Hoje está muito em voga a discussão do termo bolsonarista, para se referir aos eleitores que apoiam o ex-presidente Bolsonaro. O Brasil até alguns anos atrás viveu algo parecido com o malufismo, proveniente dos admiradores do ex-governador Paulo Salim Maluf, que dominou a política do Estado de São Paulo principalmente nas décadas de 70, 80 e 90.
Maluf fez sua ascensão política com a ditadura de 64. Era amigo de Delfim Netto e foi nomeado presidente da Caixa Federal e depois de instituído o AI 5 pela ditadura militar, foi nomeado pelo governo militar prefeito de São Paulo em 1969.
Em Vargem Grande do Sul, o político, que foi da Arena e depois do PDS, era muito popular e tinha muitos admiradores, sendo muitas vezes campeão de votos na cidade. Quem era político naquela época, lembra dos embates envolvendo principalmente jovens políticos do MDB que lutavam contra a ditadura e pelas eleições diretas.
Maluf foi governador de 1979 a 1982, duas vezes prefeito da capital, liderava cerca de cinco partidos e além de candidato à presidência do Brasil, foi eleito deputado federal por quatro vezes, sendo sempre um dos mais votados na cidade. Contra Maluf, os políticos do MDB de Vargem apostavam em candidatos como Franco Montoro, Mário Covas, dentre outros políticos da oposição na época.
Atualmente com 92 anos, Maluf, que até 2023 cumpria prisão domiciliar pelos atos de corrupção que praticou quando esteve no poder, pode assistir livremente à repatriação de R$ 82 milhões que estavam na Suíça em contas ligadas a ele e que deverão voltar em breve para os cofres públicos dos quais foram desviados.
Segundo o noticiário, o total soma aos R$ 220 milhões já devolvidos por Maluf e sua família aos cofres da prefeitura de São Paulo após condenação por desvio de verba na construção da avenida Água Espraiada quando ele era prefeito (1993/1996). Hoje a avenida leva o nome do jornalista Roberto Marinho.
Segundo os promotores que trabalhavam no caso, o desvio praticado por Maluf chegou a US$ 300 milhões na época, cerca de R$ 1,5 bilhão atualmente. Na ocasião, ele foi condenado a sete anos e nove meses de prisão, tendo o início da pena sendo cumprida a partir de 2018. Em maio de 2023, com o indulto de Natal assinado pelo ex-presidente Bolsonaro, suas penas de prisão foram extintas, principalmente pela idade avançada do ex-governador. Muito do dinheiro desviado por Maluf foi parar na sua empresa, a Eucatex, que depois dos processos, devolveu o dinheiro para a prefeitura de São Paulo.
Bolsonarismo x Malufismo
Segundo os entendidos da política, tanto a corrente política propalada por Maluf como por Bolsonaro, proliferam devido ao medo da classe média brasileira, do temor de um possível empobrecimento com a chegada da esquerda no poder (leia-se Lula). Da perda de status social com a ascensão de pessoas das classes C e D. Também cresceram tanto o malufismo como o bolsonarismo, fazendo uso de uma moral conservadora, usando do populismo e abusando das emoções que seus projetos políticos causam nas pessoas.