
O crescimento dos evangélicos é uma realidade no Brasil e o mesmo acontece em Vargem Grande do Sul. Uma pesquisa feita em 2020 pelo Datafolha indicou que 31% da população brasileira se declarava evangélica. Já um estudo do Centro de Estudos da Metrópole (CEM/Cepid) da Universidade de São Paulo (USP), indicou que o número de templos passou de 62,8 mil, em 2010, para 109,5 mil em 2019.
Na pesquisa feita pela reportagem do jornal, indica uma projeção feita pelo demógrafo José Eustáquio Diniz Alves, que aponta que os evangélicos podem ultrapassar os católicos e ser maioria no Brasil na década de 2030.
Em Vargem Grande do Sul também é verificado o aumento do número de evangélicos. No Censo de 2010, segundo dados do IBGE apontava que 25,5% da população de 39.266 habitantes eram evangélicos, ou seja, 9.433 pessoas. Se formos aplicar o índice apontado pelo Datafolha em 2020, 31%, para uma população em torno de 40.000 habitantes, teríamos hoje algo em torno de 12 mil evangélicos na cidade.
Mas, dentro da comunidade evangélica da cidade é citado o número de 18.000 evangélicos em Vargem, o que traduz por uma quantidade de aproximadamente 180 templos evangélicos atuando no município. Só para comparação, no Censo de 2010, eram 72,7% da população que se diziam católicos, ou seja, 26.897 pessoas.
Atualmente, os evangélicos são divididos em três grandes grupos: missionários (ou tradicionais), pentecostais e neopentecostais. Os missionários advêm dos movimentos batistas, luteranos e calvinistas, que chegaram ao Brasil no final do século 19 em decorrência das várias ondas de migração europeia.
Já as igrejas pentecostais surgiram no Brasil, a partir da chegada de missionários vindos dos Estados Unidos nas primeiras décadas do século 20. Dentre os principais exemplos de igrejas pentecostais, estão a Assembleia de Deus, a Igreja Quadrangular e a Deus é Amor.
Na pesquisa feita pelo jornal, aponta que o neopentecostalismo é a terceira onda do movimento evangélico, e se constitui por igrejas como a Universal, Sara Nossa Terra, Renascer em Cristo, conhecidas pela ênfase na Teologia da Prosperidade.
Presbítero Gabriel Pavan é pré-candidato a vereador
O crescimento dos evangélicos também pode ser notado na seara política, com muitos ocupando importantes postos na política brasileira. Nas recentes eleições presidenciais, a maioria dos evangélicos apoiou a candidatura do ex-presidente Bolsonaro, um candidato pautado por uma agenda conservadora.
Em Vargem Grande do Sul, vários evangélicos são pré-candidatos ao cargo de vereador e até mesmo um pastor já se declarou pré-candidato a vice-prefeito, é o caso do pastor Juliano (PP), que vai compor a chapa de vice do pré-candidato a prefeito Magalhães, pelo PL.
A reportagem da Gazeta de Vargem Grande entrevistou o presbítero Gabriel Pavan, 28 anos, filiado ao PP, que é pré-candidato a vereador nas eleições de outubro deste ano. Casado com Amanda Tischer, ele está cursando o 2º ano de Teologia na FAESP, uma faculdade da Igreja Assembleia de Deus, para formação interna, não sendo considerado um curso superior acadêmico, mas já concluiu outros cursos básicos, como o de Cristologia, Capelania, Escatologia, estes no CETADEB-Centro Educacional Teológico das Assembleias de Deus no Brasil, com valor acadêmico aprovado pelo MEC.
Atualmente Gabriel é presbítero na Igreja Assembleia de Deus Ministério do Belém, localizada na Rua Rogério Otero, no Jardim Dolores, estando há dois anos e meio atuando, podendo com sua formação, realizar casamentos, dirigir uma igreja e auxiliar o pastor.
Disse que pela sua idade, não é comum ser presbítero, mas que desde pequeno frequenta a igreja, é muito dedicado e graças aos estudos realizados, já tornou-se presbítero e ainda há um longo caminho a percorrer para se tornar evangelista e depois pastor.
Indagado sobre o que o teria levado à política, Gabriel, que há muitos anos trabalha no estabelecimento comercial agropecuário Agrovar, localizado na Av. Hermeti Piocchi de Oliveira, disse que a esposa estuda Pedagogia, e como estagiária no Projeto Tio Carlão da prefeitura municipal, tomou contato com crianças com dificuldade de aprendizagem, algumas com Autismo ou Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade-TDAH e passou a pensar em como poderia através de atos políticos, contribuir com a melhoria da qualidade de vida destas crianças.
“A inclusão destas crianças não só na escola, mas também na vida social, foi neste sentido, querendo ajudar através da política, desenvolvendo projetos, novas leis, buscando recursos, que fortaleceu em mim, a vontade de me candidatar a vereador”, afirmou Gabriel à reportagem da Gazeta de Vargem Grande.
Também citou que vai se dedicar, uma vez eleito, a contribuir com as entidades da cidade, especialmente as que se dedicam ao acolhimento e lutam pelo respeito aos animais que sofrem maus tratos na cidade, uma vez que na profissão que exerce, sempre está em contato com animais e seus donos, o que o levou a olhar com outros olhos este importante setor, procurando retribuir o que eles representam de bom na vida de tantas pessoas.
Disse que também foi uma maneira de quebrar o paradigma da igreja de que os evangélicos não podem se envolver com a política, ter voz, defender as leis e conceitos que são caros à igreja cristã e que ele acredita.
O seu partido vai apoiar o vereador Magalhães, que já se declarou pré-candidato a prefeito pelo PL e que tem como vice, o pré-candidato pastor Juliano, que é também da sua igreja. Mas assegurou que respeita todas as candidaturas que querem o bem de Vargem Grande do Sul.
Primeira vez que se candidata, disse que a política é uma novidade e um desafio na sua vida e que muitas pessoas o têm incentivado, tanto dentro da igreja, como também no seu círculo de amizade e no contato com as pessoas que conhece através do seu trabalho.
“É um desafio a que nos propomos, vai ser uma exposição grande da nossa pessoa, tanto na igreja, como também na vida social, profissional, mas acredito muito no meu crescimento pessoal e pretendo vencer mais este desafio”, afirmou.
Sobre outros evangélicos da cidade que pretendem ser candidatos, puxando pela memória, Gabriel citou os nomes de Giovana, o Abimael e o Fábio, da igreja Ipiranga; a Josy Vicente da igreja Azeite no Altar; o Eneias, que também é pré-candidato pela sua igreja e a Igreja Universal, onde já atuam como vereadores Fernando Corretor e Maicon, que deverão concorrer à reeleição este ano.