Seca começa a afetar a Represa Eduíno Sbardellini

Celso Bruno informou que o período mais drástico deve acontecer no final deste mês de agosto e início de setembro

Quem visita a Represa Eduíno Sbardellini já pode notar que o “bico de pato não está mais sangrando”. Trata-se do vertedouro de água da represa que quando está cheia, as águas passam por cima das paredes do mesmo e são canalizadas para o Rio Verde. Com a seca neste período do ano, a represa começa a baixar e a água deixa de escorrer para o rio em grande quantidade, ficando armazenada para atender o consumo da população urbana.
Em entrevista ao superintendente Celso Bruno do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAE) de Vargem Grande do Sul, este afirmou que neste final de julho e início de agosto de 2024, a represa já dá sinais de que está baixando o nível de água devido ao período de seca que estamos vivendo.
Celso disse que quando a água deixa de cair no bico de pato, acende o sinal de atenção no setor. “O nível da água da represa passa a ser monitorado quatro vezes ao dia, afim de entendermos quais os horários em que o fluxo da água que desce do Rio Verde é menor. Essa monitorização está sendo feita junto com o Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), uma vez que existem outras pessoas que utilizam a água do Rio Verde para fins de irrigação”, explicou o superintendente.
Todo esse trabalho é para evitar a falta de água para o consumo dos vargengrandenses que é prioritário, uma vez que o Rio Verde é o principal fornecedor de água para o município, cujas águas ficam armazenadas na represa desde sua construção, sendo utilizadas para esta finalidade. Hoje, tanto o município como os produtores rurais, precisam ter a outorga fornecida pelo DAEE para o uso racional da água do Rio Verde.

Aumentando a capacidade de armazenamento
Explicou o superintendente que várias medidas foram tomadas para aumentar a capacidade de armazenamento de água da represa. “Foi feito todo um trabalho de desassoreamento pelo prefeito Amarildo Duzi Moraes (MDB) no final de 2022 para aumentar esta capacidade, visando justamente este período de seca”, falou Celso Bruno.
Também citou que hoje o SAE já está utilizando um pouco da água armazenada no lago que está sendo construído acima da represa.

Economia de água
“Outro fator importantíssimo além do aumento da capacidade de armazenamento da represa, é a diminuição da perda de água que o SAE obteve nas redes públicas, em especial na Vila Santana onde trocamos todos os encanamentos antigos por novos”, disse Celso Bruno.
Segundo o superintendente, da provável perda de 50% de água tratada que acontecia nos antigos encanamentos, hoje a média está em 36% de perda neste bairro. Essa e outras medidas tomadas pelo SAE para economizar água, teriam feito com que os mais de 20 milhões de litros de água que eram retiradas todos os dias da represa, caíssem para os atuais 13 milhões de litros, gerando uma economia de 7 milhões de litros dia de água, que acabam ficando reservadas na represa.

Sinal de alerta
O período mais drástico deve acontecer no final deste mês de agosto, início de setembro, quando baixa significativamente o nível de água da represa. É quando a partir de determinada medida abaixo do nível do bico de pato, a depender da situação pode ser 50 cm, acende o sinal de alerta e começa o SAE a dar os primeiros passos do plano de contingência de escassez hídrica no município, podendo o prefeito adotar o estado de alerta, levando o SAE a tomar várias medidas para diminuir o desperdício de água pela população.
“Estamos preocupados, mas acreditamos que vamos conseguir passar este período de seca sem ter que lançar mão de atitudes mais drásticas. Se não chover e continuar baixando a água da represa, podemos ainda lançar mão do uso da água do açude existente abaixo da represa, no outro lago que a prefeitura está construindo nas terras do Zecão”, enfatizou Celso Bruno.
Explicou que se chegar a uma situação mais drástica, o que ele espera que não aconteça, o DAEE é acionado e haverá forte fiscalização contra o desperdício. “Caso haja uma seca severa e a represa continuar baixando seu nível, ainda poderemos utilizar a água acumulada em lagos existentes acima do asfalto, são açudes particulares situados naquela região”, enfatizou o superintendente mostrando que em casos extremos, o SAE poderá utilizar de vários recursos, até que os dois lagos que estão sendo construídos pela prefeitura fiquem prontos.

População tem de ter consciência
Celso Bruno pede acima de tudo que desde já as pessoas tenham consciência e passem a economizar a água, para que a cidade não sofra consequências mais severas, que seria o caso de racionamento. Alerta que em vários municípios da região que não tem a mesma capacidade que Vargem tem de poder reservar água, estão sofrendo muito e algumas já fazendo racionamento. Ele acredita que se todos cooperarem e a situação for bem conduzida, o período de seca será superado sem muitos transtornos para a população.

Volume de chuvas está baixíssimo
A reportagem da Gazeta de Vargem Grande também entrevistou o agrônomo da secretaria da Agricultura Ciro Manzoni da Casa da Agricultura local e o mesmo afirmou que a falta de chuvas e as altas temperaturas que estão ocorrendo neste inverno, fora do padrão da época, está afetando demais a agricultura. “As chuvas desde março deste ano diminuíram muito, as temperaturas subiram em até 5º acima da média durante alguns dias, chegando a 38º/39º, o que é muito para nossa região”, explicou.
Para ele, esses dois fatores geram um impacto grande nas lavouras, fazendo com que os agricultores utilizem mais água nas irrigações, o que afeta a diminuição de água nos rios e reservatórios, como os açudes. Disse que o café está com maturação precoce dos frutos, que a batata foi atingida com o forte calor, diminuindo a produção e o gado de leite sofre com as temperaturas altas.
“Há previsão que no final de agosto pode diminuir um pouco a temperatura e haver alguma pancada de chuva. Mas, a tendência é de calor e seca neste mês de agosto, com temperatura de verão”, afirmou.

Gaema está atento
A questão da água em Vargem e demais cidades da região é preocupante e o Grupo de Atuação Especial do Meio Ambiente-Gaema, órgão do Ministério Público do Estado de São Paulo, já instaurou inquérito em várias cidades para averiguar as condições ambientais das propriedades que fazem parte da Bacia do Rio Pardo, como é o caso de Vargem Grande do Sul e municípios vizinhos.
Em Vargem, entraram no radar do Gaema, que é um órgão do Ministério Público do Estado de São Paulo que atua na prevenção e repressão de atos e atividades de degradação ambiental, propriedades que são banhadas pelo Rio Verde e seu principal afluente, o Ribeirão Preto da Forquilha, que fica na região do Barro Preto.
Explicou o agrônomo que à Cati, que é a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral à qual está ligado, compete analisar a situação ambiental das propriedades rurais no tocante às áreas de preservação permanente, as APPs como são conhecidas as áreas de nascentes e matas ciliares da bacia do Rio Verde.
“O Gaema está atento e monitorando as APPs do município, cujos proprietários terão um prazo para recuperar as nascentes e matas ciliares, de acordo com o tamanho da propriedade”, falou o agrônomo.
Ciro explicou da importância do Rio Verde, que nasce dentro do limite do município de Vargem Grande do Sul e além de fornecer água para projetos de irrigação e para consumo de animais, é o principal fornecedor de água para todos os moradores do nosso município. “Com matas ciliares e nascentes preservadas, você melhora a quantidade de água no Rio Verde e seus afluentes, não precisando fazer racionamento, o que é bom para todos, especialmente para os agricultores que cada vez mais precisam da água do rio e dos açudes para sua produção”, afirmou.

Fotos: Reportagem

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