O início da colheita da safra da batata na região de Vargem Grande do Sul está previsto para o começo do mês de julho e o calor pode ser o grande vilão na queda da produtividade este ano. Acredita-se numa quebra entre 20% a 25% na produção, segundo apurou a reportagem da Gazeta de Vargem Grande nos meios produtores. Os preços, no entanto, estão aquecidos, podendo compensar a perda da produtividade em alguns casos.
Nas gôndolas dos supermercados da cidade, os preços da batata estão salgados para os consumidores. O quilo da batata escovada e lavada varia em torno de R$ 9,00 a R$ 11,00 o quilo, dependendo da qualidade e da variedade, o que projeta um preço por saca de 25kg entre R$ 225,00 a R$ 275,00, bem acima do que hoje é pago aos produtores no campo, algo em torno de R$ 125,00 a R$ 145,00 a saca de batata de 25kg.
Sobre o início da colheita da batata 2024, o jornal entrevistou Pedro Marão presidente da Associação dos Bataticultores da Região de Vargem Grande do Sul (ABVGS), que comentou que este ano os produtores enfrentaram um clima muito adverso. “Com temperaturas altas para o desenvolvimento da cultura, também tivemos problemas com sementes, que sofreram muito na época que foram colhidas e na hora que foram destinadas para o plantio, apodrecerem”, afirmou. Marão disse que houve problemas com falhas nas lavouras, devido ao calor, fazendo com que as batatas apodrecessem no solo, mesmo antes do seu nascimento.
Outro fato levantado pelo presidente que poderá se tornar um problema muito grave na atual safra, é a falta de interesse de pessoas para realizarem o serviço de cata de batata. A safra gera centenas de empregos no município e também utiliza a mão de obra de catadores de batata de outros estados, principalmente vindos do Nordeste.
Com relação aos preços, o presidente da ABVGS falou que as expectativas são boas, devido aos problemas que os produtores enfrentaram durante a safra, e tem a necessidade de recuperar o investimento feito na cultura. “Os preços precisam ser altos para suprir as perdas de produtividade que os produtores terão”, comentou.
Segundo apurou o jornal em matéria publicada na semana passada pelo Centro de Pesquisas Econômicas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ), Cepea, os preços da batata tiveram quedas na última semana, informando que além do avanço da colheita da temporada das secas, o início da safra no Sudoeste Paulista reforçou o aumento da oferta e a pressão sobre as cotações.
A expectativa, ainda conforme pesquisadores do Cepea, segue de incremento na disponibilidade até os meses de agosto/setembro, quando a safra de inverno atingirá o pico de colheita. Na última semana, a batata tipo ágata especial foi cotada à média de R$ 179,25/sc de 25 kg no atacado de São Paulo, queda de 3,07% em relação ao período anterior; no Rio de Janeiro, o decréscimo foi de 12,37%, para R$ 164,44/sc, e, em Belo Horizonte (MG), de 4,7%, a R$ 173,23/sc.
O jornal apurou que neste início da safra, alguns produtores que anteciparam suas colheitas estariam recebendo entre R$ 125,00 a R$ 145,00 a saca de batata de 25kg. Já nas lavadoras de batata, o saco da batata lavada estaria custando R$ 140,00 e R$ 160,00 a escovada.
Na entrevista concedida por Pedro Marão, ele informou que o início do plantio da safra de batata deste ano foi no meio de março e que houve um leve aumento na área plantada em relação ao ano passado. “Ano passado foram plantados 11.577 hectares e este ano 11.877 hectares. Sendo 8.075 hectares para batatas de consumo e 3.802 hectares para a indústria”, explicou.
Ao ser indagado quantas sacas deverão ser colhidas, afirmou que dificilmente conseguirá mensurar essa quantidade na atual situação que os produtores estão enfrentando devido ao calor e quebra da safra.
Com relação aos custos de produção, disse que estão um pouco abaixo em relação ao ano passado, devido à queda no preço dos fertilizantes e que as variedades mais plantadas são a orchestra e ágata para o mercado de batata fresca, e markies, asterix e atlantic para as indústrias.
Com cerca de 140 associados, a ABVGS é uma instituição forte que congrega produtores de várias cidades da região e de Minas também. Segundo o presidente Pedro Marão, os associados, com o passar dos anos, se estruturaram financeiramente. A maioria tem a situação controlada, com os custos bem apurados.
Comentou que se no ano passado os produtores tiveram muitos problemas de calor no final da safra, com problemas em produção muito significativos, e preço muito abaixo dos custos, na atual safra se os preços forem mais altos, e suprir o déficit das produções, eles poderão ter um retorno com relação ao capital investido na cultura.