Hildeberto Franco de Oliveira, mais conhecido como Oliveira ou Sula para os mais íntimos, sentiu não poder ir ao funeral do seu amigo Carlitão. Acamado, recuperando-se de uma pneumonia, não poupou elogios ao homem, que segundo ele, era de uma grande inteligência e enxergava longe. Conheceu Carlos Alberto de Oliveira, o Carlitão, quando veio para Vargem e montou um dos primeiros supermercados da cidade. Foi comprando arroz e batata que passou a conhecer melhor Carlitão, no final da década de 70.
Após vender o supermercado, Oliveira adquiriu terras e também foi plantar batata, já com o novo conceito trazido pelos japoneses através do pioneirismo de Carlitão. “As terras de campo não valiam nada, foi ele que desbravou tudo com os japoneses, que corrigiram com calcário as terras improdutivas, algo que os produtores da época ainda não estavam familiarizados”, lembrou Oliveira.
Disse que a cultura era nas terras da Serra da Fartura, com poucos produtores de batata, com produção pequena. “Depois do sucesso da Fazenda Campo Vitória, com a produção de batata explodindo, aí todos passaram a se interessar e fazer igual”, comentou.
“O que ele fez com a batata em Vargem e região, ninguém tira dele. Foi um visionário ao ceder as terras às famílias japonesas por um tempo, que a corrigiram, construíram açudes, levaram a eletrificação onde era necessário e depois que absorveu toda essa tecnologia, Carlitão alavancou a bataticultura na nossa a região”, ressaltou o produtor rural.
Também um lutador pelo cultivo da batata em Vargem e região, Oliveira se orgulha do que fez pelo sucesso da mesma, participando ativamente da construção da Câmara Fria, a contribuição para criação da ABVGS e da Cooperbatata. De Carlitão, guarda a figura excelente que era, um homem alegre, feliz, bom, avançado para seu tempo, cuja contribuição para a cultura da batata jamais será esquecida.