Moradores de Vargem Grande do Sul e de todo Estado de São Paulo se assustaram com as chamas que destruíram plantações, avançou em estradas e cobriu municípios, inclusive a Capital, com fumaça e fuligem.
As chamas começaram na quinta-feira, dia 22, em cidades como Batatais, Ribeirão Preto, Franca, Sertãozinho e foram registrados em mais de 40 cidades destruindo 20 mil hectares em poucos dias. Logo, as autoridades partiram na busca dos responsáveis, afinal, muitos focos ao mesmo tempo levantaram a suspeita de ação humana. Pessoas foram presas e as investigações prosseguem.
Mas o que os paulistas experimentaram durante três dias de chamas incessantes no Estado é o que brasileiros das regiões Norte e Centro Oeste sofrem durante semanas, até meses, todos os anos. A fumaça que cobriu São Paulo, cobre grandes municípios da Amazônia e do Pantanal. A diferença é que a distância entre o que se passa em pontos tão distantes do país, parece não causar a mesma comoção do que quando algo semelhante ocorre em estados como São Paulo e Rio de Janeiro.
Bastou três dias de fogo no Sudeste para que a sensação urgente, daquelas que fazem lembrar o fim do mundo, tomasse conta das pessoas. Uma indignação que deveria ocorrer cada vez que notícias de grande destruição de mata nativa aparecesse na mídia.
É preciso tomar esse sentimento e transformá-lo em ação duradoura. Não apenas a indignação, mas a necessidade de se tomar medidas o quanto antes para conter a devastação que causa as mudanças climáticas cada vez mais presente. Ou há ainda quem pense que as ondas de calor intenso e frio congelante que estão se alternando com frequência cada vez maior é algo momentâneo?
A sociedade não pode mais se dar ao luxo de deixar as coisas caírem no esquecimento. As consequências estão chegando. Há quatro anos, os municípios de Vargem, São João da Boa Vista e Águas da Prata foram atingidos por um incêndio de proporções tão grandes que foi necessário mobilizar forças de todo o Estado para contê-lo. E de lá até os dias de hoje, o que mudou? O que cada morador tem feito para que isso não volte a acontecer? O que os políticos que receberam os votos dos eleitores fizeram em políticas públicas para enfrentar esse problema?
Fogo e fumaça serão cada vez mais comuns. Já são a triste rotina de brasileiros do Norte e Centro-Oeste. Todos os brasileiros deveriam estar indignados com isso e não conformados. A humanidade ainda não passou o ponto de não retorno, mas a sensação é a de que falta pouco. Por isso, é preciso agir e cobrar dos candidatos sua pauta ambiental. Não é mais algo para um futuro distante, é para sanar uma emergência. Um desastre provocado por cada um dos moradores desse planeta.