia. A prefeitura pede que as pessoas que tiverem sintomas de dengue dentro desse horário, compareçam no novo setor destinado à doença, ao lado do SAMU (antigo setor da fisioterapia) para atendimento adequado. Após às 20h, porém, as pessoas com sintomas de dengue devem procurar o PPA.
A Gazeta de Vargem Grande entrevistou o médico ortopedista e emergencista do Hospital de Caridade de Vargem Grande do Sul, Fábio Visconde, para esclarecer algumas dúvidas importantes da população sobre a dengue, principalmente com relação à prevenção e cuidados necessários.
Ao jornal, ele explicou que há dois tipos de prevenção. “A prevenção coletiva e a prevenção individual. Em relação à prevenção coletiva, ela é eficaz, combater criadouros, que é muito importante, mas o que o sujeito pode fazer individualmente para ele é usar o repelente, nunca negligenciar o uso de repelentes, nem que seja por cima da roupa, um repelente que seja de spray, mas sempre estar usando o repelente. Com isso, ele vai ter uma grande chance de que o mosquito se afaste e não vá acontecer a picada e a contaminação”, disse.
O médico informou que, com relação a quem já contraiu a doença, a pessoa só vai melhorar quando o sistema imunológico dela conseguir reagir e combater o vírus da dengue que está circulando no seu organismo. “Então o que a pessoa tem que fazer é fortalecer o seu sistema imunológico, para que esse sistema imunológico forte combata o vírus com a maior eficácia e rapidez possível”, comentou.
“E então vem essa questão: como fortalecer o nosso sistema imunológico? É tudo aquilo que a gente já sabe também, se alimentando bem, bebendo bastante líquido, que é o que eu vejo no dia a dia dos pacientes com dengue. Quem consegue comer, quem consegue se alimentar, quem consegue se hidratar bem, é quem consegue melhorar mais rápido. As pessoas que demoram a voltar a comer são as pessoas que demoram mais para melhorar. Então o importante é se alimentar bem, beber bastante líquido e com isso fortalecer o sistema imunológico”, completou.

É possível pegar dengue mais de uma vez
Quem já pegou dengue, no entanto, não está imune e pode contrair a doença novamente. Sobre a recontaminação, Fábio explicou que isso acontece em virtude da existência de quatro sorotipos de vírus da dengue circulantes. “Então, às vezes, se o sujeito se contamina com o vírus tipo 1, ele desenvolve uma certa resistência, uma resposta imunológica ao vírus tipo 1. E depois, se há uma picada e uma contaminação com o vírus tipo 2, 3 ou 4, ele não tem resposta imunológica ainda para combater esse tipo de vírus diferente. Por isso que ele vai ficar doente de novo, é isso que acontece quando se contamina mais de uma vez”, ressaltou.
Os infectados, de acordo com o médico, precisam continuar se cuidando. “Tanto na vigência da doença, quando ela ainda tiver a doença e os sintomas, quanto depois, é preciso continuar usando o repelente. Porque se ela está na vigência da doença e passa o repelente, ela evita que o mosquito pique. Se o mosquito a picar e depois outra pessoa, levará a doença para essa pessoa. Depois quando a pessoa não está mais contaminante, ela usando o repelente, vai evitar de se contaminar novamente. Então, de novo há a importância do uso de repelente até que se chegue a vacina para todo mundo. Depois que chegar a vacina, aí já é outra história, mas enquanto não tem vacina, use o repelente”, pontuou.

A epidemia
Para o médico, a epidemia não só na cidade, mas na região, estado e país, é uma questão relacionada ao clima, devido a uma mudança no regime de chuvas. “Geralmente o verão é muito chuvoso, então a água não fica empossada, porque como chove todo dia, a chuva lava e leva embora qualquer tipo de larva que pode ser depositada. Esse ano aconteceu algo muito diferente: chove um dia e fica vários dias sem chover, então aquela água que fica parada ali serve de criadouro para o mosquito depositar os ovos e, consequentemente, há depois a proliferação das larvas”, disse.
“Então eu acredito que seja realmente uma questão relacionada ao regime de chuvas e ao clima. Claro que daí caberia toda a prevenção, pois se mudou esse regime de chuvas, é preciso ter um cuidado maior com a extinção dos criadouros e o controle dos criadouros, uma medida efetiva da Vigilância da questão sanitária em combater criadouros, é isso que precisaria”, finalizou.

Repelente caseiro
Muitas pessoas recorrem ao uso de repelentes caseiros para se prevenir da picada do mosquito da dengue. Um dos mais famosos é a mistura entre álcool, cravo da índia e óleo Johnson. O médico Fábio, no entanto, não recomenda o uso desses repelentes, uma vez que não há eficácia comprovada destes produtos.
“O pessoal mistura um monte de coisa, pode até causar uma reação alérgica, pode até piorar a situação, porque além da coceira que a própria dengue causa, pode ser que algum produto que a pessoa passa na pele vá causar uma reação alérgica pior ainda, uma vermelhidão, uma coceira. Então, o que é indicado são os repelentes comprovados e testados, os repelentes vendidos em farmácia. Os demais eu não recomendo”, afirmou.

Campanha da EPTV
Vargem Grande do Sul também fez parte da 7ª Campanha Regional de combate ao Aedes Aegypti, uma iniciativa da EPTV das regiões de Campinas, Ribeirão Preto, São Carlos e Varginha (MG), no dia 24.

Escolas
A equipe de educadores e direção da EMEB Darci Troncoso Peres de Carvalho realizou na manhã de sexta-feira, dia 1º, uma passeata com os alunos e seus familiares nas proximidades da unidade escolar levantando bandeira contra a dengue junto à comunidade, cantando e realizando a entrega de folhetos de conscientização, a respeito das formas de prevenção ao mosquito da Dengue.
A diretora Julice comentou sobre o tema. “Acreditamos que os acontecimentos do mundo se refletem na escola. Estamos acompanhando os crescentes casos de dengue em nosso município, por isso trabalhamos esse assunto com nossos alunos. Agradecemos as famílias que com muito entusiasmo abraçaram esse projeto junto à escola. Obrigada aos professores e funcionários que trabalharam para organizar esse dia tão especial”, disse.
Em sala de aula, as crianças estudaram sobre a transmissão da doença, sintomas, tratamento e principalmente maneiras de evitar a proliferação do mosquito Aedes aegypti. A Guarda Civil Municipal e o Departamento de Segurança e Trânsito deram suporte ao evento, cuidando da parte de sinalização e segurança durante o trajeto.
Na sexta-feira, dia 1º, os agentes de Saúde realizaram palestras para os alunos do período da manhã e tarde da EMEB Antônio Coury, onde foram passadas orientações sobre a prevenção e combate ao Mosquito da Dengue, a importância de eliminar os criadouros do mosquito e todo lugar onde possa acumular água.
Também foi apresentada aos alunos uma amostra do que seriam as larvas do mosquito, como identificá-las e combatê-las em casa, com a ajuda de um adulto. Os alunos puderam tirar dúvidas junto aos agentes de saúde sobre o assunto, aprenderam ainda mais sobre o tema, além de diversas atividades que vem sendo desenvolvidas pelos educadores em sala de aula. Uma caminhada também foi realizada nesta sexta-feira, dia 8, pelos alunos da escola.

Vargem fez parte da 7ª Campanha Regional da EPTV. Foto: Prefeitura Municipal

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