Uma ação da polícia civil de Vargem Grande do Sul, sob o comando do delegado Antônio Carlos Pereira Junior, prendeu na noite de terça-feira, dia 22 de outubro, um casal de técnicos em enfermagem que trabalhava no Hospital de Caridade de Vargem Grande do Sul, sob a acusação de furto qualificado de medicamentos que eram prescritos aos doentes e não eram aplicados, sendo subtraídos pelo casal.
Devido a muitos questionamentos enviados à Gazeta de Vargem Grande, o jornal apurou que se trata do casal Rafael Pizani Molina e Fernanda Nunnes, ambos moradores de São Sebastião da Grama e técnicos em enfermagem trabalhando há vários anos no Hospital de Caridade de Vargem Grande do Sul.
Segundo apurou a reportagem da Gazeta de Vargem Grande, na semana passada a diretoria do Hospital de Caridade procurou o delegado Antônio Carlos, notificando que um casal de técnicos em enfermagem que trabalha há vários anos no hospital, estaria desviando e subtraindo medicamentos, alguns de uso controlado, no caso, psicotrópicos.
Esses medicamentos eram prescritos pelos médicos para pacientes com fortes dores, como dores renais, estomacais, fraturas e até mesmo câncer e não estariam sendo aplicados nos doentes. Conforme a diretoria, suspeitava-se que os infratores iam até a farmácia do hospital, retiravam os medicamentos e não os aplicavam, levando para casa após o trabalho.
A partir desta desconfiança, a direção passou a exigir que os frascos contendo os medicamentos fossem devolvidos para o devido descarte, mas para burlar as regras, eles aspiravam os medicamentos nas seringas e as levavam embora, sem que os pacientes com dores, recebessem o remédio, devolvendo os frascos vazios.
As suspeitas prosseguiram porque muitos pacientes continuavam a reclamar de fortes dores, mesmo após os médicos terem receitados várias doses de medicamentos para diminuir o sofrimento dos doentes. Outros profissionais de saúde também passaram a desconfiar e a direção do Hospital montou toda uma estratégia para saber de fato o que estava ocorrendo e depois de algumas conclusões, levou o caso ao conhecimento da polícia.
Quando as notícias suspeitas chegaram à delegacia de polícia de Vargem, o casal foi identificado, ele trabalhando há cerca de 10 anos e ela há uns 6 anos no Hospital, sabendo que moravam em São Sebastião da Grama e o veículo que usavam para chegar ao trabalho e também o turno em que trabalhavam, o delegado solicitou autorização judicial para que fossem feitas as buscas na residência do casal, no veículo e nos suspeitos.
O mandado foi deferido pela Justiça e na terça-feira, por volta das 18h, o delegado Antônio Carlos e mais os investigadores Roberta, Diego e Maycon ficaram de prontidão no portão do estacionamento da entidade e assim que o casal saiu, foi abordado, sendo notificado da autorização judicial para as buscas e dentro do veículo foi encontrado uma bolsa com vários medicamentos e produtos hospitalares, certamente subtraídos naquele dia do Hospital de Caridade.
Na bolsa continha agulhas, seringas, equipos, ampolas de dramin, fernegan, dipirona, buscopan, morfina, profenid, vários comprimidos, três seringas com medicamentos dentro, sendo duas sem identificação e uma contendo morfina.
Na hora, segundo o delegado, os suspeitos já confessaram que os medicamentos pertenciam ao Hospital de Caridade e em seguida a equipe policial foi para a residência do casal em São Sebastião da Grama, onde foram apreendidos na guarda-roupa no quarto, grande quantidade de medicamentos e produtos hospitalares.
Dentre eles, dramin, epifrina, furosemida, diclofenato, amoxilina, penicilina, omeprazol, amenofilina, tramal, lidocaína, cefalotina, dexamepranona, hidrocortisona, bromoprida, dipirona, dezenas de seringas e agulhas, bolsas com soro e glicose, soro fisiológico, gases, ataduras, equipamentos de sonda, coleta de urina infantil, bomba de asma, luvas cirúrgicas, tubos, dentre outros produtos. Confessaram à polícia que todos os medicamentos foram obtidos da mesma forma.
O enfermeiro, que a polícia não informou o nome, trabalha também há cerca de 10 anos no Hospital de São José do Rio Pardo, em dias alternados ao de Vargem. Também sua esposa trabalhou durante alguns anos naquele hospital, sendo dispensada após, segundo apurar a polícia, ter cometido os mesmos atos de subtração de medicamentos, passando então a trabalhar no hospital de Vargem.
Ambos foram autuados em flagrante por furto qualificado, que é por abuso de confiança e concurso de duas ou mais pessoas e foram recolhidos na cadeia pública de São João da Boa Vista. De acordo com o informado pelo portal de notícias G1, na tarde de quarta-feira, dia 23, o casal passou por audiência de custódia e vai responder em liberdade pelo crime de furto qualificado. Os nomes deles não foram divulgados e o g1 não conseguiu contato com as defesas.
Segundo o delegado, as investigações continuam, uma vez que parte dos medicamentos foram identificados como sendo do Hospital de Caridade de Vargem e o restante precisa ser apurado a origem. Com base nos procedimentos médicos, especificamente no dia da prisão de ambos, a polícia vai ver quais pacientes poderiam ter sido prejudicados pela ação dos enfermeiros, por não terem recebido a devida medicação prescrita pelos médicos.
A investigação também vai focar na hipótese de haver mais pessoas envolvidas, como receptadores que poderiam estar comprando os medicamentos subtraídos pela dupla e possíveis falhas no controle e aplicação dos medicamentos nos doentes.
Fotos: Policia Civil