O sistema de estacionamento rotativo nas ruas do Centro em Vargem Grande do Sul, também conhecido como Zona Azul, frequentemente é muito discutido pelos moradores e empresários. Parte da população defende a volta da cobrança pelo estacionamento nas vagas, alegando muita dificuldade para estacionar no Centro, parte prefere que a situação permaneça como está, sem cobrança.
Em Vargem Grande do Sul, o estacionamento rotativo deixou de existir em abril de 2018, quando a prefeitura rescindiu o contrato com a empresa Central Serviços Ltda EPP, implantada na gestão do ex-prefeito Celso Itaroti. De tantos problemas que a empresa apresentou, a Câmara Municipal na época instalou uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) justamente para fiscalizar a atividade da mesma no município.
Um dos vereadores mais atuantes na época e que cobrava a regularização dos serviços prestados pela empresa, foi Alex Mineli. A CEI foi presidida por Paulinho da Prefeitura (PSB), com Gabé (PTB) como relator e Fernando Corretor (PRB) como membro e apontou cinco irregularidades com densa fundamentação, como a ausência de parquímetros, atraso no repasse dos valores aos cofres públicos, ilegalidade na aplicação das multas, ilegalidade no decreto que aumentou a tarifa e no aumento do número de vagas.
A volta da Zona Azul levou alguns empresários a procurar a Gazeta de Vargem Grande nos últimos dias, além de moradores da cidade, que se queixaram da dificuldade em estacionar nas ruas principais da cidade, principalmente durante o horário comercial.
Uma das queixas mais pontuais foi com relação aos trabalhadores do comércio que, sem a cobrança do estacionamento e sem a rotatividade, uma vez que cada veículo só podia ficar estacionado por no máximo duas horas, os trabalhadores e proprietários de empresas estacionam nas vagas logo cedo e só retiram os carros no fim do dia. Assim, segundo o explicado, os clientes e pessoas que precisam ir às lojas, bancos e farmácias, por exemplo, não encontram vagas e precisam estacionar a uma distância considerável ou, até mesmo, desistir da tarefa que iria executar.
A reportagem do jornal iniciou na terça-feira, dia 22, um debate entre os leitores da Gazeta para os internautas opinarem se são favoráveis ou contra a volta do estacionamento rotativo na cidade. Em poucos minutos, a publicação já registrou dezenas de comentários e 24 horas depois de ser postada, já somava mais de 300 comentários e um alcance de mais de 18 mil pessoas.
Até o fechamento desta edição, a postagem somava mais de 500 comentários e mais de 250 curtidas. Nos comentários, os leitores do jornal estavam bem divididos entre a retomada ou não do estacionamento rotativo, com bem pouco mais pessoas mostrando-se favoráveis à implantação da Zona Azul.
Além de informar se são favoráveis ou contrários a volta do pagamento para estacionar os carros, os internautas deram sugestões de como o estacionamento rotativo poderia ser, afim de que não sejam aplicadas regras e taxas tão abusivas.
Algumas pessoas ainda falaram que são favoráveis, mas desde que o lucro fosse doado para alguma entidade como o Hospital de Caridade, por exemplo.
Para outras pessoas, o serviço deveria voltar, mas a empresa deveria ter responsabilidade em não fazer a cobrança das vagas em tantas ruas, apenas nas ruas principais, onde é difícil de estacionar.
Maioria dos empresários é favorável à Zona Azul
A Gazeta de Vargem Grande contatou alguns empresários para saber sua opinião a respeito do retorno do estacionamento rotativo na cidade. Leandro Tavares Gonçalves, proprietário da Óticas Fábrica de Óculos, que tem uma das unidades localizada na Rua do Comércio, disse ser favorável ao sistema. “É realmente um problema, ninguém consegue parar o carro. E isso não é só no Centro não, na Rua Quinzinho Otávio, no quarteirão da minha ótica, é um caos”, disse.
Para Leandro, a Zona Azul precisa voltar urgentemente. “Eu sou super a favor. Todas as cidades que eu conheço tem. E como nós estamos numa fase muito movimentada no Centro, acho que todo mundo iria agradecer de ter a Zona Azul”, comentou.
O empresário comentou que um dos problemas é as vagas serem utilizadas pelos próprios colaboradores. “Os nossos próprios funcionários ocupam toda a rua. Se tivesse Zona Azul eu tenho certeza que eles não parariam os seus carros ali. Então, ao meu ver, o próprio comércio trava as vagas. Acredito eu que, se tivesse Zona Azul, não só o comércio local, como os próprios clientes que giram ali, vão deixar o carro parado por muito menos tempo. É muito benéfico isso aí, tem que ter sim”, completou.
O jornal também contatou Edda Mara, proprietária da Ideal Color junto com seu marido Paulo de Faria. Com a empresa localizada na Rua do Comércio, Edda disse ser favorável à implantação da Zona Azul. “Param muitos carros desnecessários na Rua do Comércio e não existe espaço para os clientes”, explicou.
Outro empresário entrevistado pela Gazeta de Vargem Grande foi Nilson Adão, da Papelaria Menil. Ele também contou ser a favor do sistema de estacionamento rotativo. “Porém, o sistema a ser implantado deve ser bem estudado para atender satisfatoriamente todos os envolvidos com foco na população que vem ao Centro de carro para ir a bancos, pagar contas, fazer compras nos comércios, entre outras atividades”, comentou.
Natalina de Fátima Bovo, gerente da Evolução, outra loja localizada na Rua do Comércio, informou que é contra a volta da Zona Azul. “Quando existia Zona Azul na cidade, ainda assim era difícil achar vaga e, quando achava, era difícil encontrar os cobradores”, disse.
A Zona Azul
A Zona Azul é o sistema de estacionamento rotativo adotado nas ruas e avenidas do Brasil. As vagas são sinalizadas e demarcadas pelo órgão de trânsito de cada cidade e o estacionamento tem regras específicas dependendo da região, dia e horário.
A necessidade do estacionamento rotativo surge devido à alta demanda por vagas nas ruas e avenidas, principalmente dos bairros centrais, onde são muitos os carros procurando onde estacionar e poucas vagas disponíveis.
Na prática, o sistema promove a rotatividade nas vagas, sendo realizado um revezamento de carros nos espaços disponíveis, que pagam um valor para ficar determinado tempo estacionado. Em cidades da região, como São João da Boa Vista, São José do Rio Pardo, Poços de Caldas e Porto Ferreira, a cobrança é realizada por empresas vencedoras das licitações.