Um dos assuntos mais debatidos na última sessão da Câmara Municipal, que aconteceu no dia 21, foi a segurança da cidade, após leitura do requerimento nº 76/2024, de autoria do vereador Paulo César da Costa, o Paulinho da Prefeitura (Podemos). O requerimento foi aprovado por todos os vereadores que estavam presentes.
O documento questionou onde foram instaladas as câmeras de segurança no município e se todas estavam funcionando. Fazendo referência ao caso de agressão a uma médica no PPA que ocorreu recentemente, perguntou porque não é designado Guarda Civil Municipal para exercer suas funções e manter a segurança não apenas do prédio público, mas também dos médicos, funcionários e pacientes.
Pontuou que vários requerimentos e indicações já foram feitos pelos vereadores atendendo pedido da população sobre segurança. E, por fim, nos termos do artigo 22 da Lei Orgânica do Município, através do requerimento, Paulinho convocou o diretor da Guarda Civil Municipal, Rogério Bocamino, para comparecer na Câmara Municipal na próxima sessão, que ocorre nesta terça-feira, dia 4, às 19h30, para esclarecer a respeito da segurança.
O vereador Paulinho fez uso da palavra e disse sobre o caso da agressão à médica e ressaltou que anexou vários requerimentos e indicações onde era pedido um guarda no prédio do PPA para segurança de todos. Disse que sabe que o déficit da GCM está defasado e que o trabalho da guarda é extraordinário, mas que há funções que deveriam ser do Estado, não do município.
Comentou que foi contratado segurança para as escolas e que poderia ser feito um aditivo neste contrato para deixar um segurança no PPA, pois a situação pode se repetir e isso já é pedido há muito tempo. Também pontuou que quer saber os pontos de câmeras na cidade e que gostaria que o diretor fosse à Casa de Leis fazer esses esclarecimentos.
Hélio Magalhães Pereira (PL) parabenizou Paulinho pelo requerimento e disse que foi procurado por algumas mães preocupadas sobre a extinção dos seguranças que estavam nas escolas e o contrato chegou ao fim neste mês. Magalhães disse que a convocação deveria ser feita ao prefeito Amarildo Duzi Moraes (MDB), pois o diretor da GCM está abaixo do prefeito, e é ele que determina.
Em uso da palavra, Celso Itaroti Cancelieri Cerva (PSD) falou que a GCM foi criada para cuidar do município e o PPA é um local, hoje, com a quantidade excessiva de pessoas e que preocupa a segurança das pessoas, funcionários e médicos, uma vez que isso dificulta a vinda de profissionais de medicina para a nossa cidade pela falta de segurança. Para ele, uma viatura neste local já daria sensação de segurança a todos.
Com relação aos seguranças nas escolas, comentou que já fez o requerimento e que as mães estão preocupadas, pois está tudo tranquilo até que algo aconteça. Comentou que é importantíssimo ter guardas nas escolas e que tem escola também com problema no trânsito sem fiscalização, o que também tem preocupado as mães. Pediu que o prefeito olhasse de uma forma diferente para este caso de segurança nas escolas e no PPA, pois envolve crianças e pacientes e só depende dele.
Antônio Sérgio da Silva, o Serginho da Farmácia (Cidadania) também parabenizou Paulinho pelo requerimento e disse que a situação é muito preocupante. Para o vereador, é importante a presença do diretor da GCM para explicar como está a situação, uma vez que foram colocadas câmeras nos principais pontos da cidade e precisam saber se essas câmeras estão funcionando e, se não estiverem, depois podem cobrar do prefeito sobre isso. Serginho comentou que tirar os seguranças das escolas também é preocupante e que situações como o caso da mulher que agrediu a médica não podem acontecer.
Para Célio Santa Maria, Gordo Massagista (PSD), a segurança está um caos e que outra médica já havia sido agredida no PPA, além de uma porta de vidro estragada com tijolada. Disse que recebeu uma ligação de uma mulher que estava no cemitério e informou que havia uma pessoa armada e estava com medo de ser roubada. Questionada, a mulher havia dito que ligou na GCM, mas que as viaturas estavam ocupadas. Célio contou que ligou na Polícia Militar e que demorou duas horas para a viatura chegar pela demora no atendimento, que solicitava pontos de referência. Em sua opinião, a segurança está realmente um caos.
O vereador também comentou sobre a instalação de um painel para chamar as fichas, a fim de acabar com o problema de se dividir as fichas, um médico ser mais rápido e quem chegar primeiro sair depois. Para ele, essa também é uma forma de segurança.
Célio pontuou que não dá para as pessoas trabalharem com medo e que chegará um dia onde não se conseguirá mais médico para trabalhar na cidade por falta de segurança. Ressaltou que chegou ao ponto da cidade desligar semáforos à noite e ligar às 6h porque se o motorista parar no semáforo, ele é assaltado.
Magalhães concordou com Célio sobre a segurança, mas disse que o efetivo está defasado, que a saúde é um barril de pólvora e, segundo ele, a violência na área da saúde é decorrente do atendimento e da lentidão e diversos outros fatores. Para Magalhães, não se pode também amedrontar a sociedade porque a segurança do município não está nesse caos ao ponto de desligar o semáforo.
Itaroti disse que quando se liga na Polícia, atende-se em Piracicaba e quando você fala o nome do local, pergunta como chegar ao lugar e pontos de referência, sendo que quando passar o nome para a equipe daqui, saberão onde é e a pessoa perde meia hora à toa. Contou que há este mesmo problema com o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e que se a GCM não socorrer, a pessoa morre pela demora.
Com relação a quantidade de PMs, Itaroti comentou que quando foi tirado os atendimentos das cidades, disseram que melhoraria o policiamento porque sobraria PM, já que o atendimento seria em Piracicaba. Para ele, a situação só piorou e não sabe onde vai parar a situação, porque se pegar o número de furto e roubo na cidade aumentou bastante porque faltam pessoas trabalhando não só em Vargem, mas em outras cidades também.
Magalhães fez uso da palavra novamente e agradeceu aos edis que foram favoráveis quando ele enviou a indicação da implantação da atividade delegada na cidade, e ao prefeito que acatou a indicação, o que possibilita o convênio hoje. Comentou sobre a ocorrência que aconteceu na Praça Washington Luiz no final de semana sobre tráfico de drogas, onde mesmo com a escassez de policiais, o convênio é benéfico.
Pontuou que quando chegou à Vargem, em 2003, o efetivo era o dobro da quantidade de hoje. Disse que se não fosse a GCM, a segurança no município realmente estaria um caos e agradeceu aos policiais pelo comprometimento no combate ao crime, mas que infelizmente a situação está tomando outra proporção, principalmente pela escassez de efetivo da GCM e da PM.
A presidente da Câmara, Danutta de Figueiredo Falcão Rosseto (Republicanos), enalteceu o trabalho da Polícia Militar e da Guarda Civil Municipal. Relembrou quando o comandante da PM apresentou os índices na Casa de Leis, apresentando uma diminuição com relação ao ano anterior. Pontuou que mesmo com o efetivo deficitário, eles fazem o melhor possível para conter a violência na cidade e que também vê um trabalho de excelência por parte da GCM.
Ela comentou que entendeu que o requerimento não entrou no mérito da PM ou da GCM, mas sim para o prefeito ter um olhar mais cauteloso com relação à segurança na cidade, principalmente depois do caso ocorrido com a doutora. Disse que, como Itaroti comentou, não precisa esperar o pior acontecer para agir e, já havendo isso, deve-se colocar pessoas de plantão no PPA e manter os vigilantes nas escolas e creches.
Danutta disse que também é mãe e fica muito angustiada de perder essa segurança e que não é só na questão de violência, pois os vigilantes ficam de olho o tempo inteiro, olham se algum estranho vai entrar ou se tem alguma criança querendo fugir, então tem toda essa segurança para cada escola e creche. Pontuou que entende que com o efetivo atual é impossível colocar um guarda em cada creche e escola, mas no caso do PPA, que é uma questão mais complexa e delicada, acredita que quem deveria fazer esse trabalho talvez devesse ser, de fato, a GCM, mas que isso é o órgão competente que vai definir.
Parabenizou o vereador Paulinho pelo requerimento e disse que a intenção não é desvalorizar e desmerecer o serviço que esses policiais e guardas fazem em Vargem com muito esforço, porque falta mesmo efetivo.
Com relação à diminuição de ocorrência citada por Danutta, Itaroti disse que o que acontece é que o pessoal vai desanimando com o resultado da ocorrência e acaba não fazendo queixa por achar que nada será feito. Disse que sempre que recebe ligações, mesmo sem trabalhar em Vargem, pede para registrarem boletim de ocorrência, pois, se aumenta o número de ocorrência, pode-se reivindicar mais efetivo. Itaroti ainda ressaltou que, caso a pessoa não queira ir na delegacia, deve abrir o site da Secretaria de Segurança e fazer a ocorrência em sua casa, pois é muito importante fazer as ocorrências para ver o índice de criminalidade da cidade.
Em seguida, o requerimento foi colocado em votação e foi aprovado por todos que estavam na sessão.
Recentemente o jornal abordou a segurança da cidade em matérias
Em fevereiro e março deste ano, a Gazeta de Vargem Grande fez uma série de reportagens sobre a segurança em Vargem Grande do Sul, onde entrevistou o comandante Rodrigo Keniti Ifa, 2º sgto PM, responsável pelo pelotão de Vargem Grande do Sul, o delegado titular do município, Antônio Carlos Pereira Júnior, o diretor da Guarda Civil Municipal, Rogério Bocamino, e o comandante Marco Antônio da Silva.
A primeira matéria foi com o comandante da PM, onde ele disse que ao seu ver, Vargem em comparação com outras cidades do Estado, é bem mais tranquila, se forem levados em conta os índices criminais apresentados por outros municípios.
Quanto a defasagem no número de policiais, que também foi citada em uma matéria do jornal em março de 2021, o comandante Keniti afirmou que quanto ao efetivo, como acontece em todo o Estado de São Paulo, há uma defasagem de policiais no pelotão de Vargem e o prefeito Amarildo tem feito um trabalho, indo a São Paulo junto à Secretaria de Segurança Pública, visando aumentar o número de policiais no município. Com relação às viaturas, falou que elas são em número de quatro e condiz com o tamanho do pelotão.
Na ocasião, disse que para ele, a prioridade é realizar os atendimentos das demandas que vêm através do 190, quando a população precisa da PM e liga para este número. “Nós de imediato despachamos as viaturas para fazer os atendimentos, mas, certamente com mais policiais agilizaria nestas ocorrências, poderíamos fazer mais programas sociais, contra as vítimas de violência doméstica, mais fiscalizações, como as feitas junto aos sentenciados que cumprem penas em aberto e o patrulhamento ostensivo, em si”, explicou o comandante.
Sobre o entrosamento entre as polícias civil e a Guarda Municipal, visando o combate ao crime e à violência, destacou que existe um excelente relacionamento entre a polícia militar, civil e guarda municipal.
Polícia Civil
A segunda entrevista desta série de reportagens foi com o delegado Antônio Carlos. Ao ser perguntado sobre o atual número de efetivos da Delegacia de Vargem, disse que está aquém das necessidades do município, que é necessário mais escrivão e investigadores de polícia. Hoje trabalham na Delegacia três investigadores, dois agentes policiais e duas escrivãs, além do delegado. Na Delegacia da Mulher trabalha somente uma escrivã.
Com relação aos plantões de Polícia, onde as ocorrências que acontecem nos finais de semana, à noite e nos feriados, são atendidas em São João da Boa Vista, disse que são muitas as críticas que fazem, mas que é algo que acontece na maioria das cidades do interior de São Paulo, onde os plantões são centralizados nas Delegacias Seccionais.
Explicou que quando há uma ocorrência nestes períodos a Polícia Militar pode elaborar um Boletim de Ocorrência-BO a depender da gravidade ela apresenta no plantão junto à Seccional de São João da Boa Vista, como por exemplo em casos de prisão em flagrante. A vítima também pode registrar seu B.O. na delegacia eletrônica, no site www.delegaciaeletronica.policiacivil.sp.gov.br.
Há três décadas trabalhando com a segurança de Vargem Grande do Sul, o delegado Antônio Carlos disse na ocasião que acredita que o entrosamento existente entre a Polícia Civil, a Polícia Militar e a Guarda Municipal é o grande diferencial verificado no município e que contribui enormemente para o combate à criminalidade e à violência.
Guarda Civil Municipal
Na entrevista ao jornal, o diretor da GCM Rogério Bocamino e o comandante Marco Antônio da Silva falaram que, hoje, as funções da Guarda Civil Municipal que a princípio foi criada para cuidar do patrimônio municipal, ganhou várias outras funções, como o policiamento preventivo, o policiamento ambiental, atuação no trânsito municipal e o combate aos crimes contra a sociedade, como o tráfico, roubos, furtos e a violência em geral.
Para eles, a cidade não é violenta, mas que ostenta os mesmos problemas de outras cidades de igual porte da região. “Vargem não é a mesma cidade de 30 anos atrás, quando formou-se a Guarda Civil Municipal. Hoje percebemos um aumento do tráfico de entorpecentes, que acarreta mais furto e roubos”, argumentou Rogério.
Marco Antônio também falou do aumento da população nestes últimos 30 anos, que praticamente dobrou na cidade e consequentemente, o número de crimes. “Não achamos Vargem uma cidade violenta, porém existem problemas que hoje estão presentes na maioria das cidades brasileiras, sendo o consumo e o tráfico de drogas uma das principais causas da violência urbana”, disseram.
Também fizeram questão de falar sobre o bom entrosamento que existe na cidade entre a Guarda Municipal e a Polícia Militar e a Polícia Civil, outro exemplo para as cidades da região. Essa boa convivência entre as três forças policiais do município é importante para o combate à violência e também ajuda na solução dos crimes, comentaram.